Capítulo Quarenta e Seis

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— O que é tudo isso? — pergunto.

— Você vai ver, Claire. — Ele fala.

Olho ao redor e vejo milhões de vídeos. Cada vez mais aparecem. É como se não estivéssemos dentro daquela caixa preta, mas dentro de um lugar onde tem milhões de telinhas voadoras com imagens congeladas e uma data pequena no canto inferior direito.

Max estica a mão e toca o dedo em um deles. Nisso, os vídeos somem e tudo ao redor começa a se transformar em uma sala branca com mesas, bancadas, tubos de ensaio... Enfim, um laboratório.

— Você precisa entender, Claire — ele fala. — Não me chame de louco. Não sou eu o louco da história.

De repente, vejo a porta do laboratório se abrir. Um homem que aparenta ter uns vinte anos entra. Ao ver seu rosto, me lembro de Max imediatamente. Ele é igualzinho Max, mas sei que não é ele.

Vejo o homem ir até a bancada e apoiar as duas mãos nela. Ele parece um pouco bravo. É tudo tão real. É como se o vídeo estivesse sendo passado pelas quatro paredes, pelo teto e pelo chão, dando a ilusão de estarmos no vídeo. Me sinto como se estivesse dentro do laboratório, mas sei que não estou. Tenho medo de andar para frente e acabar batendo contra aquelas paredes da sala pequena em que estamos de verdade, por isso, permaneço firme onde estou.

O homem empurra vários tubos de ensaio e os joga no chão. Vejo lágrimas nos seus olhos e ele solta um berro.

A porta se abre e uma mulher de cabelos curtos e ruivos, pequena e com olhos bem escuros entra. Ela corre em direção ao homem.

— Jorge — ela fala. —, você não pode continuar com isso. Isso só está te matando.

— Não posso parar aqui. — ele fala. — Eu estou tão perto... A imortalidade...

— Você tem 59 anos e tem a aparência de 20 — fala ela. — Não chegou na imortalidade. Você apenas conseguiu tirar suas rugas e trocar sua aparência.

— Não é só por fora — ele fala, balançando a cabeça negativamente. — Eu sinto por dentro também, Daiana. Eu me sinto bem.

— Seus testes mostram, Jorge — ela fala. — Você precisa parar. Está morrendo.

Agora que percebo. Como não reparei antes? Talvez esteja tão cansada que não tenha nem imaginado. Aquele era Jorge. Pai de Max. O que buscava a vida eterna.

Olho para Max. Olho para ele.

— Não posso parar de pesquisar — ele fala. — Preciso que alguém continue por mim. Preciso ter um filho. Preciso que ele continue isso por mim.

A mulher olha para ele sem dizer nada. Ela parece um pouco assustada. E então eu percebo que ela é a vice-presidente que foi fertilizada para ter Max.

São os pais de Max.

— Eu preciso que você faça isso por mim — fala ele, olhando para ela. — Tenha um filho meu. Eduque-o, ensine-o... ame-o...

Vejo lágrimas preencherem os olhos dela.

— Ela não ia aceitar — fala Max. — Aceitou só depois da morte de meu pai.

Então, a imagem muda. Estamos em outro laboratório. Neste, há milhões de tubos de ensaios com líquidos de diversas cores pendurados em diversas prateleiras nas paredes.

Vejo Jorge de costas. Ele está fazendo algo que não consigo ver o que é. Então, ele grita e seu corpo cai duro no chão. Uma seringa com um líquido verde cai ao seu lado junto com sangue e eu vejo seus olhos sem vida abertos.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now