Capítulo Dois - Christopher

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Como prometido... segue o segundo capítulo.

Que venha o Chris Delícia!

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Vendo a chuva diluviana que cai sobre Washington, chego à conclusão de que minha volta para casa hoje será impossível. Apesar que o piloto disse que o tempo abrirá a qualquer momento. Vou até o sofá, sento-me e recosto minha cabeça. Fazia tempo que eu não sabia o que era a solidão e o quanto esse silêncio é bom. Não aguento mais viver com pessoas ao meu redor, compartilhando até das minhas idas ao banheiro.

— Christopher, estamos quase prontos para começar as visitas. Só falta contratar uma camareira e talvez um assistente pessoal, se achar necessário. De qualquer maneira, decida-se rápido.

Olho Thomas andando pelo meu apartamento, sem ao menos ter tocado a campainha para entrar. Essas coisas têm me irritado nos últimos tempos. Thomas Connor é meu assessor eleitoral, uma espécie de marqueteiro político. Em seu currículo há três senadores e um presidente eleitos, atualmente ele é o melhor se tratando de eleição. Thom, como gosta de ser chamado, é uma boa pessoa, mas tem horas que penso em jogá-lo pela janela.

Nos últimos dez dias venho questionando a mim quanto as minhas escolhas e as consequências delas. Decidi ser político porque acredito piamente que minha missão na Terra é ajudar o próximo. As lembranças da minha adolescência voltam como enxurrada, o dia em que conheci Noah e Roger, logo depois o Benjamin. Acho que foi ali, ou talvez na faculdade, que decidimos fazer alguma coisa pelo mundo.

Fomos para faculdade juntos e todos optamos por Direito, mas com especializações diferentes. Noah decidiu ser juiz, Benjamin advogado assim como Roger e eu na época queria ser delegado. Por fim, minha vida tomou um rumo diferente e acabei na política.

Na época meu pai foi quem mais apoiou minha entrada na política, achando que de alguma maneira estava fazendo aquilo para beneficiá-lo. Ledo engano, justamente por nascer e crescer na alta sociedade, decidi ajudar os menos afortunados. A podridão e a hipocrisia realmente não para mim, abri mão de ficar à frente da fortuna da família por causa da sujeira da burguesia.

Por favor, não me levem a mal quando falo em burguesia. É só que na minha cabeça, as coisas funcionam um pouco diferente. Se eu tenho muito, a minha obrigação é fazer por onde a do outro seja melhor para ele. Convivendo com os caras, conheci uma face da realidade mundial, a pobreza, a miséria e a invisibilidade. As pessoas que tem algo passam por aquelas que não tem nada, como se elas fossem invisíveis. Para mim, Christopher O'Donnell, isso é inaceitável! Todos merecemos oportunidades de melhorar as condições as quais vivemos.

Meu pai, Charles Abraham O'Donnell, é um grande industrial, seu nome figura nas listas dos mais importantes do país. Meu irmão caçula Richard é um zero à esquerda, que depois de passar a vida gastando dinheiro aos baldes, resolveu assumir os negócios da família. Minha mãe, Elizabeth Rose O'Donnell, é uma tradicional socialite que passa grande parte da sua vida nos eventos beneficentes.

Eu não me recordo quando nos tornamos tão supérfluos. Pertenço a uma das famílias tradicionais que colonizaram os Estados Unidos, para os outros isso pode parecer pouco, mas para aqueles que são patriotas extremistas como os O'Donnell, isso é algo muito importante. Bom, quando éramos crianças fomos criados valorizando os empregados e todos aqueles que nos cercavam. Minha mãe sempre nos cobrava educação e respeito, meu pai tinha como sermão a dignidade.

Tínhamos que administrar nossas mesadas de uma maneira que durassem até receber a próxima, tirar boas notas na escola e se caso um de nós se metesse em confusão, minha mãe já avisava, "apanhará em casa também"! Tínhamos valores importantes arraigados nos nossos princípios. Acho que foi por isso que me tornei um político.

Your Destiny (Série Secret Garden - Livro 2) - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora