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Jade narrando:

Acordei com o barulho da porta principal sendo fechada com força.
Estava morrendo de dor de cabeça,acho que preciso parar de beber aliás esse é um dos meus defeitos que minha mãe faz questão de esfregar na minha cara desde que meu pai morreu.
Saio dos meus pensamentos e vou até o banheiro onde faço minha higiene, tirando do meu corpo o cheiro insuportável de bebida e maconha. Visto uma roupa comum e desço para tomar meu café.
Por mais incrível que seja minha mãe não estava fumando e nem jogada no sofá da sala. Achei estranho e comecei a andar pela casa a sua procura. E lá estava ela, depois de meses sem entrar dentro daquele escritório onde meu pai passava a maioria dos dias antes de sua morte, não estava sozinha o que me deixou curiosa e me fez ficar parada apenas escutando a conversa.
- Vocês podem levar ela hoje mas quero o dinheiro na minha mão - minha mãe disse friamente fitando o rapaz na sua frente.

- Eu volto no fim da tarde para busca lá e ja trago o dinheiro que ficou combinado - O rapaz respondeu, era lindo, novo. - Como é o nome da mocinha mesmo? - Perguntou o rapaz.

- Jade - ela fez uma pausa - Jade Lobato - completou

Minhas pernas fraquejaram e eu não estava acreditando no que tinha escutado. Eu sabia que ela me culpava desde aquele maldito dia pela morte do meu pai mas me vender? Isso era demais pra mim.
Por que? Pra que? Mil coisas passavam pela minha cabeça mas fui despertada dos meus pensamentos com o barulho da porta abrindo. Corro o mais rápido possível para o meu quarto,pego uma mochila de acampamento e coloco coisas básicas.
Lembrei que havia uma ótima quantia em dinheiro escondida em um dos armários da cozinha. Foi o único jeito de me assegurar.
Desci a escada pé por pé, peguei o dinheiro  e na volta espiei minha mãe deitada na sala, tudo estava muito sujo, me deixava até com pena. Minha vida mudou muito nesses anos, e isso me deixava assustada demais. 
Tratei de enxugar as lagrimas que insistiam em cair e fui ate o meu quarto, contei o dinheiro, exatamente 500,00 reais.
Coloquei a mochila nas costas, abri a janela do meu quarto e antes de pular olhei para trás, eu estava deixando uma vida que por mais que estivesse sofrida, era a minha. Meus olhos passaram por uma foto minha com meus pais, voltei para pega lá e coloquei na mochila. Pulei a janela com a certeza de que minha vida iria mudar da água para o vinho.

Fui andando até a única rodoviária da minha cidade, isso levou uns 30 minutos ja que eu morava um pouco distante.
Ao chegar lá consegui comprar uma passagem para São José Dos Campos, a minha intenção era ir para a casa da minha avó paterna, a última vez que vi ela foi no velório do meu pai mas sabia onde ela morava. Quando completei 16 anos esse ano, no dia 16 de fevereiro fui emancipada para assinar umas coisas no banco para a minha mãe, então não tive problema com o fato de ainda ser menor de idade.
Esperei por uma hora mais ou menos mas logo meu ônibus estava saindo.
Sei no meu lugar e peguei meus fones para escutar algumas músicas no meu celular. Meu estômago estava roncando, ja eram 16:00 da tarde e eu não tinha comido nada.
Um rapaz mais velho que eu sentou ao meu lado, era lindo por sinal, logo voltei minha atenção as músicas. Olhando pra janela, escutando "break my heart again", eu só queria que minha vida fosse um filme.

- Boa tarde - o rapaz fala - Daria muito para saber o que a mocinha está pensando - completa e da uma risada nasalada.

- Boa tarde - falei me virando para conversar e tirando meus fones - Você nem imagina o que se passa nessa cabeça aqui - falo simpática e dou uma risadinha.

Me permito reparar mais nele, era bonito, jovem. Muito bem arrumado para falar a verdade, me intimidou um pouco o fato, me senti envergonhada por estar vestida de shorts, camisetão e tênis.

- Como é seu nome? - Ele fala me tirando dos meus pensamentos sobre minhas roupas. 

- Jade e o seu? - Pergunto educadamente dando um sorriso.

- Luan Sartori - Deu um sorriso de canto

- Quantos anos? - perguntei tentando puxar assunto, a viagem seria relativamente longa, então tinha tempo.

- 25 e você? - Perguntou me encarando.

- 16 - falei dando de ombros.

- Viajando sozinha com essa idade? - Perguntou levantando a sobrancelha - Meio estranho não acha? - Perguntou antes que eu pudesse responder ele completa - só não me fala que está fugindo de casa - rindo ele termina.

- De casa não, estou fugindo de alguém- falo sendo mais sincera do que deveria - Mas não se preocupe, se você for algum certinho, eu sou emancipada - falo debochando e rindo

- Eu não sou nada certo, Jade - ele diz olhando nos meus olhos, um arrepio percorre meu corpo - Mas que é diferente é - Ele termina

- É uma longa história- digo - To procurando um refúgio de tudo e de todos - Falo por fim.

A viagem seguiu, e a nossa conversa fluía como nunca. Até que eu pego no sono, sem nem perceber.

Meu Pior Pesadelo (repostando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora