Capítulo 7-A Reunião

2K 256 45
                                    


Gostaria de agradecer a todos que tiram um pouco de seu tempo para ler este livro e vários outros de vários outros sonhadores como eu.

boa leitura ..

Corretor ortográfico= @ewertonalves93  

A Reunião


Já estava chegando as sete e meia da noite no sul do castelo. Os bruxos convocados para a reunião estavam começando a chegar para ouvir e debater o que decidiriam.

Depois do grande ataque à cidade a população estava assustada, pois o boato espalhou-se de alguma forma. Já o Rei estava nervoso, sentado em seu trono esperando pelo retorno do filho. De tanta preocupação ele nem tinha ido ver sua esposa e seu neto no jardim do castelo que, aliás, estava lindo e florido.
As orquídeas vermelhas das montanhas geladas do reino Únifico pareciam estar sorrindo com a chegada do brilho da lua, mas nada podia mudar aquele ar de preocupação que ecoava como gritos de tormento sobre os corredores do castelo.

Tudo naquele maldito dia havia sido um desastre, e Parks sentia que não deveria ter permitido que seu filho saísse daquela forma, indo em direção ao destino que ninguém poderia prever, mesmo seu filho sendo tão poderoso quanto ele. Há cinco anos eles não praticavam juntos. Tberyos sempre dava uma desculpa e Parks desistiu de convidá-lo, pois sabia que seu amado filho não queria confrontá-lo apenas por medo de feri-lo, afinal ele já o havia superado. Todos aqueles pensamentos e dúvidas estavam consumindo-o por dentro.
Quando o general Varyos chegou caminhando pelo salão real, já preparado para a reunião que haveria em quinze minutos, todos os bruxos estavam à espera do Rei.

- Meu senhor, com sua licença – disse o general com seriedade, se aproximando do trono.
- Varyos, pare de besteira e formalidades, somos amigos – disse o Rei descendo de seu trono devagar pelos degraus brancos feitos do mais puro mármore – Meu amigo, sabe aqueles momentos em que você se sente impotente e fraco, como se estivessem atentando contra tudo que você ama, e construiu a vida inteira? – perguntou o Rei ao general com a mão direita em seu ombro e o olhando calmamente.

- Sim meu Rei, eu sei. E já me senti assim. Lembra-se de Anabela? – disse Varyos abaixando a cabeça, visivelmente triste se lembrando de um passado distante que também o corroia como cupins corroem a mais bela e resistente madeira, deixando-a oca e fraca.

- Então, é assim que me sinto. Como se uma adaga de dois gumes atravessasse meu coração e me despedaçasse por dentro. Gostaria de pedir um grande favor, pois tem algo me incomodando. Meu filho ainda não chegou em casa, ele saiu sozinho para cavalgar. Faça uma busca com um dos paladinos reais. Vou à reunião sozinho.
Poderia resolver isso para mim, meu amigo?

- Claro, meu senhor. Ah, mais uma coisa antes de partir. O conselheiro vai chegar a qualquer momento. Ele esteve numa longa viagem, como vossa majestade já sabia. Talvez fosse mais sábio esperá-lo, para a reunião ser mais completa.

- Sábio como sempre, Varyos – disse o Rei a seu amigo – O maior motivo de você estar ao meu lado como primeiro general do meu grande exército é o seu gênio impetuoso, sua coragem e sua sabedoria. Eu vou te ouvir, vou agir com razão e não com a emoção.
Mesmo não falando nada, percebi mais cedo em seu olhar que você não aprova esta reunião. Espero que o grande Únifico me ajude. Sei que lá no fundo você está preocupado com o desfecho dessa reunião, mas eu pensei e analisei tudo.
Não vou causar a morte de meus soldados em uma guerra, mas quero saber o que o Conselho tem a dizer, apesar de achar que eles não vão dizer nada.

- Sim, meu senhor. Fico feliz em poder contribuir sempre que posso para meu reino.
Agora vou atrás do seu filho. É verão, ainda terei uma hora de sol...
Mais uma coisa, senhor. Isaías está no reino, e vou pedir a ele que vá à reunião em meu nome, se assim o senhor concordar.

- Tudo bem, seu filho é um grande bruxo – disse o Rei, concordando com a cabeça – Agora vá, meu amigo. Sei que posso contar com você. Traga-o para mim de um jeito ou de outro.

Ouvindo isso Varyos virou as costas para o Rei e saiu de cabeça baixa em direção às grandes portas que foram abertas lentamente pelas sentinelas, se deparando com os feixes da fraca luz do pôr-do-sol que levemente tocaram seu rosto. E bem ao longe ele avistou o sol no alto das escadas imperiais, que começava a passar por entre as montanhas ao norte das grandes planícies, dando uma visão privilegiada das portas do grande palácio: um céu laranja e amarelo misturando-se com as nuvens brancas e com a penumbra caindo sobre a cidade. Então ele apertou o cabo de sua espada e chamou um paladino que estava de guarda nos portões do palácio, e desceram as escadarias em direção aos estábulos reais...
No palácio, sozinho e pensativo, o Rei permanecia parado e de pé próximo dos degraus de seu trono. Ele já estava desistindo da reunião quando escutou os pequenos e sorrateiros passos de Rodolfo, correndo em um dos corredores do grande castelo.
Ele então escutou por duas vezes a voz de seu neto ecoar pelos corredores, chamando por ele.

- Vovô... Ei vovô está tudo bem? Procurei pelo senhor por um tempão! Nem foi me visitar no jardim, como vai todo dia!

Então Parks levantou a cabeça e no meio do salão, que já começara a escurecer, percebeu que estava caminhando e olhando seu neto. Nisso aproximaram-se as vinte arrumadeiras com seus candelabros, cada um com trinta e seis velas, trazendo luz à escuridão que começava a se formar no salão real.

- Venha aqui meu neto – chamou Parks

Ele se aproximou devagar de seu avô, que o olhava calmamente, com tanta admiração e carinho que seus olhos quase falavam. Ajoelhando perto dele para ficar mais ou menos da mesma altura e repousando suas mãos nos ombros de seu neto, Parks pôde ver a imagem de Tberyos, pois eram muito parecidos.

- Que foi vovô, o senhor está bem? – disse o pequeno Rodolfo

- Um dia... Um dia meu filho você vai ser um rei. Vai mandar em tudo, sabe.
Tudo o que conseguir ver com seus olhos, no topo da torre mais alta do meu mais alto castelo. Vai ter trinta e cinco cidades grandes para se preocupar, vai ter vários vilarejos para ajudar e cobrar seus impostos. E lembre-se: será um rei, não um ditador.
Um rei para o povo e não para si mesmo, assim você será visto como um bruxo-rei e não como um rei bruxo. Onde o poder vem primeiro que as suas responsabilidades, que a ganância tome conta do seu coração. Nunca esqueça sua família: por ela podemos tudo, fazemos tudo. Esse é o legado de um bruxo.
Hoje cedo houve algo terrível, fomos atacados por um maldito covarde chamado Cariel. Ele era um dos nossos amigos, mas se aliou a alguma seita e quase destruiu tudo que amamos. Ele matou vários homens, e seu pai foi atrás dele. Disse que só iria cavalgar, mas nós o conhecemos. Seu espírito é forte, ele não deixaria por menos.
Porque seu pai é um bruxo-príncipe, não um príncipe bruxo. Não deixa as coisas mais difíceis para os mais fracos. Ele as resolve, custe o que custar.
Eu quero que você, meu filho, vá para o jardim e depois para sua cama. Hoje não vou colocá-lo para dormir, pois tenho uma coisa para fazer. Peça para sua ama te ajudar em tudo. Amanhã tudo voltará como era antes, você vai ver. Eu como Rei da Cidade Azul vou sentir o peso da coroa tentando me puxar para baixo, daqui a pouco me juntarei ao Conselho.

- Vô! – disse Rodolfo, como se já fosse um bruxo formado – Não existe nada que puxe o senhor para baixo, sabe disso não é vô?

- Por que, meu filho? – perguntou Parks com os olhos marejados, olhando nos olhos castanhos de seu neto.

- Porque o senhor é um bruxo-rei, e eu sei que não teme nada nem ninguém.

Sem palavras, Parks não conseguiu conter uma lágrima, que escorreu pelo seu rosto lentamente.

- Isso, meu neto! Dê um abraço no seu velho avô, tudo ficará bem. Eu prometo!

Rodolfo só confirmou com a cabeça e com um leve sorriso saiu em direção aos jardins do castelo para encontrar sua ama, e Parks seguiu rumo ao salão pelos corredores do castelo, completamente iluminado pelos candelabros reluzentes. Foi o último a chegar ao salão, e lá já estavam todos os membros do Conselho Real assentados em seus devidos lugares, à espera. Pareciam entediados com a demora do Rei, afinal eram quase oito horas da noite. Eram eles:

VERBUS – Chefe da Moeda e bruxo de confiança do Rei e de toda a cidade, conhecido e admirado, responsável para muitos, um exemplo a ser seguido. Além de ser o coletor dos impostos do reino Únifico. Seu maior papel na reunião era avaliar o quanto deveria se gastar em uma suposta guerra.

Também estava o velho, ranzinza, chato e prepotente Chefe das Armas e coordenador de toda tropa montada do Exército Azul. O senhor Boryel.

BORYEL – O homem mais velho que ainda estava no grande exército real, desde os tempos do pai de Parks. Um senhor honrado, mas extremamente sistemático. Começou no grande exército ingressando nas tropas de infantaria de frente.
Com os destaques que começou a ter já com seus dezesseis anos, ele só subiu de posto, até se tornar coordenador da cavalaria.

Do seu lado estava o mais jovem bruxo a participar de uma reunião, convocado pelo seu pai. Um bruxo notável com apenas vinte e cinco anos e já com feitos admiráveis, com grandes poderes e impressionante em lutas e batalhas por sua frieza e inteligência.

ISAIAS LIBÉRIOS – Filho mais velho do general Varyos, estava na reunião para representar seu pai, que é o Primeiro General de todo o reino Únifico.
Tudo que acontecesse ele reportaria a seu pai, assim Varyos se manteria por dentro, mesmo estando longe. Todos também já sabiam que ele assumiria o cargo de seu pai em breve, já que tudo no reino Únifico é hereditário.

E um representante do Padre Supremo.

EBATAZEU – Homem sério, já com meia idade, cabelos compridos e brancos como era o costume dos padres. Então ele falou, sentado no meio da grande mesa, olhando para o Rei na parte superior.

- Meu Rei, estamos aqui para te ouvir e discutir nosso futuro, analisar as chances de uma batalha, ver nossos gastos e principalmente se devemos fazer algum tipo de acusação a qualquer outro reino devido ao acontecido.

- Como é? Se devemos? Você está louco, padre? Poderia ser você pregado naquela parede! – vociferou o velho Boryel com as sobrancelhas atiradas para o calmo padre a sua frente, batendo sua mão sobre a mesa, ato que balançou cuidadosamente as xícaras de porcelana.

Então Parks respirou fundo ao ouvir Ebatazeu. Ajeitou suas roupas e ordenou que todos fizessem silêncio, falando calmamente e apoiando seus braços sobre a mesa de madeira negra, com o entalhe de uma guerra feito à mão em toda sua estrutura magnífica.

- Senhores conselheiros. Senhor Padre, sua benção.

- Que Únifico, nosso Deus, te abençoe e nos ilumine com seu poder – disse o padre se levantando e o abençoando, e depois voltando calmamente a seu lugar.

- Então vamos esperar mais cinco minutos, pois o conselheiro real está para chegar. Enquanto isso sobre a mesa há bules de chá. Sirvam-se, caso as xícaras não estiverem quebradas, não é Boryel? – indagou Parks, olhando-o seriamente – E aproveitem, esse chá vem de Antrooyas, cidade do reino de Orion, além do deserto dos mortos.

Todos se serviram bem daquele chá doce delicioso, e bem no fundo e bem levemente uma consistência pouco amarga dava um toque especial. Passaram-se os cinco minutos, e a reunião estava para se iniciar, quando um guarda real entrou e avisou o Rei da chegada de seu fiel conselheiro, que entrou devagar no salão com uma expressão séria ao olhar todos à mesa.

- Estavam a esperar por mim? – perguntou o velho de mais ou menos oitenta e oito anos, amigo de infância de Parks, que havia ficado tão sábio quanto seu amigo havia se tornado poderoso.

- Sim, meu conselheiro e amigo Anguriom, esse conselho não poderá se iniciar sem a sua ilustre e sábia presença – respondeu Parks se levantando para saudá-lo, e assim todos fizeram.

- Sinto-me lisonjeado com tal apreço, meu grande Rei. Já podemos começar. – disse Anguriom sentando na parte de baixo da mesa, ficando de frente para Parks, que estava na principal cadeira da mesa.

- Como vocês sabem, hoje cedo acordamos com o sangue de nossos amigos e de nossos irmãos sobre os nossos pés. Infelizmente sabemos que foram bruxos das trevas. E o mais interessante: meus melhores investigadores procuraram e encontraram apenas vestígios de ser um bruxo muito forte, que fugiu a pouco tempo da prisão. Estávamos todos convencidos, como vocês sabem. Foi quando chegou um dos guardas da muralha, chamado Cariel, o único sobrevivente. Entrou no castelo para dar a sua versão, mas o maldito era o monstro das trevas infiltrado em nosso reino, enviado por alguém eu creio. Um dos reis de algum dos reinos vizinhos enviou-o para nos matar. – disse o Rei com um olhar furioso ao lembrar-se das perdas.

- Meu senhor, com sua licença. Mas onde está esse Cariel? – perguntou Anguriom, ao olhar para todos – Conseguiram capturá-lo?

- Não, ele era incrivelmente poderoso. Matou todos os soldados da guarda da muralha e ainda matou trinta paladinos reais, sozinho. Nesse momento ele está desaparecido, agora não lembro mais se ele estava sozinho ou se havia mais alguém, mas o importante é ele. Temos que capturá-lo e descobrir qual reino está por trás disso – respondeu o Rei à Anguriom.

- Bom, nesse caso não adianta procurá-lo. Se ele é um dos Cavaleiros das Trevas já deve ter desaparecido. Se alguém encontrá-lo, ele o matará, quem quer que seja.
Devemos nos concentrar em saber quem foi o mandante e declarar uma guerra.
Creio que precisarei de uma nota meu senhor, para subir os impostos de uma vez, dessa forma estaremos preparados caso tenha ou não uma guerra. Duas moedas de ouro não seriam suficientes para manter o reino em uma longa guerra, que com certeza declararemos a Abzaham – disse Verbus imponente, confiante na aprovação do Rei, que o olhou com seriedade.

- Subir impostos? – perguntou o Rei com seriedade – Melhor não falarmos nisso agora. Afinal há seis meses você pediu para que eu subisse os impostos parar renovar a tropa de cavalos de batalha.

- Não é hora de falarmos sobre impostos. Eu como representante do Padre Supremo acho que essa reunião não deve ser concentrada no ato de guerra, mas em um ato importante que ainda vai acontecer em menos de três meses: o pacto de sangue.
Rei Parks, não devemos ignorar esse ato sagrado nem subestimar nossos antigos inimigos, os humanos. Porque você sabe, Majestade, que no mundo todo só há humanos neste continente.

- Eu entendo, padre. E sua colocação foi sábia. Sobre o pacto, tudo já está arquitetado para ocorrer dentro do prazo. Ele irá acontecer como aconteceu no tempo de nossos antepassados, não se preocupe – disse Parks com calma em suas palavras.

- Meu Rei, deixe-me falar uma coisa muito importante – disse Boryel, sério.

- Pois fale, Boryel – respondeu Parks, colocando mais chá em sua xícara vazia.

- Eu como general-representante da cavalaria, maior força do Exército Azul, acho que o inimigo tem de pagar com a vida pelos atos de imenso caos e destruição que sofremos. Sua esposa tem medo, seu neto não está mais seguro. Estou neste exército desde a época de seu pai, lutei ao lado dele na batalha em que fomos vitoriosos, contra Abzaham e aquele maldito Exército Flamejante. Destruímos uma cabeça, mas ainda faltavam várias. Uma vez inimigos sempre inimigos. Quando vencemos seu pai cortou a cabeça daquele Cabaryos. A guerra acabou e seu pai ordenou que toda a extensão ao norte fosse remarcada, dando maior território ao nosso reino. Matamos toda a família real, foi toda extinta. Saqueamos todas as riquezas e trouxemos para casa ouro, prata, sedas e vinhos. Destruímos as minas, pegamos as mulheres e incendiamos a cidade, e Abzaham se tornou um reino sem rei, sem riquezas.
Anos depois surgiu outro rei, Cáfilos. Alguns dizem que ele é um filho bastardo do rei morto. Eu desconfio desse Cáfilos, ele é um rei tão ruim quando Cabaryos foi.
Ele e seus filhos não valem nada, aquele reino não presta, e por incrível que pareça cresceu tanto quanto nosso reino. Até parece que não cobramos impostos... – disse ele seriamente, ao olhar para o Rei tomando seu chá.

- Boryel, o inimigo vai pagar. Mas não podemos julgar ou causar outra guerra com o segundo maior reino depois do nosso apenas por suposições – disse o Rei pensativo, ao observar todos à mesa.

- Eu como chefe da moeda digo mais uma vez, aconselho aumentar os impostos o mais rápido possível. Pensem comigo: se algum rei já teve essa ousadia de atentar contra a vida de Parks, por que pensam que ele não invadiria suas fronteiras com exércitos, catapultas, cavalaria e tudo mais? Mais ouro significa estar um passo à frente de nossos inimigos. Não negue essa chance ao seu exército e ao seu povo, Majestade.

- Verbus, me diga – disse o Rei apoiando seus cotovelos sobre a mesa – Qual a quantidade exata de ouro sob minha jurisdição e sob meus cuidados no banco do reino?

- Senhor... Por que essa pergunta?

- Mesmo eu ordenando que pare de falar sobre subir impostos você continua a falar.
Isso me atiçou a curiosidade, então você tem de hoje até amanha ao meio dia para trazer a mim, pessoalmente, os livros de registro dos impostos dos últimos três anos. Todos eles. – disse o Rei levantando suas costas e exercitando seu ombro esquerdo.

- Tudo bem, senhor. Amanhã estará tudo aqui, como o senhor deseja. – disse Verbus completamente sem graça.

- Senhor, eu sou Isaías Libérios, filho do general Varyos – disse o jovem que parecia não saber retirar do rosto seu leve sorriso habitual – Eu ouvi a tudo calado até agora, então pensei; uma guerra não seria algo bom para o reino. Sou do exército e nosso exército é incrível, mas não desejo uma guerra mesmo sabendo que trituraríamos nossos inimigos. Deveríamos deixar para pensar em uma guerra apenas em último caso. É a minha opinião, senhor. – disse ele sério, observando o olhar de Verbus sobre ele se esvaindo de ódio.

- Se mais ninguém vai falar vou dar uma sugestão. Creio que deveríamos tomar mais uma xícara desse chá e me ouvirem com calma. – disse o velho conselheiro pegando a xícara e colocando chá lentamente, com suas mãos enrugadas e trêmulas – Bom, há um bruxo nesse reino muito forte, por causa de seus poderes inexplicáveis.
Estou falando de Ivys.

- Ivys!? – disse Verbus.

- Sim, caro chefe da moeda. Como todos aqui sabem, nada passa aos olhos de Ivys.
Até mesmo o que já passou ele pode ver. Só basta um toque. – disse o conselheiro real.

- Mas ele está sumido a dois anos. – constatou o Rei, sério.

- Sim, meu Rei. Mas eu sei onde ele está. Mandarei uma pessoa encontrá-lo e trazê-lo até mim. Então colocaremos esse plano em ação: colocá-lo junto aos outros reis e com apenas um toque ele saberá qual deles teria feito esse mal.

- Então está decidido! – disse o Rei se levantando da mesa – Sobre o pacto de sangue, senhores. O nosso sacrifício está ótimo em um castelo somente com mulheres e guardas. Ela será sacrificada a nosso deus Unífico junto à criança humana, simbolizando o antigo e o novo como nossa sagrada tradição ordena, estamos todos entendidos? Avisarei da próxima reunião. Por hoje é só, com vossa licença.

Todos saíram em direção à suas respectivas casas. Verbus, preocupado e sem falar com ninguém, estava vermelho e com os olhos frios sempre direcionados ao chão.
Saiu rapidamente à frente de todos, passando pelo Rei e só o cumprimentando com a cabeça. Já Parks foi direto para o salão real. Lá estava seu imponente trono de mármore branco, esbanjando beleza em todo o lugar. Atravessou os corredores rapidamente, chegando ao lado de fora do castelo. Nem avistou a lua, pois o céu estava um pouco nublado e o frio havia começado a castigar sua pele.
Vendo que o general não ia voltar naquela noite, ele se retirou. Foi para o quarto passando pelas escadas decoradas com quadros e estátuas, retratos de seus antepassados e de sua família. Os candelabros clareavam todo o castelo como se fosse dia. Então entrou devagar em seu quarto. Sua esposa estava deitada, dormindo como um jovem anjo de pele sedosa. Calmamente ele sentou-se à beira de sua cama.
A preocupação era visível em seu olhar, estava tenso e triste. Então Pâmela acordou bocejando, colocando as mãos sobre a boca. Vendo que seu marido estava triste e acuado como um animal ferido, ela o abraçou forte pelas costas.

- Meu Rei, meu marido, acalme-se. Amanhã pela manhã teremos notícias.
Venha, deite-se. Vamos dormir. Deixe-me cuidar de Vossa Majestade – disse Pâmela acariciando o pescoço do Rei.

- Hoje eu não posso receber seus agrados, meu amor. Minha mente está em outro lugar.

Ao ouvir isso ela também ficou triste. Virou-se para o canto aconchegando-se no travesseiro, pensando consigo "Que falta Tberyos me faz". Em seguida Parks a abraçou pelas costas.

- Eu te amo Pâmela. Eu sei que tudo vai se resolver, eu sinto isso.

- Eu também meu amor. Eu também.


continua 


CARIELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora