Capítulo 01

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Dez anos atrás, 2005


Eu estou pensando em como eu irei me levantar dessa cama, me viro de um lado para outro, torcendo para que nunca mais o despertador funcione, assim não dá! Só de imaginar que terei que ir para a escola, já me bate uma tristeza. Sabe o que é ter que encontrar com a pessoa que você é absurdamente apaixonada todos os dias?

Parei até de contar quando tempo eu o amo e não sei o que fazer para esquecer ele, pobre do meu coração, ele não tinha nada que se apaixonar por aquele lindo, fofo, alegre, esperto... Ok, vou parar! São diversas coisas que eu poderei citar a cada adjetivo do meu amor impossível, Noah Albuquerque. Ele é a cima da média, o cara mais lindo que eu já vi na vida (coisas de quem é apaixonado!). Mas Noah é hétero, ninguém nasce 100% maravilhoso, né?

Levanto da minha cama e vejo que são exatamente 6:10, vou ao banheiro fazer minhas necessidades higiênicas, nisso paro na frente do espelho e fico me olhando. Me sinto tão normal, cabelos castanhos, olhos verdes, nariz e boca comuns, não me acho uma pessoa atraente, meu corpo não é nada demais e não sou de fazer exercício. Nunca me achei dono de uma das maiores belezas, mas a quem diga que eu sou muito lindo, principalmente minha amiga, Chloe. Porém, é aquela coisa, cada um tem seu gosto.

Chego na cozinha e aqui está a minha mãe, Dona Cida Andrade, o amor da minha vida, preparando o café da manhã. Junto a ela está meu pai, Senhor Sérgio Andrade, e meu irmão mais velho, André, que está estudando Arquitetura, mas está de férias.

— Bom dia, família! — digo assim que desço as escadas e vou dar um beijo nos meus pais, estão todos me esperando para tomar café.

— Bom dia, meu filho — diz minha mãe. — Que cara é essa, não está afim de ir para escola hoje, mocinho? — questiona ela, dando risada.

— Ah mãe, a senhora sabe que está faltando pouco para acabar, mas eu estou com uma preguiça hoje, só Jesus! — digo a ela, dando um suspiro e fazendo careta.

— O que é isso, Breno. — Meu pai olha de relance para mim. — Já está terminando. meu filho. Deixe de preguiça, logo você está saindo daqui para fazer a faculdade que tanto quer, então só espera um pouco — diz ele, parando de ler seu jornal para falar comigo.

— Mas me diz, por que você quer tanto sair logo da escola? — questiona meu irmão. — Não me diz que você arranjou um namorado lá e está querendo dá um perdido no rapaz! — André zomba, com a boca cheia de pão.

— Pelo amor de Deus, menino! — Minha mãe dá um tapa no ombro dele. — Mastiga primeiro e depois você fala — ela diz a André. — E Breno quando arranjar o namorado vai falar com a gente, não é isso, filho?

— Claro, mãe! — exclamo, revirando os olhos. — Isso é ideia errada desse pegador do André, ele acha que porque ele não para com ninguém, que eu vou ficar assim também. — Estreito os olhos, o encarando. — Bem, deixa eu ir, que vou passar na casa de Chloe.

— Milagre ela não ter vindo comer aqui hoje, já estava até esperando — diz minha mãe, rindo.

— Fui! — digo a eles. — Amo muito vocês! — falo, já saindo de casa.

Minha família sempre soube da minha sexualidade. Quando eu tinha 11 anos, perguntei a minha mãe por que eu estava querendo beijar o Zeca, um vizinho muito antigo nosso, minha mãe ficou triste, mas ela soube como conversar comigo, me explicou tudo como é ser homossexual e falou que eu era um. Ela também me perguntou se eu tinha vontade de beijar garotas e eu disse que não. Então foi assim, meu pai também conversou comigo, bem depois de minha mãe ter conversado com ele. Demorou um pouco para que Seu Sérgio se acostumasse, mas ele me ama muito e sempre diz que um dia alguém vai me amar de modo incondicional.

Um Novo Amor  (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now