Tentei encontrar algum outro argumento válido enquanto ela guardava as coisas e se virava para sair, mas, pela primeira vez, percebi que uma garota conseguiu me deixar sem palavras.

Ela jogou os livros no balcão de Teresa, que a olhava curiosa.

- Sabe, dona Teresa... acho que vocês deveriam escolher melhor a quem se oferece monitoria. Certos indivíduos estúpidos não merecem esse privilégio.

Teresa piscou perplexa com sua atitude, e eu quase podia ver a pergunta se formar em sua mente: Que garota em sã consciência fala assim sobre Stefan Strorck?

- Alexia! - Eu a chamei quando ela se encaminhou para a porta.

Não podia deixá-la ficar com a última palavra. Ninguém jamais me deixou sem argumentos antes, ela com certeza não seria a primeira.

Alexia parou e se virou para mim novamente, o que me fez sorrir.

- O número de garotas querendo ir para a cama comigo está bem grande. Você não acha melhor anotar logo seu nome na lista?

Ela rangeu os dentes e levantou seu dedo do meio para mim.

- Babaca.

- Marrenta.

Eu não tenho certeza se ouviu minha última palavra. Ela já estava fora.

- Cara, me fala que aquela garota não era sua monitora - Pedro resmungou se aproximando atrás de mim.

Ele também estava recebendo monitoria, o que me fez acreditar que, no mínimo, metade da sala ouviu minha discussão com a marrentinha.

- Ela devia ser, mas agora parece que me odeia.

- Stefan, você tem noção do quanto precisava da ajuda dela?

Esse era Pedro. Parecia ser meu irmão mais velho, apesar de ser um ano mais novo. Acho que era por isso que éramos amigos: o juízo que me faltava, sobrava nele.

Olhei para o rapaz com a pele da cor de chocolate quase dez centímetros mais baixo do que eu e sorri.

- Ela vai me ajudar.

- É mesmo? Ela parecia estar disposta a tacar fogo em você quando saiu daqui.

- Pode apostar, Pedro... - Olhei em direção da porta novamente - ela ainda vai implorar para me ajudar.

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Alexia

- Vocês irão perceber que essas demonstrações contábeis são apenas dados... - O professor dizia na frente da turma, mostrando as contas e anotações que ele acabara de fazer no quadro negro, totalmente alheio ao fato de que uma das alunas da primeira fileira não prestava a mínima atenção.

Idiota. Imbecil. Ridículo.

Perfeito. Eu precisava me concentrar, mas por mais que tentasse, não conseguia afastar Stefan dos meus pensamentos. Me obrigava a controlar minha mente quando a pegava divagando, mas logo me distraía outra vez. Eventualmente, aqueles olhos verde-claros, aquela expressão debochada, aquele corpo de tirar o fôlego e aquele cabelo bagunçado invadiam minha cabeça.

"Aposto que há muito tempo você estava querendo um momento a sós comigo."

Aquela voz... ele sabe como ser charmoso até sendo um completo babaca.

O quê?! Eu não acredito que pensei isso! Lexy, droga, foca na aula!

Precisei me esforçar mais do que qualquer outro dia para absorver tudo o que foi passado e, no fim, eu quase podia sentir a fumaça em meu cérebro.

O preço da Felicidade // DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora