Capítulo Quinze

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A outra de mim deve estar se divertindo vendo essa situação.

Passo pelos portões abertos com passos rápidos. Vou até a porta de entrada e paro na sala da casa. A casa está totalmente imunda. A poeira invade minhas narinas e eu sinto uma enorme vontade de espirrar. Meus olhos se irritam um pouco também. Merda de rinite. Tem uma passagem para a cozinha e ao lado da passagem, escadas.

Vejo Harry subir as escadas correndo. Eu corro atrás dele, chegando no corredor do segundo andar. Vejo uma janela aberta na frente das escadas e no final do corredor, vejo uma porta, provavelmente para o banheiro.

Vejo outra porta no meio do corredor, a qual Harry entra. Eu vou atrás dele.

Entro em um quarto onda há uma cama de casal, um enorme armário com um colchão de solteiro em cima. Um outro colchão com lençóis desarrumados está no chão, ao lado da cama de casal, como se alguém tivesse dormido no chão.

A cama de casal é bem grande, deve dar para três pessoas dormirem.

Harry olha para mim. Eu vejo sua expressão de tristeza. Vejo no que se transformou.

Ele respira fundo, e então pergunta:

— O que foi?

Engulo o seco. Seu tom continua frio e grosseiro. Vou até a porta e a fecho.

— Por que está assim? — pergunto, olhando em seus olhos.

Ele hesita.

— Por que está se importando? — ele pergunta.

— Porque eu me importo com você — falo rapidamente.

Ele se cala por alguns segundos. Não sei direito o motivo, mas sinto uma raiva emergir de dentro de mim. Tento me controlar.

Harry dá alguns passos para trás e coloca a mão em sua testa, a esfregando.

Ele abaixa a mão e fala:

— Me desculpa. Eu só não me sinto o mesmo. Eu... — ele tenta achar palavras. — Eu quero que você fique segura. Quero que fique viva e quando a vejo fazer essas coisas malucas que você faz, quase se matando...

Eu estava certa. Ele não gosta quando eu me arrisco. Ele não gosta que eu quase me suicide.

— Harry, se eu não tivesse feito aquilo eles poderiam estar mortos! — falo.

Ele me encara. Seu rosto parece exausto.

— Você poderia ter morrido — ele fala, começando a aumentar sua voz. — Você tenta salvar todo mundo... Mas por que você não tenta se salvar?

— Eu me curo! Não iria morrer se um tiro daquele jato me atingisse!

— E se o tiro te atingir na cabeça? Como tem certeza que ia se curar? — Ele parece começar a se enfurecer.

Eu cruzo os braços.

— Não consigo pensar em mim quando vejo uma situação onde meus amigos correm perigo! — falo.

— Não foi isso que aconteceu naquela avenida quando explodiu aqueles carros sabendo que nossos amigos estavam na rua! — ele rebate.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde histórias criam vida. Descubra agora