Capítulo 2 - Don't Worry

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Não costumo acreditar em acasos. Para mim, existe uma algo muito maior do que somos capazes de imaginar chamado destino. Somos todos destinados a nascer, viver e morrer. É um ciclo mas também um destino que nenhum de nós é capaz de mudar, mesmo que tentemos ao máximo. Talvez seja por isso que criamos super-heróis imortais ou vampiros e bruxas, para que nessa nossa existência supérflua possamos pelo menos acreditar em algo imortal e que não terá sua vida interrompida no meio de um momento especial.
Até pouco tempo atrás eu sentia raiva da morte, da vida, do tal do destino... Enfim, de tudo relacionado ao fato de sermos tão mortais e fadados ao esquecimento, por isso depois que meus pais faleceram eu mantive todas as nossas fotos espalhadas pelo quarto em que ocupava na casa dos meus avós. O destino pode ter sido inescrepuloso quando os tirou de mim e foi capaz de me deixar viva para sofrer com a dor da saudade, mas eu não seria capaz de deixá-los no esquecimento. Prometi quando os enterrei que lembraria e cuidaria da memória dos dois e assim me mantenho todos os dias.

-Abbey Vaughn? - ouvi meu nome e sai do meu mundo paralelo. Era o professor Eris fazendo a chamada. Respondi e olhei o desenho que havia feito no caderno. Nele haviam pessoas em um parque e sobre eles e abaixo do céu azul, guardiões da vida; anjos.
Sempre tive talento para desenhar, talvez tenha puxado isso de minha mãe que costumava desenhar lindamente.
- Bey, você tá legal? -Jojo me perguntou enquanto íamos saindo da sala rumo à aula de educação física.
- Tô legal sim, só meio perdida na mente - ri tentando descontrair - você sabe como é.
- Tudo bem, mas qualquer coisa me fala hein, não crie minhoquinhas nessa cabecinha.

Jojo era uma garota de 17 anos, como eu, com longos cabelos loiros platinados, olhos azuis e uma boca rosada de dar inveja na Angelina Jolie. No resumo, ela era perfeita, uma barbie fora da caixa e perdida da linha de produção. Mas mesmo sendo uma deusa ela era um amor de pessoa. Simpática, carinhosa e prestativa, mas costuma acreditar muito facilmente nos outros e quebrar a cara com tanta facilidade que você pode saber que alguma vez por mês ela vai precisar de uma noite de filmes mela cueca, chocolates, muito lencinho e o meu melhor vocabulário sujo para xingar algum idiota que a magoou.

Chegamos no vestiário feminino e tratamos de vestir o uniforme azul e branco do time enquanto a treinadora Ruth falava -gritava- sobre a coreografia da aula passada, e quem iria subir sobre quem na pirâmide e no final falou sobre o concurso que haveria no final da ano e que essa coreografia faria parte da que iremos apresentar.
Entramos na beira do campo todas devidamente vestidas e de cabelos presos, enquanto dentro do campo o time de futebol americano se aquecia para o treino que aconteceria daqui a alguns momentos. Não dava pra negar que haviam muitos garotos bonitos como jogadores mas nenhum me cativara daquele jeito.

- Melissa, mais alto! - Ruth gritava os comandos enquanto a música soava mais ao fundo - Carter, são dois e não três. Presta atenção!

-BEY! - alguém gritou e eu cai de cara no chão. Pisquei algumas vezes tentando me sintonizar.

Não demorou muito e surgiu uma mão se oferecendo a me ajudar e eu aceitei. Dois segundos depois estava em pé e em frente a um dos running back do time do Bella Hills. Agradeci e baixei a cabeça tomada por uma timidez frequente.

- Puta que pariu! Sua testa tá sangrando! - inconscientemente levei a mão até o ferimento e encontrei sangue.

- Ah tudo bem, acontece. - falei e virei as costas para voltar ao treino porém uma mão agarrou meu braço.

- Você não pode voltar a treinar, garota! Vai que te dá um piripaque ou algo assim.

- Deuses, Jones! Olha o que você fez na Vaughn! - Jojo chegou e segurou meu rosto conferindo o estrago. - Puta que pariu, agora vê se seja cavalheiro e leva ela pra enfermaria.

- Para sua informação, Jozinha querida, eu estava oferecendo ajuda à ela no momento em que você chegou.

- É o mínimo que você tem que fazer, olha a testa dela.

Enquanto isso Ruth veio até mim xingando Jones e falou o mesmo que Jojo, me avisando que eu poderia burlar esse ensaio, e com um desejo de melhoras ela voltou-se as outras cheerleaders.

- Posso lhe acompanhar?

- Okay, se isso lhe alivia a culpa, pode me acompanhar até a enfermaria para ouvir da enfermeira que não é nada e me ver ganhar um chá sem gosto.

- É perigoso ir sozinha, fora que se você não gosta do chá sem gosto eu tomo ele pra você sem incômodo nenhum.

Pela primeira vez não recusei a companhia de um garoto. Primeiro porque estava realmente me sentindo tonta e em segundo porque não havia motivo para tal: ele me machucou e está sendo prestativo o suficiente em me ajudar.

Fomos lentamente até a enfermaria. Sentia uma tontura cada vez mais forte mas culpei aquela xícara de café forte que tomei de manhã que possa ter baixado minha pressão.

- O que houve, Jones? - uma morena de olhos não muito simpáticos falou olhando pra mim.

- Fui receber uma bola e acabei me batendo contra ela e aconteceu que a moça caiu e bateu a testa.

- Você deveria tomar mais cuidado. O buraco aqui não tá muito bonito. - a enfermeira falou enquanto analisava o corte.
- Eu sei, mas foi um acidente...

- Tudo bem, vou ter que fazer alguns pontinhos na sua testa, amiguinha.

Então ela aplicou uma anestesia e iniciou o procedimento. Depois de meia hora lá estava eu: firme e forte.

- Você tá bem? - ele me perguntou demonstrando preocupação.

- Tô ótima! - falei e fingi um sorriso.

- Que bom então. Vou voltar pro meu treino... E desculpa de novo. ..

- Capaz, valeu a ajuda! - falei e segui pelo corredor. Enquanto ia em busca do meu armário pela escola parecia que as coisas começaram a girar, uma névoa tomou conta da minha visão parcialmente e eu senti minhas pernas fraquejarem um pouco. Lutando contra tudo e já não enxergando direito, apressei meu passo. Foi nesse caminho tortuoso que por obra do carma me bati contra alguém. Apesar do baque ter sido fraco não resisti a escuridão que se apossou de mim após isso.

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⏰ Last updated: Feb 17, 2016 ⏰

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Apostando CoraçõesWhere stories live. Discover now