CAPÍTULO 24 - 2° TURNO DA VIDA

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As mulheres dos velhos ali presentes me olhavam admiradas, ou algumas mães apresentavam as filhas solteiras. Eu estava me sentindo em um baile medieval, em um conto de fadas. Apenas sorri, as cumprimentei, elas sempre fazendo de tudo para me passar o telefone. Algumas eram bonitas, outras nem tanto.

- Você precisa arrumar logo essa esposa. Nunca vi essas mulheres assim. – Meu assessor riu. – Não lembro de na última campanha você fazer tanto sucesso assim.

- Por conta da Liz. A Liz espantava todas. – Xavier, o atual prefeito disse.

- Ah, eu acho que foi depois das fotos e dos vídeos. Deixaram essas mulheres loucas. – O coordenador da minha campanha disse fazendo todos gargalharem. – Depois que elas viram você do jeito que chegou ao mundo e agora divorciado... Vai ser tratado como celebridade. – Ele deu um tapinha no meu ombro e ri vendo que eu deveria inflar meu ego, ou eu deveria achar que eu era a piada.

- George, qual a porcentagem de mulheres eleitoras na nossa cidade?

- 57% senhor. – Ele disse com a resposta na ponta na língua.

Apenas dei um olhar sugestivo, e todos riram concordando com o meu ponto.

- E a porcentagem de homens gays, George? – O coordenador perguntou no meio dos risos e até eu tive que rir.

- Essa informação eu não tenho senhor. – George disse rindo.

- Meus caros, eu tenho a melhor e a pior equipe. Vou buscar algo na mesa de frios. – Disse pedindo licença e percebi o George vindo atrás de mim. – O que você está fazendo?

- O que, senhor?

- George, você parece a porra de um fantasma. Fica quieto em um canto. Está tudo bem. Você pode ir socializar, comer algo, beber, se divertir, dançar, a merda que você quiser, mas para de me seguir. Eu pretendo aproveitar também.

- Mas senhor...

- George, está tudo bem. – Ele suspirou.

- Okay, senhor. Obrigado. – Dei dois tapinhas nas suas costas.

Fui até a mesa de frios, pegando um prato e colocando algumas coisas. Eu estava mesmo morto de fome.

- Tem um canapé de gorgonzola que acho que o senhor vai adorar. - Escutei alguém atrás de mim.

Me virei assustado e percebi o Francisco atrás de mim. Sorri, colocando o prato na mesa, o abraçando. Ele gargalhou, e ele realmente parecia mais relaxado.

- Francisco, finalmente conseguir rever você. Só escuto notícias suas, e nessa época de campanha está impossível responder e-mails pessoais.

- Imagino, candidato. Eu estou ótimo, estou aqui com minha esposa, você precisa conhecer ela.

- Finalmente vou poder conhecer sua esposa.

- Sim, e você, como está? – Ele disse sorridente.

- Estou bem também, mas o meu novo Francisco não é tão bom quanto o antigo. Ele parece uma pulga. – Francisco gargalhou.

- Se fosse funcionário meu já teria aumentado o som. – Eu ri, lembrando que o Francisco sempre colocava uma cara feia e aumentava a voz, sem gritar, apenas sendo grosso. - Venho acompanhando sua campanha, na verdade, todos na prefeitura. Talvez trabalhemos juntos no próximo ano. Você precisa ganhar pra eu continuar trabalhando lá. – Ele riu.

- Sim, assim espero. Você acha que a campanha está indo bem?

- Sim, gostei do novo formato, tudo mais clean, mais fácil de ser lido. Está ótimo. E gostei que você andou por umas zonas mais perigosas da cidade, as pessoas vão lembrar disso.

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