Capítulo 10 | Assassina (Parte 1)

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Depois que meu ataque de pânico passou, a advogada Lauren me explicou o que era a tal medida de segurança. Eu iria receber tratamento em uma clínica psiquiatra, no meu caso permaneceria onde estou mesmo e ficaria pelo tempo que a justiça determinasse para ser "curada" e reintegrada novamente a sociedade. Fiquei me perguntando desde que ela me disse isso se era possível resgatar uma mente perdida. Loucura era mais do que uma simples gripe, era algo mais complexo e não tinha um prazo. E se eu não conseguisse me curar? Ia permanecer para sempre aqui? Essa ideia fez meu sangue gelar nas veias.

Virei-me para a parede e fechei os olhos tentando dormir, era difícil pegar no sono, há dias eu não dormia direito, pesadelos e ataques me acompanhavam como meus melhores amigos. Estava cansada dessa rotina, cansada desse lugar, cansada dos meus pensamentos. Na noite anterior pensei em me matar, foi um pensamento rápido, mas veio tão forte que por um segundo quase acabei fazendo. O que me impediu foi a falta de opção, nem me matar era uma coisa fácil ali dentro. Quase gritei de frustração.

Abri os olhos e as luzes do sol iluminavam tudo que quase acreditei que estava no céu. Mas olhando ao redor me dei conta que ainda continuava no inferno.

— Bom dia, seu café da manhã e seus remédios. – Lucy era seu nome, ela era simpática e sempre me saudava pela manhã com um sorriso. Aquela alegria toda me intrigava, ninguém nunca era feliz o tempo todo, todos os dias. Não confiava nela.

— Bom dia. – Respondi com a mesma expressão de sempre: nada.

Os remédios haviam aumentado, de apenas um por dia, agora tomava três. O engraçado era que não conseguia me sentir melhor. Talvez fosse só impressão, só loucura da minha cabeça.

— Hoje parece que o dia será ensolarado. Vamos, Amber, tome seus remédios. – E lá estava a droga do sorriso de novo. Peguei as três pílulas e engoli de uma vez só, enquanto eu não tomasse aquelas porcarias ela não iria sair. — Boa menina, daqui a pouco volto para pegar a bandeja.

Ela saiu me deixando só. Mas eu podia sentir passos próximos a mim, vozes sussurrando em meu ouvido. Era sempre assim depois que tomava os remédios, era como se eles fossem a porta das alucinações.

Respirei fundo pegando a gelatina de cor vermelha na bandeja e comecei a comer ignorando tudo que estava a minha volta, que eu bem sabia era fruto da minha mente quebrada.

Mais tarde outra enfermeira entra em meu quarto.

— Você tem visita. – Estava pintando coisas aleatórias em uma folha em branco. Pintura, a marca registrada dos loucos.

— Quem é? – Pergunto sem tirar os olhos da minha obra de arte, apenas rabiscos de vermelho e azul.

— O mesmo garoto de cabelos claros. – Sage já havia vindo outras vezes e sempre o mandei embora. Ele era insistente.

— Não quero vê-lo. – Respondi fazendo círculos nas bordas da folha.

— Ele sabia que sua resposta seria essa e por isso lhe mandou isso. – Ela se aproximou me estendendo um envelope branco pequeno.

Levantei os olhos da pintura e peguei o envelope de sua mão. Meus dedos sujos de tinta ficaram impressos no papel branco.

Não falei nada e esperei ela sair para abri-lo.

Confesso que isso era novo, sorri sentindo uma pequena alegria por Sage não ter desistido de mim, mesmo depois de tudo.

Peguei um pequeno papel dobrado em quatro e abri o sujando também de vermelho e azul.

" Sei que não quer me ver. Sei também que acredita ter matado suas amigas, mas posso provar que não matou Amélia. Hoje à noite não durma. "

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora