Chicago - Minha perdição

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Eu sou brasileira, e trabalhava em uma loja de roupas pra ajudar minha família há uns 4 anos. Mas o salário não era bom o suficiente. Nunca foi. Até que minha mãe adoeceu, e eu percebi o quanto eu precisava de mais dinheiro para resolver o problema. É estranho como quando estamos sob pressão, fazemos coisas que pensamos que nunca faríamos.  Um dia na mesma loja de roupas, enquanto eu distraída, pensava em uma forma de ganhar dinheiro, vi uma moça de cabelos ruivos e grandes passar pela porta giratória. Ela usava um casaco branco e olhava pela loja como se procurasse alguém. Perguntei se ela precisava de ajuda. Ela sorriu me analisando, como se visse uma peça de roupa que procurasse por muito tempo. 

E foi assim que eu conheci Samanta. Minha chefe de hoje em dia. Fui convidada pro programa. Achei aquilo absurdo. Claro, quem não acharia? Mas o salário era tudo que eu precisava. Me mudei pra Chicago, e deixei minha mãe e minha irmã mais nova pra trás, no Brasil, onde elas ficariam seguras e eu poderia ajudar de longe. Eu prometi que voltaria de tempos em tempos. 

Mas tenho certeza que elas estão bem. Eu mando dinheiro pra casa sempre. Como qualquer uma faria no meu lugar. Foi pra isso que eu vim pra Chicago.

— Sami — ela disse — Isso pode ser incrível — Lara estava empolgada, analisando as fotos do Desconhecido no celular, como se estivesse no Tinder.

— É só mais um dia de trabalho — respondo — Tudo dá no mesmo. Como em todos os outros desde os anos atrás. 

— Isso me lembra que amanhã é aniversário da Milly. — Lara comentou. Milly era a mais nova do nosso grupo. Ela morava na casa onde a gente trabalhava. Tinha 10 anos. Mas amanhã faria 11. Ela sabia de tudo que acontecia. A mãe dela abandonou ela, e então, nós cuidamos dela. Ela já estava lá quando a gente cheguei. Isso já faz três anos. Milly me lembra a minha irmã. Mas teve que passar por situações mais difíceis.

Samanta não era como eu imaginei. Ela só escolhia as garotas. E levava pra casa de Chicago, como a gente chamava. E realmente era em Chicago. Mas ela não era sempre assim. Pelo contrario. Era uma cobra disfarçada. Eu descobri isso quando vi ela batendo na Milly. E eu me apeguei a Milly por isso.

Uma criança que não teve direito a infância.

- Bem. Vamos ver. Quem é ele? - Lara estava com o celular na mão, prestando atenção nas fotos dele. E então, me mostrou...

- Parece atraente - eu disse

- Sempre estou certa. Você devia saber disso. - ela disse
E rimos juntas.

Mas na verdade, pra mim não fazia a minima diferença. Pra mim, um cara rico que era bonito, provavelmente estava traindo a mulher. O que já fazia dele um canalha. Olhos verdes. Foi a primeira coisa que notei.

- Isso não muda nada - eu disse. Olhando a foto de novo, percebi que ele parecia um empresário. Tinha cabelos pretos. Terno cinza. Sério. Estava numa mesa de trabalho. Atrás dele uma parede de vidro. Aquele devia ser o escritório dele. Ele era forte. Devia passar horas na academia.

— Que horas? — pergunto, dando mais um gole no meu café, meu vício mais forte.

— Hm. Já se empolgou — ela disse me provocando.

—  Isso é trabalho. Não apego. Ninguém se apega numa relação de dominante e de submissa. — eu disse. O que era verdade. Não se apegar faz parte.

— Não disse que você ia se apegar. Você quem está dizendo isso.

— Vamos mudar de assunto por favor? — eu disse revirando os olhos

— Tudo bem. Se você quer assim — Lara responde. Com um sorriso mais leve no rosto. E depois se recostando na cadeira do Starbucks.

Lara não me contava as histórias dela nem o que fez ela ter que optar pela vida de "prostituição". Mas eu sabia que a história não podia ser muito triste. Ela parecia tão feliz. Sempre tinha um sorriso no rosto. Mesmo que carregasse marcas pelo corpo. Os homens que saiam com ela sempre pagavam muito bem. Ela ganhava mais do que eu. Sempre via o lado bom das coisas. As vezes parecia que ela tinha escolhido aquilo pra ela por opção pessoal.

— O que vamos dar pra Milly? — ela pergunta

- Acho que ela quer um livro, o Cinquenta Tons de Cinza - Lara comenta

- Não! Ela não vai ler esse livro. Não mesmo! Ela só tem 11 anos. - respondo assustada. Mas a verdade era clara. Ela já tinha uma idade mental maior. Por ter passado por muitas situações difíceis, ela cresceu muito rápido. Não tinha 11 anos. Não era uma menina pequena. Ela conhecia o mundo das submissas antes mesmo de eu entrar nele.

Minha irmã mais nova se chamava Alice. Tinha 8. Eu nunca mais vi ela, depois que saí do Brasil. Tres anos sem ver nem ela nem minha mãe. Só ligações que a cada dia eram menores. Não sei se ela gosta de andar de bicicleta. Não sei se ela lê livros. Se alguém na escola dela incomoda ela. Será que ela tem uma paixão por algum menino da escola? Será que ela nem pensa nisso? Com oito anos eu era apaixonada por um menino que sentava na minha frente. Será que ela também?

Eu nunca mais voltei ao Brasil. Nunca. 

— Terra chamando! — Lara gritou

— O que foi? — pergunto, com um tom meio grosseiro, após ela me tirar dos meus penamentos. 

— Samanta mandou uma mensagem agora. Ela quer que a gente volte pra casa antes das 20h. O seu dominante vai te buscar as 21h. — ela diz, com o tom mais animado do que o meu.

Mais uma noite. Eu terei que fazer mais algumas coisas que não gosto. Pelo menos ele parece bonito. Mas mesmo assim. Eu vou me sentir mal no final. Como sempre me senti.

Eu me lembro de uma das minhas primeiras noites. Me senti muito estranha. Queria vomitar. Não era virgem, mas dominantes não ligam pro bem estar da submissa. Pelo menos não aqueles que eu tinha atendido.  Acredito que a primeira noite tenha sido de fato a pior delas. A vida de submissa não era fácil, mas com o tempo eu me acostumei aquelas coisas.

Seis horas depois...

Durante o dia, normalmente, nós cuidamos das tarefas de casa, saímos. Mas não estudamos.

Naquela noite, quase todas nós tínhamos encontro marcado, em plena sexta-feira. Lembro de estar na sala. Junto com a gente, moram mais sete meninas. Somos boas no que fazemos. Bia. Maria Clara. Karine. Silvia. Francy, Mariana e Luana. Bem, são as mais desejadas, porém, não são lá muito amigáveis. Essas ultimas três, são ridículas. Sinceramente. Mais tarde eu conto a história delas.

Estávamos todas na sala. Aguardando. Francy e Mariana estavam na frente do espelho, conversando baixinho, e tirando selfies. Que tipo de gente tira selfie antes de sair com um dominante?

— Hoje eu vou ter um encontro in-crí-vel! — Francy disse, agora em tom mais alto.

— Eu também amiga! Um milionário per-fei-to! — Mariana comemorou.

Pra mim não tinha diferença. Eram todos dominantes e submissas. Nada de mais. Mas elas gostavam de se gabar. E nem eram aquilo tudo, posso jurar isso pra você, leitor. E elas tinham aquela maria horrível de falar com sílabas separadas.

— Tem gente que não consegue um único encontro com alguém com condição melhor. — Francy disse.

Entendi. Era pra mim. Mas não respondi. Porque fui interrompida por Bia.

— Quem está esperando alguém com um uma Ferrari? — Bia disse sem acreditar no que via.

Então Samanta, chefe de todas nós, entrou na sala, vindo em minha direção. Eu estava distraída, olhando pro relógio e pensando em qualquer coisa.

— Samira... Esse é seu dominante.

E foi assim. Assim que ele entrou na minha vida.

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⏰ Last updated: Nov 21, 2021 ⏰

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