Capítulo Vinte e Um

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Pego sua mão que não está com gaze e a aperto um pouco.

— Vou procurar Harry — falo.

Ele assente.

Começo minha busca por Harry. Passo por mais algumas macas e me assusto ao ver a situação de um paciente em uma maca. Ele está com os braços e pernas engessados e seu rosto está cheio de ferimentos enormes. Tem um Curador observando o paciente. Ele fica anotando coisas na prancheta.

Tento imaginar o que aconteceu com ele. Como ele ficou assim? Por que ele ficou assim?

Balanço a cabeça para espantar os pensamentos. Preciso me concentrar em encontrar Harry.

Vou passando de maca em maca para ver se Harry está em alguma delas. Após alguns minutos de busca, eu o encontro no final da barraca, onde há outra abertura por perto, provavelmente é outra entrada.

Vou na direção da maca de Harry com um enorme sorriso. Ele se assusta ao me ver e sorri. Ele está sem camisa, mas um monte de ataduras bloqueiam grande parte do seu ombro. Isso tudo de ataduras apenas para um tiro no ombro? Eles exageraram na quantidade. Será que é tão fácil assim para eles conseguirem essas coisas?

Meu coração aperta ao ver os diversos ferimentos no rosto e no abdômen.

Quando estou chegando perto dele, vejo a abertura da barraca abrir e então várias pessoas armadas entram. Levo um susto e me paraliso. Fico observando as pessoas entrarem. Seis pessoas entram, dois homens e quatro mulheres. Três ficam de um lado da abertura e os outros três ficam do outro lado. Vejo a luz do sol entrar enquanto as pessoas seguram o tecido da barraca para manter a passagem.

Vejo uma silhueta se aproximar. Um homem com uma barba bem feita, cabelo castanho e bem arrumado, olhos verdes e com cara de ter uns trinta anos ou mais.

— Claire, me siga por favor. — ele fala.

Engulo o seco. Olho para Harry. Ele parece um pouco preocupado, mas faz um sinal com a cabeça apontando para eu ir com ele.

Respiro fundo e então começo a caminhar na direção do homem.

***

Enquanto caminhamos pelo parque, vários olhares se viraram para mim. Alguns sorriem para o homem que estou seguindo. Eu imagino que seja Tomás. Os homens armados que nos seguem devem ser aqueles "Maléficos" que Anne falou que Tomás tinha.

Passamos por um monumento enorme chamado Obelisco de São Paulo e começamos a entrar no meio de diversas árvores. Saímos em uma rua onde pessoas passeiam tranquilamente. Atravessamos a avenida e passamos por cima de uma cerca caída. Atravessamos mais árvores e saímos em uma espécie de campo. Depois, mais árvores.

Eu não sei para onde ele está me levando. Olho para cima e tento ver alguma coisa. Levo um susto ao ver o quão estamos perto de um prédio. No meio das árvores, pessoas passam rindo. Talvez aqui seja o leste, onde eles ainda habitam. Tomás realmente tem uma enorme civilização.

Saímos em uma rua lotada de enormes árvores muitas pessoas estão aqui. Vejo uma cerca bloqueando a saída da rua. Lá no outro lado da rua, consigo ver outra cerca. Eles utilizam só essa rua. E pelo que eu consigo contar, são sete prédios enormes nessa rua. Eles habitam sete prédios, sendo que um é a Goteira.

Nós entramos em um prédio aberto, onde pessoas entram e saem com toalhas jogadas nos ombros e levando coisas de banho.

Espera... Estamos na Goteira. Mas por que ele me trouxe aqui?

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now