Capítulo Quarenta e Sete

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Eu também era chegada ao meu pai, mas ele trabalhava mil vezes mais do que minha mãe. Ele quase nunca ficava em casa.

O nome da minha mãe era Kristian. Kristian Roberts. O do meu pai era Simon. O da minha irmã é Bianca.

Ah, Bianca... Me lembro de quando ela nasceu...

Não, não me lembro, eu tinha apenas dois anos. Mas me lembro de quando ela tinha dez anos e nós brincávamos juntas em casa. Eu sempre cuidei dela, já que nossos pais nunca estavam em casa. Acho que eu adquiri algumas habilidades que tenho hoje por causa disso.

Me lembro no último natal que tivemos em família. Me lembro de esperarmos os fogos serem soltos e iluminarem a cidade que, naquela época, não estava destruída.

Bia amava filmes estrangeiros que eram antes da Era do Isolamento. Eram filmes do século passado. Ela assistia uma série de filmes chamada Harry Potter e quando pesquisei sobre esse filme, descobri que era um dos filmes mais assistidos e mais amados antes da Era do Isolamento.

Bom, no natal, Bia ganhou um box completo desses filmes. Acho que eram sete ou oito filmes e ainda os outros três que contavam sobre o mesmo mundo só que outra história.

Depois de ganhar isso, minha irmã não saia do quarto para nada além de comer. Ela assistia todos os filmes repetidamente.

Eu nunca assisti. Nunca gostei de filmes ou séries. Gostava de ler. Eu lia no condomínio. Os livros que mais saiam da realidade eram os meus preferidos. Os que saiam da nova e da velha realidade. Os que não tinham zumbis e nem pessoas comuns. Eu gostava daqueles onde as pessoas tinham que lutar para sobreviver, mas não lutar com zumbis. Os livros conseguem me tirar da realidade facilmente e viver uma nova. Sempre achei legal viver na aventura como os personagens dos livros, mas nunca imaginei que um dia eu estaria lutando para sobreviver.

Suspiro. Ainda estou dentro da caixa branca. Gostei um pouco dessa viagem no tempo que acabei de fazer. Me tirou da caixa branca e me vez ver outras cores.

Nunca gostei muito do branco ou do preto. Sempre gostei de ver as coisas com milhares de cores. O mundo colorido é bem melhor.

Me levanto do chão. Eu estava sentada até agora no canto da cela. Não sei o motivo de ter levantado, mas eu levantei. Não tem nada para fazer aqui e ninguém para conversar. Já pensei em fugir um milhão de vezes, mas depois de fugir, sei que meus amigos morrerão. Não posso deixá-los.

O pior é que eu estou dando o que a LPB quer. Provavelmente, quando estou dormindo, eles entram aqui e furam meu braço para pegar sangue. Não tenho certeza disso, mas não faria sentido me prenderem aqui e não me usarem. Eles querem descobrir a cura e estão fazendo milhões de testes.

Talvez não seja só a cura que estejam procurando. Talvez seja outra coisa.

Brenda disse que eu era perigosa para o resto do projeto. Que eu era perigosa para meus amigos.

Será que estão tentando arranjar um jeito de tirar o Parasita de dentro de mim? Ou será que após encontrarem o que procuram, eles irão apenas me decapitar?

— Acha mesmo que eles vão deixar você e seus amigos vivos? — ouço minha voz.

Mas não fui eu que falei. Olho para o lado e me vejo. Ou melhor, vejo ela. A de olhos vermelhos.

— Tenho certeza, que logo após encontrarem a cura, vocês serão mortos — ela continua. — Você só está atrasando suas mortes. Deveria estar pensando em um jeito de sair daqui.

— Me deixa em paz — falo.

Ela suspira e se aproxima.

— Você não parece nada em paz. Parece estar maluca dentro desse lugar.

— E eu estou, e eu sei que só eu estou te vendo, isso significa que quem está assistindo isso daquela câmera bem ali, deve estar pensando que eu sou maluca.

Não basta eu ter que ficar presa nesse mundo branco, eu ainda preciso ficar discutindo com o Parasita.

— Você tem minha força, por que não a usa para destruir a parede?

— Eu já tentei! — grito. — Você não viu? E do que adianta eu sair daqui? Vou continuar na LPB presa com meus amigos.

Ela fica em silêncio por alguns segundos, me encarando. Não sei por que insisto continuar falando com ela.

— Você é tão burra. — Ela diz. — Lutou, lutou, lutou... e acabou aqui. Onde você tentou fugir.

— O que queria? Que eu deixasse meus amigos morrem pouco a pouco? — falo. — Não quero mais mortes. Não quero mais dor.

— Não quer mais dor? Você mereceu toda a dor que você teve. Você merece isso que está vivendo. Merece estar no meio das mortes. Olhe o rastro de sangue que deixou para trás. Tudo o que toca... tudo ao seu redor... tudo morre. E no final disso tudo, quando todos tiverem morrido pelas suas mãos... eu estarei do seu lado.

Me enfureço. Salto da cama para cima dela e quando vou agarra-la, ela desaparece. Caio de joelhos no chão branco e transfiro minha raiva para meu punho. Soco o chão. Sinto meus músculos se contraírem e meu ouvido zunir. Um tremor ocorre e eu percebo que causei uma enorme rachadura no chão.

Meu peito bate forte. Levanto-me e olho para minha mão, que está intacta. Sinto-me um pouco tonta.

Então, um som alto vem de trás de mim. Viro-me rapidamente e vejo um retângulo se formar na parede. E como uma porta, o retângulo se abre. Um homem entra e meu coração falha quando percebo quem é.

Zayn.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraDove le storie prendono vita. Scoprilo ora