Café e Biscoito

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 — Bom dia! — diz Marie, acenando em minha direção, seus cabelos loiros e longos se esvoaçam junto com seu vestido azul embaixo do avental. Eu sorrio para ela.

— Você está atrasada, de novo — ela diz fingindo uma cara de brava, pois embora ela diga isso estou atrasada todos os dias.

Marie é simpática, ela tem 24 anos e atualmente vive com o seu namorado, ele sempre vem na cafeteria. Se eu não me engano, estão juntos há 5 anos. O seu namorado se chama Henry, ele cursa engenharia em Toulouse University. Diferente de Marie, ele sempre foi aquele nerd excluído da sala de aula, e Marie uma garota muito linda e sempre chamou a atenção. Embora fosse desejada por quase todos os garotos, ela sempre teve uma queda pelo Henry. E ele por ela. Daria uma ótima fanfiction.

— Garçonete — uma voz familiar soa atrás de mim. Me viro e Sebastian me olha esperando poder fazer seu clássico pedido.

— Café amargo e biscoito, certo? — eu digo sorrindo. Ele faz sim com a cabeça.

Caminho até a bancada. Do canto do olho, vejo o moreno com um olhar preocupado.

— Café amargo e biscoito de polvilho, por favor — eu peço a Marie.

Bom, Sebastian Lariviére... Não sei muito sobre ele, a não ser o fato dele vir aqui a cafeteria todos os dias. Parece que ele tem 22 anos e cursa direito na Paul Sabatier University. Ele é realmente muito bonito e inteligente. Talvez fosse rico, com uma boa relação com sua família, cheio de amigos e uma linda namorada. Ou não.

— Hey Eleanor, está perdida em seus pensamentos de novo! — exclama a loira, largando a bandeja no balcão e envolvendo suas mãos em sua cintura.

— Desculpa.

— Ok. Leve logo o pedido para o cliente, temos muitos hoje. — Fiz sim com a cabeça.

Passos largos e com a bandeja na mão com cuidado, sem poder deixar cair. Tenho uma incrível falta de sorte, e as vezes acidentes assim acontecem. Bom, tenho que tomar mais cuidado pois não quero ser demitida e já fui alertada várias vezes sobre ser desajeitada e azarada. Como na vez em que trabalhei pela primeira vez em outra cafeteria. Tropecei em meus próprios pés e joguei todo o café quente na blusa branca do homem. Tanto ele quanto meu gerente ficaram uma fera, foi a minha primeira e última experiência naquele lugar. E ainda tem a vez que trabalhei como entregadora de pizza. Entreguei várias pizzas erradas. Deus, aquilo foi horrível! Nunca mais voltei aquela pizzaria.

Ao entregar o pedido para Sebastian, vejo que algo está errado com ele. Claro, não somos amigos, mas é estranho quando um cliente que visita a cafeteria sempre tá com cara triste. Além de azarada, desajeitada, ainda sou muito curiosa e persistente. Deus me ferrou 4x.

Me inclino levemente para se aproximar do mesmo.

tudo bem? — cochicho. O moreno que antes encarava seu copo de café com seus olhos azuis deprimidos, olha para mim um pouco assustado.

— Está tão obvio assim? — pergunta. Eu afirmo com a cabeça.

— Não posso conversar agora porque estou trabalhando, mas se quiser desabafar ou sei lá, é só falar comigo depois do meu turno. Já que uma das únicas coisas que sou boa é em ouvir. — respondo.

Sebastian dá um sorriso de lado, e eu não sei bem se ele vai querer conversar ou não.

...

Faltando alguns minutos para o meu turno acabar, eu olho para o céu. Antes azul, agora cinza com nuvens encobertas. E a única coisa que eu peço é que não chova, apenas isso. Porque eu não trouxe nenhum guarda-chuva. 

Lá está ele, ainda no seu iphone 6s com a mão direita na testa.Talvez nem tivesse notado o clima, ou o fato de eu estar olhando para ele há uns 2 minutos. Até que eu me aproximo e me sento na cadeira que está na frente dele.

— Bom, é, pode começar a desabafar se quiser. — ele tira os olhos do celular e o guarda o seu smartphone na sua bolsa, depois olha para mim e respira firme.




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⏰ Last updated: Jan 04, 2021 ⏰

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FalhasWhere stories live. Discover now