Crua realidade

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Maddisson Toms
Dia 2 de Novembro de 2013
Querida mãe,
Hoje ofereceste me este diário para que comece a expressar tudo aquilo que sinto, talvez para não me encontrares tantas vezes com a almofada molhada ou a soluçar a meio da noite !
Decidi dedicar-to porque sei que infelizmente a doença que tens não te permitirá ouvir me a chorar durante muito mais tempo!

Dia 11 de novembro

Querida mãe,
Hoje recebemos uma chamada do hospital por volta das 2 da tarde a pedir que nos apresentássemos aí o mais rápido possível sem o Nail que apenas tinha 8 anos e não poderia estar presente no que nos queriam comunicar, o pai apenas me disse para arrumar os livros e vestir-me pois tínhamos de ir ao hospital, achei que seria para te ver por isso arrumei os livros muito rapidamente ao canto da secretaria, abri o roupeiro e tirei as minhas calças brancas que me ofereceste nos anos e a blusa preta com o folho em cima, pus o meu fio e fui maquilhar-me como gostavas de me ver, base e apenas um pouco de rímel, tirei os óculos e pus as lentes. Chamei o Nail à sala enquanto o pai arrumava a cozinha a correr, disse-lhe para me dar o desenho que tinha pintado de manhã porque eu iria ver-te e ele desta vez não poderia ir, cabisbaixo deu me a folha onde tinha um desenho muito bonito.
Saímos de casa os três e o pai deixou-o na tia Ane com o primo Zayne para ele distrair!
Ia eufórica e mandei uma sms á Kim a contar as novidades. O pai pelo contrário não estava nada bem disposto, tinha os olhos vermelhos e pareceu me que estivesse estado a chorar mas mantive-me calada.
Ao entrarmos no hospital tínhamos o médico a nossa espera com uma cara triste. Disse nos que tinhas partido para outro mundo a umas 3 horas e que tentaram de tudo para te trazer de volta mas todas as tentativas tinham sido inválidas!
Gritei no meu do hospital um grande "não" saltou da minha boca e de seguida milhares de lágrimas estragaram o meu rímel e molharam a camisola que tanto gostavas, rapidamente duas enfermeiras me ajudaram e me deram um copo de água com açúcar que pouco serviu ! Não sei o que o pai e doutor falaram depois disso apenas sei que no caminho para casa ele ligou a tia a pedir para o Nail ficar lá em casa!
Quando chegamos a casa demos um grande abraço e choramos agarrados, o pai saiu de casa e só voltou a pouco ainda com as lágrimas nos olhos mas desta vez com Nail ao colo a chorar também, deixou-o no meu quarto onde conversamos e choramos os dois e onde o pobre miúdo acabou por adormecer sem nada do estômago!
Não sei como é que sobreviverei a tamanha dor, a tamanha desilusão !

São 22 e 30 e estão todos cá em casa, a avó, o avô, os tios e até a tua amiga Liv que veio ter connosco e nos abraçou com muita força !
Ouço vozes ao longe mas estou tão fraca que não me consigo levantar para ouvir a conversa, ouço soluços e sinto um ambiente pesado e sinto que falta algo dentro de mim....

Dear mum...Where stories live. Discover now