Capítulo 11 - A Primeira Luta

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Arcturus vê com o canto dos olhos dois guardas conversando. A Guarda de Lisarb era conhecida por ser a guarda particular do Conselho. Destacavam-se da multidão com seus mantos vermelho-sangue com o capuz negro cobrindo parte do rosto. Antigamente, o manto da guarda era verde-musgo com ricos detalhes em dourado. Pareciam nobres em vez de guerreiros. Mudaram os mantos? Tem alguma coisa estranha...

Arcturus se aproxima de uma venda próxima aos dois. Finge analisar uma fruta com o rosto escondido no capuz do seu manto enquanto escuta os guardas conversando.

-...esses quatro fugitivos de Sieramaris são mesmo uma ameaça? Não entendi direito as ordens do Conselho...

-E o que há para entender? Apenas cumprimos ordens. E eles disseram que devemos fazê-los parar, não importa como. Não temos nem como questionar. Estão armados. Então são um risco.

Discretamente, ele sai das proximidades dos guardas. Kiwe o vê do outro lado da esquina. Iria gritar para chamá-lo, mas Arcturus leva o dedo nos lábios, pedindo silêncio, e aponta discretamente para os guardas.

Virando a esquina, longe da vista dos guardas, Arcturus e Kiwe voltam a taberna andando depressa de modo discreto. A cidade estava tomada por guardas. O toque de recolher havia sido instaurado. Não tinha como fugir.

Anoitece. Atrás da taberna havia um bosque que rodeava a cidade toda. Sem chamar a atenção de ninguém, os quatro conseguem atravessar o telhado pela janela, andando como gatos na escuridão da noite. Uma das árvores projetava um galho grosso por cima do telhado. Kiwe, com sua experiência em árvores, sobe imediatamente, seguido por Orion e Siev, que ajuda Arcturus a subir. Desceram pela árvore e avançaram bosque adentro, alcançando a estrada principal, seguindo ao norte, saindo da cidade com o véu noturno da madrugada a oculta-los.

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O rei Nisan fora interrogado e torturado até que ele confessasse que enviara uma mensagem através de seus quatro conselheiros. Morreu devido a tortura sem dizer pra quem enviou ou onde os quatro estavam realmente. Dera uma pista falsa. Dissera que os quatro foram para o reino de Ainôgatap, no extremo sul do continente. O Conselho mandara uma caravana para prendê-los, mas viu que era uma pista falsa chegaram. Nisan morreu vários dias depois da derrocada de Sieramaris, enquanto os quatro estavam quase na fronteira entre Lisarb e Ocixém-Amakata, o Grande Deserto Dourado.

Durante cinco dias andando com apenas poucas pausas para descanso, os quatro param para descansar na sombra de um grande carvalho. Siev estava sentindo um estranho enjôo arrebatando suas entranhas e uma leve e incômoda dor nos ossos estava deixando-o transtornado. Os músculos precisavam de um repouso que não tinha. Suas poucas noites de sono eram tensas. Acordava ensopado de suor, com uma crise de pânico sem explicação. Eram pesadelos vazios. Pesadelos onde não aparecia nada, não acontecia nada, um simples vazio na mente, mas que tinham a capacidade de fazer Siev acordar com o coração acelerado e o peito musculoso ofegante.

Kiwe sobe o carvalho para ver o horizonte e definir a melhor rota. Três colunas de fumaça distantes uma das outras se erguem do horizonte. Mercenários, talvez.

-Precisamos de um plano.- declara Orion. -Podemos chegar e derrotá-los um a um. O que me dizem?

-Nem todos nós somos guerreiros, Orion.- retruca Kiwe. Siev intervém.

-Realmente... Nem todos nós somos guerreiros...- disse pensativo.- Tenho um plano.

Orion, Kiwe e Arcturus olham para Siev. A expectativa é grande.

-Kiwe e Orion ficam de tocaia. Arcturus segue logo atrás com Kido. Eu vou na frente com meu equipamento de metalurgia como isca.

-Não mesmo! Siev, essa idéia é absurda!- exclama Arcturus.

Crônicas Selvagens - Livro 1 - A Primavera de SieramarisWhere stories live. Discover now