O pai da minha amiga - Livro I.

Capítulo 1

Ele mexeu nos papéis e se irritou, tirou o telefone do gancho e discou o número do ramal da secretária.

- Vanessa, onde estão os papeis do processo do senhor Cal.?

- Sr. Cooper, estão aqui comigo, já vou levar para o senhor! - a voz rouca respondeu do outro lado da linha.

Não demorou nem cinco minutos e Vanessa já batia na porta do chefe.

- Entre! - Disse ele enquanto assinava alguns documentos.

A secretária entrou e entregou os papéis.

- Desculpe senhor, ontem o senhor estava tão preocupado que nem se deu conta que largou os papéis em minha mesa. Eu lhe trouxe um cappuccino, com adoçante! - ela colocou o copo descartável com a bebida em cima da mesa.

John respirou fundo grato pelo cappuccino, ele realmente estava precisando de um naquele momento.

Observou a secretária de cima a baixo, ela usava óculos fundo de garrafa, os cabelos presos num coque sem um fio fora do lugar e um terninho marrom. Vanessa de fato não tinha bom gosto, porém era eficiente e de uma obediência exemplar. Parada como uma estátua, parecia mais estar obedecendo a um sargento do exército do que a seu chefe.

- Obrigado Vanessa, pode sair agora. - Disse ele satisfeito.

- Sim senhor, com licença. - Vanessa caminhou até a porta de cabeça baixa distraída, girou a maçaneta e de cara se deparou com um homem alto de terno cinza. Por pouco não esbarrou nele. - Oh, perdoe-me. - passou por ele como um raio e saiu do escritório.

- Essa é sua secretária? - O tal homem de terno perguntou rindo e apontando para a porta. - Ela não é tão atraente quanto sua ex-secretária Patrícia, mas é razoável.

- Olha só, quem é vivo sempre aparece!- John levantou-se indo até o amigo, se abraçaram com tapas nas costas. - Onde estava seu pilantra?! - riram.

- Me divertindo por aí, mulheres, viagens... Você sabe aproveitando a vida que é a segunda coisa que eu faço de melhor! - O homem tirou o paletó e estendeu nas costas de uma poltrona, sentando-se no móvel todo largado.

- E qual é a primeira coisa?! - John ergueu as sobrancelhas e colocou as mãos nos bolsos encarando o amigo com o ar divertido no rosto.

- Advogar, e de modéstia parte eu sou o melhor advogado. Claro que depois de você! - riu com vaidade.

John deu a volta e sentou-se novamente na cadeira giratória, debruçando os braços sobre a mesa.

- Trevor você não tem jeito cara. Confesso que estou feliz em te ver. - Ficou curioso graças ao fato do amigo estar tão bronzeado quase como um camarão. - Por onde andou, está parecendo um churrasco bem passado! - John gargalhou do amigo.

- Ah, eu estava em Cancún no México, que lugar maravilhoso John, e cada mulher... Hum. Preciso te levar lá. - Trevor afrouxou a gravata.

- Que bom que se divertiu, mas lamento informar que sou um homem comprometido. - riu balançando a cabeça ao ver a expressão de pavor que se formou no rosto do Trevor quando mencionou seu compromisso.

- Não me diga que já se casou seu maluco?!- Trevor indagou perplexo.

- Não! Quero dizer, não ainda...

- Ufa, que susto! Pensei que meu amigo tinha ficado louco de vez - Trevor levantou e pegou o copo descartável com o cappuccino em cima da mesa e bebeu sem nem perguntar de quem era.

- Ei, isso era meu! - John disse vendo seu copo esvaziando enquanto seu amigo de longas datas saboreava a bebida quente.

Trevor se jogou na poltrona novamente e ofereceu o copo para o amigo com o cappuccino pela metade. John sorriu e fez que não com a cabeça.