Capítulo 1 | Festa

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— Essa é a única certeza desde que me entendo por gente. Não fui feita para seguir o sistema. — Sorriu me dando um tapinha de leve na testa. Sempre fazia isso quando eu começava a insistir em algo com ela. Deveria saber que discutir com Anika era uma batalha perdida antes de começar. Ela nunca dava o braço a torcer ou entrava na discussão.

— Agora podemos ir? Amélia realmente vai nos matar. — E falando isso saiu do carro.

Saí também e nos deparamos com uma casa arrebatada de gente.

Amélia tinha uma das casas mais lindas que eu já tinha visto. Toda de vidro, praticamente dentro da floresta. Suas luzes iluminavam tudo em um raio de 2km na parte da frente, depois só se via o breu, pois as copas das enormes árvores impediam que a luz da lua iluminasse algo.

— Até que enfim né suas putas! — gritou ela da sacada de seu quarto. Na mão tinha um copo vermelho, e pelo que eu conhecia dela, sabia que aquele já deveria ser o 5º ou mais.

— Sem mais choros, as estrelas da festa chegaram! — gritou Anika de volta.

Apenas ri dessas duas e me dirigi até a porta. Não precisei abri-la, a mesma já se encontrava escancarada.

A casa era bem ampla e tinha uma decoração moderna e em tons branco e vermelho. Não se podia ver muito mais da decoração, pois havia corpos de jovens em todos os lugares que se olhava. O alto volume da música tocando Katy Perry praticamente me fazia acreditar que ela estava dentro da minha cabeça. Olhei ao redor procurando pela Anika, mas ela já estava subindo a escada, com certeza indo até a Amélia. Me apressei para seguir seus passos, mas um corpo postou-se na minha frente impedindo que eu desse um passo sequer.

— Ambeeeeeer! — falou Dylan com a voz arrastada me abraçando pela cintura. Virei o pescoço para o lado, pois o cheiro de cerveja era forte e fez meu estômago dar um nó.

— Oi, Dylan. — Tentei me soltar, mas mesmo bêbado ele era bem mais forte. Enfim desisti e o fitei, tentando ignorar aquele fedor.

Seus olhos castanhos estavam avermelhados e seus cabelos estavam bagunçados, apontando para todos os lados, pelos chupões em seu pescoço tinha certeza que tinha acabado de se pegar com alguma garota.

— Quando você vai me dar a famosa chance? — perguntou tentando beijar meu pescoço, desvencilhei-me dele conseguindo me soltar.

— Talvez no dia que você pare de pegar qualquer uma — dizendo isso segui até a escada, sem receber nenhuma nova investida.

Dylan Tori era meu tormento na terra. Sempre estudamos na mesma escola, tínhamos até algumas aulas juntas, mas ele nunca me notou. Para ele eu era invisível, e o sentimento era recíproco. Até o 1º ano, quando ele entrou no time de natação, ao qual eu participava, e me viu com outros olhos e desde então não saiu mais do meu pé. Dylan até que era bonito, tinha um belo corpo, um sorriso atraente e sabia como ter um bom papo, sem estar bêbado claro, mas eu não conseguia sentir atração por ele. Absolutamente nada. E ele não conseguia entender isso.

Enfim cheguei ao quarto de Amélia, dei dois toques na porta e entrei. Anika estava jogada na enorme cama de casal que ficava no lado oposto a porta. A decoração era toda lilás, deixando o ambiente bem claro. Adorava nossas festas do pijama na casa de Amélia. Às vezes a lua iluminava seu quarto totalmente, por causa das janelas de vidro, e quando isso acontecia nas noites em que estávamos ali, não fechávamos as cortinas e dormíamos banhadas pela luz da lua.

Amélia saiu do banheiro limpando a boca e cambaleante. Havia vomitado.

— Somos limpadoras oficiais de vômito da Torn — disse Anika sem tirar os olhos do celular.

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOWhere stories live. Discover now