Vou encher um copo de água e deito-me na cama.
Sinto a minha inutilidade a afundar-se nos lençóis.
Talvez vá fumar outro cigarro para alimentar o tédio...
Tenho o quarto, a televisão, a comida, as pessoas. Não parece que falta muito.
Mas sim a mim falta, porque me foi retirado um pedaço cru do corpo e exposto a fraqueza dos comprimidos que me dão a tomar.
Sinto falta sim. Do meu quarto, do meu cobertor, da minha varanda, das decorações, de cozinhar...
Estou aprisionada, sinto como que já não tivesse vida.
Para mim isto e como uma prisão... de palavras, de sentir e respirar ate onde quiser.
Vou mesmo fumar outro cigarro para ver se o tempo passa mais rápido..
