Half a Soul

Parte 2 - O recomeço

Oi, espero que gostem, achei que a primeira parte teve um bom feedback. Essa segunda parte se aprofunda mais de como será a estória. Beijos da tia Ste, votem, comentem, e tenham uma boa leitura :)

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L.

O sol da manhã entrava pela janela através do vidro, iluminando o lápis em minha mão que mais uma vez delineava os traços fortes daquele rosto, um maxilar rígido sob o grafite, e olhos penetrantes invadindo minha alma, mesmo que apenas em um esboço.

Ao meu redor desenhos e mais desenhos, por toda a parte, meu trabalho, minha vida, quase tudo que eu era. Rostos sobre a parede gasta, os olhos verdes de Emily me observavam como se sorrissem, pois era sempre assim que eu a esboçava, feliz, como ela sempre seria em minha memória.

Outro par de olhos verdes distribuídos em outros tantos desenhos, encarando-me como se me envolvesse e mantivesse o calor levado por Emily, como se ela nunca tivesse ido, olhos verdes substituídos por outros, os quais me circundavam sem ao menos conhece-los, pelos últimos quatro anos.

Levado por meus pensamentos, percebo um pequeno ser me olhando apoiada sobre o batente da porta, Sophie com seus olhos tão verdes quantos os de sua mãe me observando como se eu não pudesse vê-la.

— Porque será que alguém está fora da cama tão cedo? — Perguntei como se falasse sozinho, fazendo Sophie sorrir e entrar correndo em meu quarto, abraçando minhas pernas em seguida.

— Hoje é o primeiro dia de aula, papai, estou ansiosa. — Respondeu ela subindo em meu colo, passando seus pequenos dedos em meu desenho sobre a mesa.

— Eu sei, Soph, mas não precisa ficar ansiosa, você vai se sair muito bem, eu aposto cinco cartas de Pokémon com você! — Disse passando a mão em seus cabelos, pondo-os em ordem.

— Aposta aceita, foi bom fazer serviço com você, senhor papai Tommo. — Sophie falou em um tom sério, estendo a mão para um aperto.

Apertei sua pequena mão sorrindo, logo levantando-me a levando no meu colo, percebendo o quanto ela estava grande, Sophie realmente já não era um bebê, e quando queria realmente não agia como um, ela tinha a personalidade forte exatamente como minha mãe, sua avó.

— Você já escovou os dentes?

— Já! — Exclamou ela abrindo um sorriso enorme para que eu pudesse ver seus dentes limpos. — Um deles está mole, olha. — continuou ela, balançando um dente de baixo com a ponta do dedo.

— Então a super fada do dentes nos fará uma visita em breve!

Sophie apenas piscou para mim, com toda a certeza ela deve saber que a super fada do dente sou eu, não tem como ser muito discreto quando se põe uma action figure em baixo de um travesseiro.

— Papai, posso te fazer uma pergunta? — Perguntou Sophie enquanto comíamos cereal assistindo televisão.

— Claro, filha.

— E se as crianças da escola não gostarem de mim? Eu tenho medo. — Disse ela de cabeça baixa.

Ao ouvir sua voz fraca ao perguntar, larguei minha tigela de cereal sobre a mesa rapidamente, e peguei Sophie no colo.

— Hey, você não deve se preocupar se eles vão gostar de você, o importante é você gostar deles, é assim que amizades começam, filha, eu sei que pode ser difícil, mas não precisa ter medo. — Falei olhando em seus olhos.

— Mas você não vai estar lá para me proteger, pai.

— Eu sei, mas você não vai precisar de mim, você é uma menina forte. — Tentei responder da melhor forma, com dificuldade para achar as palavras certas.