Declarar

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de.cla.rar

Dar a conhecer; expor. Proclamar publicamente. Anunciar. Revelar. Julgar, considerar. Nomear. Dar a conhecer as intenções; manifestar-se. Reconhecer-se.

- Depois marcamos de sair.

Foi tudo o que ele disse antes de me deixar sozinha e ofegante no elevador.

O cara beija bem, muito bem.

E a pegada, meu Deus, que pega...

Me assusto com uma batida na porta.

Atendo com um sobressalto e me descabelando no caminho, ou talvez eu já estivesse antes...

- Oi linda.

- Oi - o abraço apertado - Pensei que tivesse se esquecido de mim.

- Claro que não! - Felipe me responde horrorizado e depois sorri - Não me esqueço de você nunca. Eu só tive que resolver algumas coisas. - ele passa mão nos cabelos.

- Problemas?

- Julieta. - responde com um sorriso sem graça. Julieta era o xodózinho de Felipe, com os mesmos olhos azuis a cabelos castanhos, eram primos, mas pareciam irmãos, os dois tinham uma cumplicidade de dar inveja.

- O que aconteceu? - Coloco a mão em seu ombro e ele me olha com tristeza.

- Aah, sabe com ela é, sempre se envolvendo com o primeiro que aparece.

- Então é de família. - Alfineto com um sorrisinho.

- Eu acho que não. - Ele dá um sorri sem mostrar os dentes.

- E como ela está?

- Mal, muito mal. Ela realmente gostava daquele babaca - ele balança a cabeça - Mas eu vim falar de outra coisa.

- O que?

- Hmm, espera um pouquinho - falou, erguendo o dedo riste e sorrindo.

Ele sai em direção a porta e assobia, em seguida Berenice aparece toda suja de lama e some pelo apartamento, nem dando atenção pra dona.

- Aah Felipe - sinto uma lágrima escorrer - onde você a achou?

- Na barraquinha do seu Zé, ele tava empanturrando ela de cachorro quente.

Sorrio. Ainda não vou sei como não procurei lá, vou ter que comprar um presente de natal pro Seu Zé por ter cuidado tão bem da Berê.

- Você é demais Lipe - Dou um beijo em sua bochecha e me afasto - Mas você queria dizer algo. - apontei para o sofá - Fica à vontade.

- Eu tenho te falar algo muito importante e eu não sei como começar... - ele fica nervoso e a voz enfraquece.

- Lipe, você tá me deixando nervosa, fala logo.

Felipe aperta a ponte do nariz e fecha os olhos, depois ele pega na minha mão, e tremo com o toque, sua mão está fria e suada. A outra mão vai para o meu rosto e ele alisa minha bochecha.

- Não me diga que você engravidou alguém! - grito.

Ele arregala os olhos e balança a cabeça freneticamente.

- Não, não, tá doida? Claro que não.

- Que bom! - suspiro aliviada - Então diga.

- Lembra quando a gente se conheceu? - Ele pergunta ansioso.

- Claro que eu lembro. - Sorrio nostálgica.

- Você era toda pequenininha e estava vermelha de vergonha por quase ter caído no pátio da escola. - Ele ri e o aperto de sua mão fica mais forte - Eu sempre te vi de longe e ficava encantado com seus olhos dourados, eu nunca vi uma garota tão linda. Eu acabei me apaixonando por você. Você era tão espontânea, era... - ele aperta os lábios - Mas eu fui te conhecendo e percebi que você tinha uma mágoa no seu coração, eu esperei e esperei... E eu tô esperando até hoje que você se recupere do que você tenha passado. Eu sempre estive ao seu lado e iria continuar assim por quanto tempo precisasse, mas Ana, eu não consigo mais esconder, eu sou completamente apaixonado por você, eu sonho todos os dias com você, eu quero te abraçar, te beijar, sem parecer errado ou sem esse peso que eu sinto no peito toda vez que eu te vejo, mas não posso te olhar com o carinho que não seja o de um amigo. Por todos esses anos eu fiquei perto de você, fui seu amigo, fui o seu ombro pra chorar, o seu palhaço pra te fazer rir, mas eu não quero ser mais apenas seu amigo. Eu te amo Ana.

Olho pra ele boquiaberta e sinto uma pressão nos olhos, provavelmente são as lágrimas que estou prendendo involuntariamente, eu queria muito dizer alguma coisa, mas as palavras não saem. Eu não sei o que pensar ou que sentir. Me sinto anestesiada.

- Por favor, me diz alguma coisa. - Seu rosto pálido não esconde o quanto ele está nervoso. Ele precisa de uma resposta.

Uma resposta que eu não posso dar agora.

- Felipe a gente pode conversar depois, eu preciso de um tempo pra pensar.

- Pensa com carinho. - murmura triste.

Ele sai de cabeça baixa e bate a porta.

- Alô. - A voz mecânica e vazia não parece ser a minha. Eu estava deitada em posição fetal, ainda pensando em Felipe. Cada palavra ecoando na minha mente. Eu repetia e repetia as cenas tentando encontrar alguma falha ou ação que pudesse delatar algum tipo de piadinha, mas não encontrei nada além de olhos sinceros e... Uma tristeza. E aquela tristeza no olhar de Felipe era o que esmagava meu coração a cada vez que eu relembrava as palavras, os gestos, ele saindo pela porta. E o que eu disse? Nada! Mandei-o embora sem ao menos...

- Alô-ou, tem alguém aí? Aposto que desmaiou de alegria só por ouvir minha voz novamente.

- Ah, oi Mônica, tudo bem com você?

- Eu estou ótima, vou ficar melhor ainda se você não se esquecer de me buscar amanhã cedo no aeroporto.

- Ham? Aeroporto? Você já está voltando?

- Dã, claro bobinha! Esqueceu que dia é amanhã?

- Hmm... Domingo?

- Não brinca!

- O quê?

- Você esqueceu?! Não acredito!

- Esqueci o que?

- O aniversário do Lipe!



Olá princesas e princesos ♛

E o capitulo de hoje hein?

 O que ta acontecendo com Ana? 

Quem vocês shippam?

Comenta ai..

 

...Dá um votinho aqui também. rsrs

Ela não quer amar [Hiatus]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora