Capítulo 24

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Quase não dormir durante a noite. Por várias vezes levantei para tomar um pouco ďagua ou simplesmente levantar sem conseguir ficar na cama.

Ana me fez companhia por algumas horas. A minha inquietude afetou ela também. Depois de muito esforço consegui faze-la voltar para a cama.

Sentada na varanda vi a lua e as estrelas darem seu lugar ao sol.

- Você não vai dormir nem 5 minutos não é? - Escutei a voz de Laura a vendo na porta.

- Eu não consegui.

- Eu sei. Ficou rodando a noite inteira na cama. E eu vi a hora que a Ana levantou e te fez companhia e agora é a minha vez.

- Minha cabeça está fervilhando. Não consigo pensar com clareza.

- Desabafa. Fala para mim tudo que está não só na sua cabeça como no seu coração.

- Laura você sabe que quando me entrego a alguém, eu me entrego completamente. E espero que seja amada da mesma forma que eu amo.Intenso e sem limites. Espero poder confiar na pessoa cegamente. Como posso confiar em um homem que omitiu algo tão grave quanto o envolvimento na morte dos meus pais? A confiança é a base de qualquer relacionamento. Eu simplesmente não sei o que fazer. Me vejo em uma batalha sendo que tenho que escolher o lado. Ser feliz ao lado do homem que eu amo ou deixa - lo. E isso está me deixando louca, por isso não consegui dormir.

- Amiga faz o que seu coração está dizendo.

- Então vou ter que abandonar a parte racional e pensar com a parte sentimental?

- Escuta seu coração. E por favor vai dormir um pouco. Pelo bem das minhas sobrinhas. Pensa nelas. Elas vão precisar de uma mãe forte e também de um pai ao lado delas. Não as prive disso Liz. Eu sei o que é crescer sem um pai e eu não desejo isso a ninguém. Confia em mim.

- Sempre.

- Agora vai deitar e tentar descansar um pouco.

- Tudo bem.

Me levantei da cadeira e segui até o quarto. Ana ainda dormia tranquilamente, e eu me deitei ao seu lado, caindo em um sono turbulento.

Acordei sentindo uma fincada na minha barriga que me fez encolher. Respirei fundo e me sentei.

- Conseguiu descansar um pouco meu bem?- Laura pergunta assim que entra no quarto.

- Consegui. Laura pode pegar um vestido para mim. Vou tomar um banho e dar uma volta.

- Está tudo bem?

- Claro que sim. Só preciso sair, prometo não fazer nada de errado.- sorri em cumplicidade.

Meu bairro ainda mantinha todo a sua calmaria. Um bairro tranquilo, onde se viu crianças correndo a todo momento. Sorri ao ver a cena de uma mulher colocando um lindo menininho em seu colo, olhando atentamente seu joelho com um pouco de sangue.

Logo me imaginei com minhas menininhas nos braços. Era tão inusitado imaginar que já estaria entrando no oitavo mês de gestação e que a qualquer momento poderia te-las nos meus braços.

Estava distraída sentada no banco da praça, quando a última pessoa que eu queria ver, aparece.

- O que você ainda quer comigo? Não pode simplesmente me deixar em paz?

- E perder a oportunidade de ver você assim tão desolada a ponto de ficar olhando as criancinhas imaginando que logo serão os seus.

- O que você quer?

- Só queria conversar com você um pouco. Posso?

- Eu não tenho nada para falar com você. Pode por favor ir embora. Tenha a decência de uma mulher e esqueça que eu existo. Finja que não me conhece. Se algum dia me ver na rua, passe para o outro lado. Não quero nenhum tipo de contato com você. Eu tenho repulsa de você. Pela mulher oca que é por dentro.

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