CAP 2

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- Plié,jeté,frappé,fondu,rond de jambe! - Megan dizia. - Rápido, please! Plié, jeté,frappé, fondu, rond de jambe! - Ela gritava, e a gente aumentava a velocidade dos passos. - Agora respirem fundo,e vamos fazer em ritmo moderado! Levemente! Por quê o ballet, é leveza! - Ela disse,e assim, o ensaio foi fluindo  normalmente.

Megan está preparando a companhia de ballet para um grande,e importante campeonato de dança que ocorre todos os anos.

No ano passado,por muito pouco a companhia não tirou o primeiro lugar. Mas este ano, nós iremos com força total, e ganharemos este concurso.

A escola que  vencer a primeira fase do campeonato receberá uma boa quantia em dinheiro para ajudar com os custos da mesma, e competirá em mais uma eliminatória em outro país(A segunda fase, no caso), com todos os gastos pagos pelo concurso,concorrendo ao troféu ma-ra-vi-lho-so,e uma mini turnê pelo mundo. Ou seja, perfect!



- Great! Maravilhoso meninas,e meninos! Continuem assim! Já sinto que nós somos os grandes vencedores do "World of dance!". - Megan falou animada.

- E nós somos! - Falei, e todos gritaram.

- Muito bem! Quando estiver próximo ao campeonato,irei trazer uns vídeos motivacionais para nós assistirmos, e fazermos um momento legal antes da competição. - Sorriu. - Bom, agora vocês podem ir pra casa descansar, e voltem amanhã com esta mesma disposição, ok? - Disse desligando o som, e arrumando o nosso ambiente de ensaio.

Troquei de roupas, peguei a minha mochila, e fui embora de carona com o Rachid, e a Alba.

- Bom,vou indo! Não chamo vocês para entrar um pouco, por quê não sei como está a situação aqui hoje. - Comprimi os lábios.

- Relax! - Alba disse.

- Se precisar, sabe onde me encontrar! - Rachid disse dando uma piscadela.

- Ok, até logo. Feios! - Soltei um beijinho no ar para eles, e desci do carro.


Mal entrei em casa, e já ouvi a gritaria! Deixei a minha mochila pelo caminho, e  corri até a cozinha.

Chegando lá, a minha mãe estava com uma faca apontada para o pescoço do meu pai, prestes á matá-lo.

[[ Dei um grito de pavor.]]

- Solta ele! - Gritei, tirando a faca das mãos dela,que caiu ao chão desnorteada.

Meu pai parecia estar em choque.

- Eu não aguento mais! Chega! Vocês estão acabando com tudo! Vocês só brigam, se agridem.. Se soubessem o quanto os seus conflitos me fazem mal, pensariam duas vezes antes de se agredirem na minha frente! Sabe, o meu maior medo, é chegar em casa, e me deparar com um dos dois morto! Ou até os dois. Cadê o seu controle emocional, papai? E você, mamãe? Precisa de tratamento urgente! Vocês parecem loucos! - Falei aos prantos.

Peguei a minha mochila, e fui até a porta.

- Espera, filha! Onde você vai? - Papai perguntou.

- Não sei! Mas qualquer lugar,é melhor que ao lado de vocês! Eu só queria ter uma família normal! Com pais normais! - Bati a porta, e fui dormir na casa do Rachid.

Lily:

- Muito bem! Vocês estão no caminho certo! - Megan  elogiou. - Maravilhoso! - Ela dizia.

Os incentivos,e até as broncas da Megan,são sempre muito importantes na hora dos ensaios.

- Parabéns! Vocês estão indo muito bem! Hoje o ensaio terminou um pouco mais tarde, pois amanhã a escola não abrirá. Irei nos inscrever no campeonato. - Megan disse sorridente.

[[ Comemoramos]]

- Mas, enquanto isso lhes peço que ensaiem em casa, a sequência que eu ensinei hoje, com um toque pessoal de vocês, ok? Quem sabe esse "toque pessoal" não entre para a coreografia oficial? - Deu uma piscadela.

- Yeah! Vou adorar um toque pessoal meu na coreografia! - Brinquei.

[[ Meus colegas riram]]

- Fim de aula! - A professora disse organizando o nosso local de ensaio.

Como de costume, troquei de roupas, peguei a minha mochila, e fui para casa.

- Hey, Lily! - Alba gritou quando eu ia saindo da escola.

- Oi! - Nos abraçamos.

- E aí? Soube que você dormiu na casa do Rachid? - Sorriu levemente.

Revirei os olhos.

A verdade, é que a Alba sempre foi apaixonada pelo nosso amigo nerd de cabelos cacheados, dourados como ouro, e olhos azuis.

- Dormi sim. - Revirei os olhos. - Mas pode ficar despreocupada! Dormi no quarto da irmã dele. - Comprimi os lábios.

- Mas eu não estava preocupada! - Deu de ombros. - Só queria saber se você está bem. - Disse sem graça.

- Não tanto como gostaria, mas estou. - Respondi.

- Seus pais brigaram de novo? - Perguntou.

- Eles brigam sempre! - Baixei a cabeça.

- Sinto muito. - Ela disse. - Vou indo. Até mais! Quando não tiver onde dormir, dorme na minha casa! - Deu um breve aceno, e saiu.

Mesmo sabendo que eu nunca senti nada além de amizade pelo Rachid, a Alba insiste em ficar de ciuminho bobo, e ainda piora o clima entre nós duas.

Fui embora caminhando, e pensando na vida. Desde a noite passada, que eu não voltei mais para casa.


Chegando em casa...


- Filha! - Minha mãe correu e me abraçou, assim que abri a porta e entrei em casa.

Pela primeira vez em seis meses, eu cheguei em casa e encontrei a minha mãe sóbria.

- Oi. - Mordi o lábio inferior.

- Fiz aquela comidinha brasileira, que a sua avó fazia, e você adorava! Ou melhor, nordestina! - Mamãe sorriu.

- Vatapá? - Perguntei.

- Isso! Não ficou bom como o que ela fazia, mas eu tentei fazer o meu melhor! - Ela disse.

Muito estranho!

Jantei ao lado dos meus pais, e o melhor: Sem brigas!

Após o jantar...

- Filha, eu e sua mãe queremos conversar com você. - Meu pai falou calmamente.

- Tudo bem! - Dei de ombros.

[[Nos sentamos no sofá da sala.]]

O silêncio se instaurou. Fiz um gesto de dúvida, e papai pareceu respirar fundo, criando coragem para me falar algo.

- Lilith - Ele fez uma pausa.

- Me chamou de Lilith, então a coisa é séria! - Pensei.

- Eu e sua mãe conversamos, e não vai dar mais para ficar como está! - Comprimiu os lábios.

O que ele quis dizer com isso?

- Sendo assim, nós iremos nos divorciar, e cada um vai para o seu lado! - Falou.

- Quê? Como assim? Vocês não podem! E eu? - Perguntei com desespero.

- Eu resolvi procurar ajuda. - Dona Olívia respondeu. - Vou procurar uma clínica, fazer um tratamento, e enquanto isso, você ficará com o seu pai. Eu tenho certeza que ele cuidará muito bem de você. - Completou.

- Como vocês me dizem isso assim? E o amor de vocês? - Perguntei, revirando a prateleira de livros. - E o romance desse livro, aqui? Vai morrer assim? E essas declarações de amor, não valeram? - Perguntei aos prantos, mostrando o livro que meu pai escreveu contando a história deles.

- As coisas não são assim, Lily! Tudo o que está escrito neste livro, permanecerá para sempre! A minha história com o seu pai foi muito boa, e me rendeu esse lindo fruto, que é você! - Mamãe acariciava os meus cabelos,tentando me acalmar.

- É,princesa! Nós só vamos seguir rumos diferentes! Mas sempre seremos os seus pais! - Papai me abraçou forte.

- Eu vou ser curada, filha! Quero te dar orgulho! Quero ser uma mãe normal! - Minha mãe também nos abraçou.

Mesmo sabendo que a convivência entre os meus pais não está nada boa,uma separação nunca é fácil para um filho.

Depois de um longo diálogo, me tranquei em meu quarto, aos prantos.
Não sei, só precisava ficar um pouco só, para tentar pôr as idéias em ordem.

Um Passo para Deus (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora