Capítulo 17: Escuridão

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Capítulo extra na semana!! Espero que gostem, não deixem de comentar.

(Capítulo narrado por Álvaro Coimbra)



– Como era intenso. Como a vida era intensa. A vida merece ser aproveitada até seu último gole– eu li antes de fechar meu adorado livro de poesias.

Corri os dedos pela capa dura de couro e o depositei em seu devido local, junto com os demais livros organizados por ordem alfabética na parede da sala de reuniões.

Enchi meu copo do mais fino whisky da região e pensei no mesmo instante que seria bom eu parar de comprar coisas que minha economia não conseguia sustentar. Beber coisas finas tornou-se inoportuno com essa crise que a fazenda sofria. Enchi o copo mais uma vez, esquecendo-me da minha reflexão anterior.

Encarei minha estante, observando toda aquela biblioteca que minha mãe havia adquirido em vida. Ler era definitivamente minha paixão, eu tinha um hábito ruim (como dizia minha irmã), de aproveitar a vida em silêncio. Devo admitir que era verdade, já que meu maior prazer era ficar sozinho com meus pensamentos, bebericando uma ótima bebida.

– Álvaro!– minha irmã abriu a porta com força, deixando-a bater na parede e irritando-me ao mesmo tempo.

– Quantas vezes tenho que lhe dizer para agir como uma dama, Augusta?– reclamei, ainda de costas para ela.

– Se eu parar de bater portas você acha que me tornarei uma, irmãozinho?– ela ironizou.

– Duvido muito– sorri com esse pensamento.

– Será que você poderia ao menos olhar para mim, Sr. Coimbra?– ela reclamou, chorosa.

Concedendo ao seu desejo, virei minha cadeira na sua direção. Augusta vestia uma roupa fina de seda pura na cor azul clara, os babados do vestido desciam até cobrir seus pés. Já o chapéu azul e branco em sua cabeça era no mínimo horripilante, tão grande que mal se mantinha no lugar certo.

– Está magnífica– eu disse, contendo a vontade de reclamar dos gastos com roupas.

– Muito obrigada– ela sorriu satisfeita, mostrando seus belos dentes brancos. A única coisa que desfavorecia a beleza de minha irmã era seu nariz grande e pontudo, tão parecido com o meu, mas extremamente inadequado para mulheres.

– E onde você pensa que vai vestida assim?– perguntei sem curiosidade.

– Vai ter um baile na vila. O Sr. Fernandes nos convidou– ela disse– Eu lhe avisei, Álvaro, semana passada! Mas vamos, ainda dá tempo de se arrumar, você pode ir com aquele terno de papai, o cinza, ele é...

– Eu não vou.

– Claro que vai! Imagina que vergonha, chegar na casa do Sr. Fernandes com a família Coimbra incompleta. Tens que representar nossa família!

– Eu não sei porque ainda insiste em me empurrar nessas festas. Você sabe que eu não gosto– bufei– Já está decidido, ficarei aqui, ainda tenho alguns negócios para resolver.

– Então fique! Por isso que você não arruma uma mulher! Se não sair nunca essa fazenda não terá um herdeiro!

– Que herdeiro gostaria de nascer no meio desse caos? A fazenda não resistirá se eu não ficar para cuidar dos negócios enquanto você gasta todas as nossas economias com roupas finas apenas para dormir com os Senhores da vila.

– Você pensa que me ofende, mas está enganado. Pelo menos estou fazendo minha parte para conseguir um herdeiro e um barão digno de administrar este local– ela abriu a porta– Você vai mofar dentro dessa sala Álvaro Coimbra! Estou lhe avisando.

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