Capítulo 3

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Mesmo estando próximo do fim de Março, o calor fazia parecer que ainda estávamos no ápice do verão. Olhei para a cidade da janela de meu escritório, no décimo segundo andar. Na cidade, há uma lei onde se diz que um prédio não pode ser mais alto do que doze andares. Isso garante que as ruas não sejam absurdamente escuras pelas sombras causadas pelos prédios. Felizmente, nunca houve alguém que ousasse quebrar a lei, afinal, a multa é bastante salgada até para nós, moradores da Ala A.

Alyna e eu estamos ótimos. Aos poucos, consigo me acostumar com sua maneira inocente, carinhosa e calma; o oposto de mim. No início era difícil saber se estava a agradando de verdade ou se era apenas uma imagem apelativa de sua animação em finalmente possuir um destinado. Aos poucos, fui vendo que, na verdade, Alyna foi feita para ser uma destinada perfeita. Se me perguntassem sua profissão, eu facilmente diria "destinada", já que a palavra, por si só, descreve uma pessoa que nasceu para viver pelo parceiro.

Sexta-feira possuo um jantar com sua família para celebrar a gravidez do primo mais velho de Alyna, Kevin, e sua esposa Brooke. Acho interessante a maneira como a família dela é unida. Meus pais tão logo quando saíram do restaurante em nosso primeiro encontro já combinavam de marcar uma reunião com os familiares de Alyna. Não tenho primos ou tios, meus pais são ambos filhos únicos e o fato de meus avós já terem falecido, não tenho ninguém para chamar para essa reunião senão os próprios organizadores. Contudo, sexta-feira é um programa para a família de Alyna, por isso, meus pais foram um pouco mais compreensivos quando disse que eles não estavam convidados. Mesmo nossa relação tendo virado 180ºC completos, ainda não deixei minha personalidade rude tratá-los melhor e eles pareceram compreender.

Albert me ligou durante meus devaneios. Logo que atendi e ouvi o seu "Olá, Henry", soube exatamente a razão de sua ligação.

- Você sabe quão difícil está sendo não contar a novidade para a turma? Kimmy está surtando; você se lembra dos surtos dela? Deve se lembrar que não é nada agradável. Além disso, Lana ainda acha que vocês são namorados e vive discutindo com Alexa sobre a qual das duas você pertence. Henry, você tem que resolver todos esses problemas antes que elas descubram sobre você e sua destinada.

Fecho os olhos, em um pesar. Por que as mulheres nunca veem um final quando os homens colocam ponto final? Elas terminam e temos que parar de persegui-las; nós terminamos e, na verdade, foi apenas um tempo de alguns dias.
Fiquei em silêncio, pensando no que poderia fazer, quando minha agenda estava tão apertada e o pouco de espaço que tinha, queria passar com Alyna.

- Bert...

- Ahh não, Hart. Seus problemas você resolve.

- Quem foi que me apresentou?

- Foi só Kimmy e saiba que me arrependo profundamente! Se eu soubesse que ela iria achar que você desistiria de sua destinada para ficar com ela, como ela fez com o destinado dela, eu nunca teria apresentado vocês dois!

- Eu falei para você deixar claro que eu não era homem de me apegar.

- E agora a culpa é minha? E você acha que mulheres me ouvem? Nem minha destinada me ouve, que dirá Kimmy! - dou uma risada, com o pouco orgulho que ele tem. Sempre foi uma pessoa muito desacreditada e isso sempre foi o fator mais divertido dele. - Hart, não estou brincando. Elas estão impossíveis. Do tipo, uma batendo no carro da outra.

Soltei mais uma gargalhada. Sempre adorei assistir as mulheres brigando por minha atenção. Até que eu não demonstrasse preferência por uma delas, nunca houve brigas feias entre elas, por isso, de vez em quando, só para saber até onde uma mulher vai por mim, dava uma joia ou outra para a primeira que encontrasse.

12 Depois de VocêWhere stories live. Discover now