Capítulo 07: Kyría Alexis

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O feudo de Kyría Alexis era maior do que a vila de Sofia, não que fosse uma grande comparação. Ele era cercado por muros imensos de madeira bruta, cujas pontas haviam sido cerradas em cone, para que as vigias pudessem observar quem vinha sem ficarem desabrigadas de eventuais inimigos.

Por dentro, era tudo feito de madeira e de pedra, como a casa grande de Alexis. Havia pequenas casas, onde algumas poucas mulheres viviam, criando seus homens escravos. Alguns ficavam em coleiras, como cães. Sofia sentiu pena deles, afinal, eram seres humanos. Havia uma praça central, por onde passaram, em que três homens nus estavam acorrentados pelos braços, pernas e pescoços. Eles estavam muito magros, deviam estar desnutridos e desidratados.

Eles seguiram sem parar para a casa grande, onde foram recebidos por alguns serviçais seminus. Sofia já estava ficando enjoada de ver tanto homem daquela forma. Kyría Alexis recebeu a filha com um sorriso largo; Herádia abraçou a mãe com intensidade. Uma tinha orgulho pela outra. Sofia conhecia o sentimento, pois ela mesma tinha orgulho da mãe.

– Mãe, quero lhe apresentar Kyría Sofia, uma serva da Rainha Ismênia. – Alexis cumprimentou Sofia com um aperto de mão firme, como os homens da Grécia costumam fazer. – Aqueles dois são seus escravos. – Ela apontou para Hádrian e Dante. – Um deles está ferido, e por ser o favorito de Kyría Sofia, ela pediu para que ele fosse instalado junto a ela, no quarto de hóspedes.

– Mas é claro! Tudo por uma serva da Rainha Ismênia. Números 105 e 79! – Ela gritou de repente com uma voz assustadoramente grave. – O 105 pode levar os cavalos para o estábulo, tirar as selas e dar-lhes de comer; 79 leve as coisas para o quarto de hóspedes junto com os escravos dela. Depois, mostre a estalagem de vocês ao escravo que não está ferido.

– Kyría Alexis, será que não pode deixar ambos comigo? – Sofia interveio. – Já que um não está bem, quero o outro para me divertir à noite. – Sofia achou-se muito boa em criar mentiras espontâneas, como se tivesse feito isso à vida toda.

– Sim, mas é claro. Não há problema nisso. Contudo, nenhum deles poderá sentar-se conosco a mesa durante o jantar ou participar de nossas conversas.

– Claro que não. Posso ser uma dona boa para eles, mas não tanto assim. – Usou um tom sarcástico, para disfarçar.

– Enquanto eles levam seus pertences, venha comigo. – Alexis sinalizou para que Sofia a seguisse, indo em direção ao casarão.

Assim que entraram, Sofia deu de cara com uma escada larga, que tomava de uma parede a outra; em cada uma das laterais havia uma porta. A direita era de madeira muito bem esculpida com diversos símbolos amazônicos e algumas representações de batalhas; a menina reconheceu apenas uma: a Guerra Separatista, que separou o País das Amazonas do resto da Grécia. A da esquerda era apenas um portal, que levava a uma sala comprida, ornada com um tapete vermelho com detalhes dourados, uma mesa, em que provavelmente as amazonas do feudo se reuniam, e alguns quadros em molduras de ouro nas paredes; na outra ponta desta sala havia uma estátua de gesso da deusa Ártemis.

Foi para esta sala que Alexis levou Sofia, onde as duas sentaram-se sozinhas. Herádia tinha alguns afazeres pendentes no feudo. A Senhora Feudal fez um pequeno interrogatório, que Sofia respondeu da mesma forma que tinha respondido à Herádia algumas horas atrás, procurando não revelar detalhes da sua missão de espionagem.

– Hoje à noite, vamos ter um jantar diferente. – Alexis acrescentou, depois de estar satisfeita do interrogatório. – Aqueles três escravos presos na praça central tentaram fugir na semana anterior, havia um quarto, mas ele escapou, portanto eles são punidos com a morte, mas, ao invés de executá-los, nós fazemos com que eles lutem até a morte, sobrando apenas um, esse um ganha meu perdão e retoma seu lugar aqui no feudo. Creio que irá gostar do espetáculo.

Khali: o Reino do Olimpo | DegustaçãoWhere stories live. Discover now