Coitada, não sabe com quem tá lidando. Eu já fui expulsa de inúmeros colégios, esse será só mais um pra minha extensa lista.

Naquele dia, eu fui pro meu quarto e passei a noite escrevendo. Eu amo escrever, me ajuda a enfrentar meus demônios diários. Ultimamente tenho reescrito famosos contos de fadas na minha versão. Onde os vilões tem um final feliz e os mocinhos se ferram. E eu até tive uma ideia para um novo conto de fadas com uma protagonista nasceu e foi curada em circunstâncias que a formaria uma grande vilã, mas ela tinha o amor dentro de si, e acabou encontrando seu felizes para sempre.

Eu guardo todas em uma pasta rosa. Eu gosto de rosa, eu sempre odiei durante toda minha infância e pré adolescência, mas é uma cor tão delicada que que eu achei graça em usar esse cor sendo conhecida por ser Badass e tal.

Agora eu estou fazendo minhas malas para conhecer meu novo Colégio temporário. Meus pais estão me esperando no carro. Faço questão de por meus fones e colocar a música alta enquanto eles buzinam.

Quando finalmente eles desistem de buzinar, minha mãe vem me buscar no quarto. Eu finjo não entender o que ela está falando e vou pro carro.

O Colégio que eles arrumaram fica a uns 30 quilômetros da cidade. É um fim de mundo... um fim de mundo muito bonito, mas ainda vou ser expulsa. O colégio é maior que uma faculdade, tem vários prédios e um extenso espaço de lazer.

-Filha, nós sentimos muito por ter que fazer isso, mas você não nos deixou outra escolha... nos vemos nas férias de Julho.- Meu pai diz me entregando minha mala.

E simplesmente vão embora me deixando plantada na frente do prédio dos dormitórios.

Observo outros alunos chegarem, todos acompanhados pelos pais. Eu parei de desejar isso quando tinha meus 11 anos. Percebi que em situações assim, não estar com eles é a melhor coisa a se fazer.

Uma garota de cabelos claramente tingidos de um loiro desbotado vem em minha direção.

-Oi, eu sou Celeste, estou no comitê de recepção dos novos alunos, qual é o seu nome para eu te levar ao seu quarto?- Ela diz com uma prancheta na mão e um sorriso falso no rosto. Eu conheço esse tipo, em cada escola que passei tinha uma Celeste. Elas são como a abelha rainha que eu tenho que destruir para fazer meu nome no lugar. Mas não sou uma pessoa tão ruim, só mexo com quem mexe comigo.

A voz dessa garota me faz querer vomitar.

-Luna Santiago.-Digo analisando ela.

Ela olha para a prancheta e faz uma careta, mas logo disfarça com um sorriso falso e pede para que eu a siga. Entramos num prédio e começamos a subir as escadas. Ela me explica que aqui ficam os dormitórios, e os corredores a direta são os quarto dos meninos e os da esquerda , são das meninas.

Paramos em frente a uma porta.

-Este é seu quarto, espero que goste de suas colegas de quarto, seja bem vinda!- Ela diz e acena.

Ela me irrita. Não sei se é pela voz, ou por esse cabelo, ou o fato de ela parecer ter tudo que eu não tive. Abro a porta e nem me dou o trabalho de agradecer.

Eu entro no quarto e tem duas garotas conversando. Elas me veem e sorriem.

-Olá, eu sou a Laura. -Uma garota de cabelos pretos e lisos diz. Ela é toda sorrisos, parece ser da minha altura. Ela é muito bonita, eu não diria ser uma morena comum, seus olhos eram escuros e grandes e tinha grandes cílios também.

-E eu sou a Andreia. -A outra garota que usa óculos e tem cabelo castanho diz. Ela é mais alta. O cabelo é um pouco entre cacheado e liso, um natural bem bonito, o rosto por detrás dos óculos é marcante, do tipo que ficaria na mente de alguém por um tempo. As duas parecem já se conhecer.

Eu aceno pra elas.

-Me chamo Luna.-Digo.

Jogo minha mala ao lado de uma cama que imagino ser a minha e coloco meus fones. Me deito na cama e fecho os olhos. 20 minutos depois, a garota de cabelos pretos... Laura, tira meus fones.

-Não faça mais isso, não vai querer me ter como inimiga. -Falo seria. Dizem que a primeira impressão é a que fica então tenho que intimidar do começo.

-Desculpa, mas estão chamando a gente pra ir ao anfiteatro. A diretora quer falar com todos. -Laura diz. Ela não agiu como todo mundo age quando começo a ser ignorante, ela ignorou meu tom de voz e falou como se eu tivesse dado bom dia a ela.

Eu bufo e me levanto.

-Você não vai desfazer a mala?-Andreia pergunta.

-Não vou ficar aqui por muito tempo.-Digo e elas se olham.

Nós vamos pro anfiteatro e nos sentamos. O lugar está lotado de gente! Eu olho pro palco e uma mulher alta de cabelos claros vai até o microfone.

-Sejam bem vindos novos alunos e os antigos também, como vocês sabem, toda escola tem regras e essa não é diferente, então para os novos alunos, as regras são: nada de celular ou fones de ouvido nas salas de aula. O toque de recolher é às 22:00. Depois disso não pode haver nenhum estudante fora de seu dormitório até às 5:30 da manhã. Após as 20:00 horas, são proibidas pessoas do sexo oposto no dormitório. E antes disso apenas de porta aberta, não são permitidas bebidas alcoólicas e nem animais. O nossos inspetores vão garantir que nenhuma das regras sejam quebradas. No final de semana, só podem dormi fora da escola com a autorização dos pais e eu gostaria de pedir a nova estudante Luna Santiago, que vá a minha sala agora que eu quero ter uma conversa com ela.

E é assim que começa. Pelo visto não vou durar nem uma semana aqui. Ela falou meu nome na frente de todo o colégio olhando diretamente para mim e depois do meu susto repentino, percebi que uma parcela daquela multidão de alunos também me olhava. Observo a diretora sair e dar lugar a que imagino ser algum professor ou coordenador.

Eu me levanto e sigo a diretora.

Entramos em uma sala normal de diretor. Com prêmios da escola, papéis, computador e Etc. Ela me manda sentar. Observo os prêmios e alguns me chama atenção. Prêmio de melhor redação. Prêmio de melhor crônica.

-Luna, seu pai conversou comigo e falou que seu caso é um tanto... complicado, mas eu prometi a ele que ajudaria você, então eu espero sua colaboração e que sejamos amigas.-Ela diz com a voz de uma verdadeira diplomata.

Não consigo segurar os risos. Ela quer que sejamos amigas? Nós somos como inimigas declaradas. Ela parecia ser uma mulher decente, espero que ela não leve pro lado pessoal, mas eu não quero ficar aqui. E o mais inteligente seria atacar a pessoa que tem o poder de me expulsar daqui.

-Eu estou contando as horas pra sair desse inferno, então não se dê o trabalho, vamos chegar a um acordo, você me manda pra casa e eu digo ao meu pai o quanto você tentou.-Falo com um lindo sorriso.

-Olha aqui, garota, eu dei minha palavra ao seu pai e não vou desistir até que você tome jeito. -Ela diz me encarando com seus olhos azuis fumegantes. Agora assim estou gostando. Essa mulher exala vitalidade, competitividade e determinação. Há séculos não tenho uma adversária decente.

Eu me levanto e jogo um sorriso a ela.

-Veremos.

Me levanto encarando ela. Seus olhos não saem de mim, e ela observa eu sair. Mesmo quando me viro, consigo sentir seus olhos em mim. Bato a porta apenas para uma saída bem feita e sem querer me esbarro em alguém, meu celular cai no chão e parece estar em câmera lenta, pois visualizo o momento que a tela trinca. Vejo sapatos masculinos em frente meu celular.

-Seu idiota! Olha que você fez com meu celular! -Falo empurrando o garoto e juntando meu celular. Logo o encaro.

Ele levanta as sobrancelhas. O garoto tem o cabelo loiro, porém, mais escuros que o meu. E tem olhos tão azuis quanto o mar, intensos e frios.

-Você que se esbarrou em mim e eu sou o idiota? Na próxima vez anda que nem gente normal.-Ele diz como se quebrar meu celular não fosse nada demais e age como se a culpa fosse toda minha.

Levanto as sobrancelhas surpresa com o linguajar que ele usou, mas ele ignora e continua andando.

Bufo de raiva, junto meu celular e saio pisando. Volto ao meu dormitório e fico la até dormir. Amanhã eu vou começar a botar meu plano em prática.

O filho da diretora - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now