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Família. Essa era a única coisa a qual eu achava que jamais poderiam tirar de mim, além do meu conhecimento. E se eu pudesse definir em apenas uma palavra, essa seria Amor. Entretanto, entre os vários significados belos atribuídos à esse sentimento, amar também significa em que algum momento iremos perder, e a dor da perda é o mais doloroso preço a ser pago por uma vida repleta de amor.

Não faziam muitos anos desde que a guerra havia acabado, e com ela, levado a vida de milhares de camponeses, dentre eles, meu amado pai. Ele era um homem forte, corajoso, carismático, carinhoso e sobretudo gentil. Em uma época onde homens não gostavam de mulheres que pensam por si próprias, meu pai sempre incentivou minha mãe a ler e pensar por si mesma. Ao contrário da maioria das famílias no Reino, o casamento de ambos não era uma faixada ou uma simples troca comercial, eles se amaram. E eu sempre tive a certeza de que meu pai amara minha mãe até seu último suspiro.

Após a fatídica guerra que levou consigo a vida de meu pai, sobrara apenas eu, minha mãe e meu irmão mais velho, que assumira desde de seus 13 anos o papel de homem da casa, cuidando para que nada viesse a nos faltar. Eles eram tudo o que eu tinha, e mais uma vez, apesar do ocorrido com meu progenitor, não tardei a me apegar novamente a ideia de que ninguem poderia os tirar de mim.

Apesar de ser mal visto uma moça nutrir interesse pela literatura e estudos em geral, com suas próprias opiniões e que estivesse mais apegada à ideia de sucesso pessoal do que no planejamento de um casamento perfeito, meu maior apreço é a literatura. Nutria secretamente o desejo de ser a primeira mulher a lecionar na escola primária do centro da Vila onde eu e minha família morávamos. O centro de ensino ficava há aproximadamente cinco quilômetros de nossa casa, e a melhor parte do dia, era a hora em que eu ficava na janela observando as crianças irem para a escola.

Todavia, as lembranças póstumas e saudosistas de um tempo que não retornaria, insistiam em invadir minha mente mais uma vez. A sensação de ingenuidade e culpa recaíram mais uma vez sobre mim. Por tanto tempo tive a convicção de que não os perderia, de que ninguém os tiraria de mim, mas aprendi da pior forma de que isso não era verdade, e que nada mais era que uma mentira ilusória reconfortante, a fim de manter-me em um eterno estado de negação acerca daquilo que perdi e que poderia vir a perder.

E não fora apenas aqueles que eu amava a serem tirados de mim, como também a minha liberdade, direito de escolha, de opinar. Eu não pude fazer nada mais que aceitar a situação que estava sendo imposta à mim. Impotência é a palavra exata para definir como me sinto diante dessa situação.

Eu perdi tudo.

[...]

Flashback on.


Não posso negar, o dia amanhecera especialmente lindo. O céu havia sido preenchido por uma paleta de cores. Azul, rosa, roxo, amarelo, todas as tonalidades se misturavam, dando um aspecto único ao amanhecer que inaugurava o dia. Minha audição não tardou a ser preenchida pelo canto dos pássaros, que por sua vez formavam uma bela melodia, me fazendo sorrir levemente. Era como se os pássaros fossem os músicos e a natureza o maestro. As nuvens enfeitavam o amanhecer tão timidamente quanto o sol, que se escondia atrás das montanhas e se mostrava pouco a pouco.

Prometida do Vampiro || REESCREVENDO E REPOSTANDO ||Where stories live. Discover now