DOIS - SIDNEY

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Em casa me joguei no sofá com uma bela taça de vinho. Liguei a TV procurando algo para ver e uma comédia romântica daqueles bem clichês era o que eu precisava.

Meu celular vibrou indicando a chegada de uma nova mensagem. Ao desbloquear a tela, o nome de Ethan aparecia no visor, deixei escapar um suspiro. Eu, iludida achando que agora que já estava em casa, poderia relaxar, sem ser infernizada por meu chefe.

'Onde a senhorita deixa seu bloco de notas? Preciso conferir uma coisa.'

Merda, eram 22h, esse cara nunca para de trabalhar?

Digitei uma mensagem de volta explicando passo a passo de onde meu bloco de notas se encontrava.

Passado dez minutos, ele ainda não respondido, me mandado voltar à empresa para pegar o caderno para ele - alegando não tê-lo achado - o que por si só era um motivo para relaxar.

Voltei minha atenção para a TV e dei play em um filme com a Jennifer Aniston e me deixei relaxar no sofá. Assim que o rosto da atriz tomou conta da tela, meu celular vibrou novamente - argh. Sabia que era uma mensagem dele. Só podia ser. Talvez ele tivesse coseguido achar por fim o bloco e agora me mandara um simples obrigado. Sim, sei que as chances de isso acontecer são próximas a zero. "Obrigado" e "por favor", entre outras palavras do gênero não existiam no vocabulário do Sr. Stern.
Sua nova mensagem dizia apenas:

'Interessante'

Interessante?

Apoiei minhas costas no sofá me perguntando o que poderia ser interessante no meu bloco de notas. A melhor forma de irritá-lo era fingir não está interessada no que ele diz, porém esse "interessante" atiçou cada poro de curiosidade que eu tenho, as probabilidades de me arrepender por perguntar o que ele achou de interessante em meu caderno eram altíssimas, mas isso não conseguiu me impedir.

A resposta chegou em menos de um minuto.

'Srta. Mason, você escreve muito bem, é realmente uma pena eu ter que pular algumas partes por não entender sua caligrafia. Minha sobrinha de seis anos tem uma letra mais legível que a sua.'

— Merda... Merda, merda. — Foram as únicas palavras que saíram da minha boca depois de ler seu retorno. Eu trouxe meu caderninho, certo? Levantei-me num pulo, correndo em direção a minha bolsa.

Nada, não tinha nenhum caderno dentro dela.

Praguejei baixinho, analisando cada canto da bolsa, apesar de saber que não encontraria nada lá dentro. Com todo o estresse do dia, acabei esquecendo de pegá-lo. E eu havia acabado de dizer a Stern o lugar exato onde ele estava.

Não só tinha assinado minha sentença de morte, também peguei a faca e apunhalei-a em minhas cotas.

Não. Não. Não.

O que eu tinha acabado de fazer?

Ainda não havia trocado a roupa que passei o dia todo no trabalho, e agradeci aos céus por isso. Diferente dos sapatos altos que usei o dia todo, coloquei uma sapatilha confortável. Pronta para ir ao prédio da empresa. Não seria possível que de tudo na minha mesa ele foi logo ler meu caderninho quente, certo? Eu ainda tinha esperanças de não ser tão azarada a esse ponto.

O segurança do prédio me deu um sorriso tranquilizar depois de verificar minhas credenciais e notar meu rosto nervoso. Deveria esta pensando "mais uma estagiaria burra que veio concertar os erros que cometeu durante o dia". Queria poder dizer pra ele que não era uma estagiária burra, mas nem mesmo eu acreditaria em mim agora.

PerdiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora