Capítulo Quarenta e Quatro

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Tomás... está morto? Por minha causa?

Meu peito dói. Ao menos Niall está bem. Mas eu não entendo. Por que eles salvaram Niall?

Ah. Eles querem me controlar. O único jeito de me controlar é ameaçando meus amigos. E eles estão com os meus amigos. Se eu os desobedecer... eles irão matar alguém que amo.

— Tem alguém ansioso para te ver — ela fala.

Então, passamos por uma porta metálica que se abre automaticamente. Vamos parar em uma sala enorme. A luz é azul e as paredes brancas refletem a cor. No centro da sala, há um painel, onde há dois soldados e Max me esperando. Quando imaginei que veria Max de novo, pensava que estaria armada e dispararia diversos tiros contra ele. Mas eu estou dopada sendo segurada por dois soldados.

Percebo que há diversos telões e computadores presos em uma das paredes da sala, mas não há nenhuma cadeira ou mesa, há apenas um teclado abaixo de um enorme monitor.

— Espero que tenha sentido tantas saudades quanto eu senti. — Ele fala.

Sou arrastada para o centro da sala e fico bem perto de Max. Se eu não estivesse sendo seguradas nesse exato momento, eu daria um chute em sua barriga, depois uma joelhada em seu rosto e quebraria seu pescoço.

Só de pensar nisso eu já me sinto mais fraca do que já estou.

Percebo que ele está com um aparelho, igual a um tablet, na mão. Mas o aparelho é totalmente transparente e é fino igual a um vidro.

— Aposto que não imaginava que nosso reencontro fosse assim. — Ele mantém os olhos fixados em mim. — Suponho que Tomás tenha contado a vocês o motivo de você ser tão especial para nós. Você tem a cura porque foi um dos bebês que testamos nossas vacinas. Assim como muitos naquele condomínio. Inclusive, Harry.

Meu coração dispara. Harry? Como assim?

Ele se aproxima um pouco de mim.

— Parece surpresa. Você não sabia? — ele continua. — Lembra daqueles papéis que você e Harry encontraram no condomínio? Falando as porcentagens de serem os Escolhidos? Não sei se está lembrada, mas Harry tinha 76% de chances de ser o Escolhido. Todos aqueles que estavam com mais de 50% significava que foram testados quando bebê. Igual a você.

Então Harry também foi testado? Ele também foi um experimento da LPB? É por isso que ele estava tossindo sangue. É por isso que ele estava ficando doente. Mas será que isso pode ser grave?

— Mas aqueles papéis não importam agora. Você é a Escolhida, Claire. E como Harry foi submetido a testes quando criança, não sabemos o futuro dele. Vocês dois são os únicos do teste que ainda estão vivos. Os outros morreram por causa dele. Alguns morreram esse ano, outros ano passado e tiveram alguns que morreram no instante depois de ser injetado a vacina neles, quando bebês. Por isso, não temos muita certeza se Harry irá conseguir sobreviver. Já o testamos e percebemos que a substancia ainda se desenvolve nele. Pode ser que ela nunca se desenvolva completamente ou que... bom... você sabe...

Meu coração aperta. Sinto minhas mãos soarem. Ele não pode estar falando sério.

— Mas Harry é dois anos mais velho que eu... como...

— Ora, fizemos testes com recém-nascidos durante três anos. Haviam pessoas, como James Foster, que estavam em seus 21 anos. — Ela fala. — Mas você, Claire... você é a esperança para salvá-lo. Se nós conseguirmos criar a cura com o seu sangue... poderemos salvá-lo.

Ele está tentando me estimular para conseguir o que quer. Ele quer a cura. E irá utilizar Harry para consegui-la.

Ele tem a vantagem. Todas as vantagens. Está com meus amigos, com minha irmã, com o condômino, Harry está doente e a única coisa que irá salvá-lo será algo que a LPB quer...

É aqui em que eu me vejo perdida. É aqui que a ficha cai. Eu realmente perdi para eles. Eu não consegui. A LPB ganhou.

— Aposto que você quer ver seus amigos — ele começa a clicar em alguns botões no tablet transparente.

Então, todos os monitores ligam e mostram pessoas dentro de celas diferentes. Percebo que são câmeras filmando de cima. Fico sem ar ao ver Niall deitado em uma cama em um quarto que aparenta ser mais de um hospital. Harry está sentado no chão, com as mãos no rosto. Percebo que há uma mancha de sangue em sua roupa. Ele deve ter tossindo sangue e limpado nela. Vejo Demi chorar sentada na cama. Mike se remexe em sua cama. Dylan anda para lá e para cá. Ariana conta os machucados do braço. Louis abraça os joelhos e fica sentado no canto da cela.

Todos estão com hematomas e machucados.

— Solte-os! — digo. Não tenho dificuldade para falar dessa vez. Talvez minha força esteja restaurando.

— Oh, Claire... eu sinto muito... mas se eu os soltar, como eu irei te controlar? — ele diz.

Sinto um ódio dele. Minha vontade é de pular em seu pescoço.

— Chega de papo. — Ele aperta um botão no tablet e os monitores desligam. Percebo que tira algo co bolso. Parece uma agulha. — Me dê seu dedo.

Antes que eu possa fazer qualquer coisa, um soldado ergue minha mão para Max e ele espeta a agulha em meu dedo.

Deixo uma simples gota de sangue cair do meu dedo para o painel. Vejo a gota se transformar em uma mini poça vermelha.

Então, os monitores na nossa frente se enche de letras maiúsculas que para mim não fazem sentido nenhum. AAGUTCGTCGGA...

Diversas letras vão aparecendo. Parece não ter fim.

— O que é isso? — pergunto.

— Sua sequência genética — fala Brenda. — Com isso, podemos conseguir as suas informações genéticas e reproduzir seu gene sinteticamente.

Fico olhando para as letras.

— Cada letra representa uma substância — explica Max. — Com a sequência das substâncias corretas, nós podemos acrescenta-las ao que falta e produzir a cura.

— Esse é o primeiro passo para conseguirmos finalizar o Projeto Escolhida. — Fala Brenda.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now