Como Tudo Começou

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Olho para aquele porco nojento e vejo que, para o meu irmão, eu valho aquilo. Nada poderia me machucar mais do que perceber isso. Será que eu tenho mesmo que passar por isso? Minha vida já não é ruim o suficiente?
Você não deve estar entendendo muita coisa, então deixe que eu te explico melhor:
Meu pai, há muito tempo, embarcou em um navio com Vasco da Gama para a Índia, mas infelizmente adoeceu e morreu. Minha mãe, recebendo a notícia do falecimento do meu pai, se entregou a uma depressão horrível. A partir daí começamos a passar por algumas dificuldades, então meu irmão e eu tivemos que arranjar empregos: ele nos estábulos e eu no engenho de açúcar, porém, continuamos a passar por aquelas dificuldades, mas mesmo assim ainda acho que não é justo ele me vender para mudar essa situação, ainda mais para um simples mercador que passava na rua.

De repente vejo o mercador me olhando com um sorriso cínico e frio. Na hora, meus olhos começar a se encher de água, e logo as lágrimas começam a correr pelo meu rosto.
Ao terminarem de resolverem tudo, meu irmão me pega no colo, me coloca dentro da carruagem do vendedor e me diz :
- Seja uma boa menina, sua imunda.
Lança-me um sorriso diabólico e se junta ao resto da família que, assim como eu, choravam incontrolavelmente.
Depois de algumas horas, a carruagem para e um homem horripilante aparece. O mesmo tinha uma barba feia e olhos azuis, que entravam em meu cérebro e viam meus medos. Tirando-me de meus devaneios, sinto um puxão no braço e, como por instinto, me encolho. Vou andando até que ele me para.
- Vou ver se consigo um lugar para você, garota. E se tentar fugir, as coisas vão ficar piores, ouviu? Agora fique aí que eu vou ver o que eu consigo fazer.

Faço que sim com a cabeça, mas não respondo nada.
Levanto minha cabeça e vejo que minha liberdade está entrando junto com ele por aquela porta.

Bela EscravaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora