Capítulo 3 | Pistas

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— Calma. — Segurei seu braço de maneira forte. Precisava fazer ela calar a boca. — É só manter a boca fechada e ninguém saberá que estamos investigando, ou eu posso fazer isso sozinha, sem problema algum.

Talvez seria até melhor, já previa o quanto Amélia seria mais um empecilho do que ajuda.

Ela puxou seu braço, passando a mão sobre o vermelhão que meu aperto causou. A pedi desculpa com o olhar.

— Você e Anika sempre acharam que sou uma bebê chorona, né? Mas fique sabendo que não sou! — Sua postura era firme, em nada parecia com a garota de olhos arregalados e voz estridente de segundos atrás. — Sou apenas precavida, você se joga de cabeça nas coisas, não analisa tudo antes, assim como era Anika. Já pensou nas consequências desse seu ato de "justiça com as próprias mãos"?

Agora era a vez da Amélia Responsável, por pouco não revirei os olhos.

— Estava esperando que você me iluminasse nessa parte. — Forcei o sorriso propositalmente.

Soltou o ar deixando a pose decidida murchar um pouco. — Estou falando sério Amber.

— Sim, eu sei, vou tomar cuidado, prometo. Sei que as consequências são muitas e severas, mas não vou conseguir ficar parada. — Meu olhar era pesaroso. Não conseguia acreditar que ela não sentia essa mesma vontade que emanava do meu peito. Essa vontade de fazer justiça. Ainda mais quando a polícia estava dando passos de tartaruga nesse caso.

— Está comigo nessa ou não?

Ela olhou para o teto, franzindo os lábios e fazendo assim com que duas covinhas aparecessem em suas bochechas. Estava ponderando os prós e contra.

— Tudo bem, mas por favor, me diz que não iremos fazer nada perigoso. — Pediu juntando minhas mãos as suas.

— Prometo. — Levantei a mão direita em sinal de juramento.

— Tudo bem então. — Ela levantou-se indo em direção ao micro-ondas para pegar a pipoca. — E por onde começamos?

— Pelo quarto de Anika.

***

No dia seguinte lá estávamos nós, paradas em frente a porta da casa de Anika. Tínhamos uma desculpa pronta para seus pais: Queríamos pegar coisas que havíamos esquecido com Anika, e também matar um pouco da saudade que sentíamos por ela.

Não sabíamos se seus pais cairiam nessa, o jeito era arriscar e rezar para que sim.

Amélia tocou a campainha, estava nervosa, podia sentir isso pelo modo inquieto com que mexia no zíper de sua bolsa.

—Deixa que falo — informei tocando de leve em seu braço.

Ela apenas assentiu sorrindo fraco.

Não demorou muito para que uma mulher não tão velha e de cabelos loiros abrisse a porta, era mãe de Anika, dona Elizabeth, carinhosamente chamada por nós de tia Liza.

— Oi tia — eu e Amélia dissemos juntas. Ela esboçou um sorriso carinhoso e rapidamente nos abraçou forte.

Ficamos assim por algum tempo, nenhuma disse nada, não precisava dizer, as palavras estavam subentendidas naquele abraço.

— Entrem, entrem. — Liza chamou abrindo mais a porta para nos dar passagem.

A casa de Anika era grande, não como a de Amélia, mas era linda e aconchegante. Os móveis todos de madeira escura davam um ar envelhecido a casa. Anika costumava dizer que quando todos morressem sua casa seria tipo aqueles museus de casas antigas, mais vintage que aquilo não existia.

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora