Be Mine

School

- Ye.

- Que bom. Matemática avançada?

- Ye.

- Naquelas prateleiras.- ele aponta e sorri.

Já tinha tudo arrumado para semana que vem pois sou muito ansiosa. Descansava no sofá quando Li me mandou uma mensagem, uma amiga da Coréia.

" Annyeong! Como vão as coisas aí no Japão? Eu já estou com saudades. Você vem nos visitar Yui?"
Lxx

"Não... Me desculpe Li. Não vou poder te visitar tão cedo. Porém vou convercer a minha mãe. Minhas aulas começam semana que vem."
Yxx

"Ahhh! 슬픈 :(
Mas e aí? Gatinhos? >.>"
Lxx

" Não, Li... Ahhahaha :)
Mas eu esbarrei com um Coreano hoje na loja de livros escolares. Ele é loiro, bem alto, uns 20 cm a mais que eu. Tem um lindo sorriso acompanhado de covinhas *-* Você sabe que amo covinhas..."
Yxx

"Uiii... Se for da sua sala me avisa. >.>"
Lxx

"Ye. Mas nem sei se ele é do meu colégio. :("
Yxx

"Ahh... :(
Yui, preciso ir. Até mais :)
아가씨 ❤"
Lxx

"Bye Li :)
아가씨 ❤"
Yxx

Por não conhecer bem ainda o lugar onde moro resolvo parar de enrolar no celular e andar até a praça aqui perto de casa só para me situar quando estiver indo para o colégio.

- Omma! Eu vou andar até a pracinha aqui perto.

- Ye, pode ir. Mas volte cedo pro jantar.- disse enquanto lia um livro.

- Ye!- disse eu, e fechei a porta.

Saí da porta de casa e olhei para os lados, o bairro nobre em que morávamos até que tinha um cheiro muito agradável de diversas flores nos grandes jardins e exalava uma certa simplicidade. Observo uma silhueta um pouco longe caminhando em mim direção, era o garoto da loja de materiais caminhando enquanto escutava música no seu mp3.
Viajei nos meus pensamentos tentando achar uma forma de o cumprimentar que nem percebi que ele esbarrou em mim. Acabei caindo no chão e ralei meu pulso no asfalto, maravilha! Porém não foi culpa dele.
Ele tirou os fones e de forma rápida me ajudou a levantar.

- Me desculpa, me desculpa! Mesmo!

- Ye. Tudo bem.- sorriu.

- Você é a garota da loja de materiais escolares?

- Ye.

- Ah, parece que somos vizinhos. Onde mora?

- Ye. Aqui...- aponto pra casa atrás de mim.

- Você é Park Yui?!

- Ye.- então o que minha omma disse é verdade, estamos oficialmente famosos.

- Nossos pais juntaram as empresas.

- Jura?!

- Ye.- fica um silêncio constrangedor.

- Está ouvindo o que?- tento puxar assunto me sentindo meio falha.

- Eminem.

-Jura? Nossa. Pensei que ninguém aqui na Ásia gostava além de mim.

- Estava errada. Quer ouvir também?- perguntou num tom divertido.

-Ye.- ele boutou o fone no meu ouvido.- E você está afim de me acompanhar até a pracinha?

- Ye. E acho melhor pararmos devfalar coreano.

- Eu também, os japoneses irão se confundir um pouco.

Vimos o anúncio de fogos que iriam acontecer por causa do início das aulas, uma invenção de estudantes. Parece que para eles significa um bom ou grande recomeço.

- Vamos ver os fogos?- perguntou ele.

- Pode até ser, mas você ainda não me disse seu nome.

- Ah, desculpe. Kim Namjoon. Pode me chamar de Namjoon. Ou Rap Mon.

- Okay Rap Mon.- gostei do apelido.

Depois que vimos os fogos, um mar de pessoas estavam voltando na mesma direção e eu acabei me perdendo de Namjoon.

- Namjoon! Rap Mon!- gritei tanto, mas ele não aparecia, talvez obviamente não tenha escutado por causa do grande barulho da movimentação.

Uma pessoa me puxou pro beco. Era um cara bêbado. Parecia ter uns trinta anos. Começou, ou melhor, tentou me beijar. Eu tentava me soltar, porém sem sucesso, cada movimento que eu fazia me desesperava. Ele me encostou na parede e pegou nas minhas coxas, tinha o braço e o pulso muito firmes e fortes para que eu conseguisse sair dali com o que eu tinha de força. Gritei e senti que ele havia me soltado, era o Rap Mon, ele tinha o dado um soco no homem e me puxou para que começássemos a correr, o que não parou até chegarmos a nossa rua. Eu respirava ofegante e aliviada por não ter passado por um trauma horrível. Magicamente, só agora comecei a chorar angustiada.

- Quase fui estuprada por um louco de rua.- disse secando as lágrimas e ele me deu um forte abraço para que eu me acalmasse.

- Calma, eu estou aqui pra você, chore o quanto quiser. Está tudo bem agora.- dei-me um beijo na bochecha.

- Desculpa.- ele disse.

- Tudo bem.

- Você poderia não gostar desse tipo de demonstração de afeto com alguém que acabou de conhecer, que bom que não se importa.

- Obrigada.- ele me soltou do abraço e já me sentia um pouco melhor.

- Vou te deixar em casa.

- Certo.

Chegando em frente à minha casa nos viramos um para o outro num silêncio observador.

- Até semana que vem.- disse Namjoon quebrando o gelo que estava.- Descobri pelo seu irmão que somos da mesma turma, conversamos um dia desses aí.

- Vem me acompanhar? Eu não sei o caminho.

- Sim. Posso ser sincero?

- Sim.

- Deixe pra lá.- sorriu e me deu um beijo na bochecha, que eu considerei que foi no canto da boca por acidente talvez, se despedindo.

Meu coração acelerou, acho que Namjoon me fez sentir algo que nunca experimentei antes agora. Um pouco de preocupação de sua parte ou talvez eu tenha me sentido só especial, não sei ao certo, mas é cedo demais para confirmar.