Capítulo Trinta e Nove

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— Você não é a salvação, Claire — fala Harry. — Você é a destruição. Você é o vírus. Você é a morte.

Percebo que estou chorando. Minhas lágrimas se misturam com a água fria que acerta meu rosto. Meu peito arde. Minha barriga dói. Preciso acordar disso. Preciso acordar desse pesadelo.

De repente, todos ao meu redor somem e Daniel aparece em cima de um carro. Me lembro da última cena que o vi. Meu peito se aperta. Ele me salvou.

— E você deixou eu morrer — ele fala. — É só colocar mais um nome na sua lista de mortos. Isso se couber nela, pois já está cheia.

Um vulto pula da água e o agarra, o levando para o fundo da enorme piscina que um dia já foi uma rua.

Fecho meus olhos e os aperto com as mãos. Preciso acordar. Preciso acordar. Preciso acordar. Acorde, Claire. Acorde!

BUM!

Caio para trás dentro de uma escuridão sem final ou começo. Sou levada para o nada além de um breu preto e infinito enquanto caio girando com as mãos tapando o rosto.

Quando abro os olhos, percebo que não estou no escuro. Está até claro demais. Percebo que estou completamente molhada e deitada em algo extremamente frio. O sol bate contra meu rosto e eu fico praticamente cega com tanta claridade.

Coloco meus dedos no meu rosto e percebo que estava chorando. Me sento e olho em volta.

Minha visão está um pouco embaçada, mas eu consigo ver os carros molhados e destruídos na rua. Vejo que está tudo muito molhado ainda, mas nenhum sinal das nuvens da tempestade que estava acontecendo quando eu apaguei.

Quando olho para outro lado, vejo Harry sentado de costas. Ele também está todo molhado. Percebo que estamos em cima do ônibus tombado.

Uma sensação de alívio percorre meu corpo e eu me sinto como se estivesse tudo bem. Harry está vivo. Ele está vivo. Vivo. Preciso me certificar de que isto não é outro pesadelo. Não posso ser enganada por ela de novo. É tão bom vê-lo bem. Vê-lo vivo.

Ele estava aqui esse tempo todo me esperando acordar?

Ele vira sua cabeça para mim e percebe que eu acordei. Ver seus olhos novamente é uma sensação tão... Reconfortante...

Ele vem até mim com os olhos cheios de lágrimas. Eu não posso evitar de chorar também.

— Você está bem! — ele fala. — Eu... eu pensei que você... pensei que tinha perdido você. Eu não posso perder você. Não agora.

Choro em seus ombros.

— Você não vai me perder. Nunca. — Falo, soluçando.

Seu toque é uma coisa que me relaxa. É uma coisa que faz com que eu me sinta espetacular. A melhor pessoa do mundo. Eu não quero soltá-lo. Toda vez que nos soltamos algo ruim acontece e eu já estou de saco cheio de coisas ruins acontecendo.

— Não me assuste assim... — ele fala. — Nunca!

Ficamos por mais um tempo abraçados e depois ele se afasta um pouco.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now