Capítulo 1: Chuva de Canivete

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Estava chovendo, todos estavam na aula até que ouviu-se um grunhido atormentador. O silêncio reinou dentro da sala. Começaram umas batidas na porta, com muita força, parecendo que queria derrubá-la. Este era o objetivo.

A professora foi abrir a porta para ver o que estava acontecendo, e quando a abriu se deparou com "aquilo"; estava todo deformado e com os olhos vermelhos. Vermes estavam em toda parte de sua pele em carne viva. Muitos começaram a gritar e se agitar estupidamente; a professora quis fugir, mas ao tentar fazer isso cometeu um erro que custou sua miserável vida. Deu as costas a um sedento e não demorou muito para ele saciar sua fome com aquele pescoço à mostra.

Todos os restantes estavam vidrados no que estava acontecendo e de olhos arregalados, também sem saber o que se sucedia bem ali na frente deles.

Quando menos se esperou a "coisa" havia terminado seu deturpado lanche, ou simplesmente perdeu o interesse em sua vítima. Deixou o corpo todo ensanguentado e mordido ali mesmo de olhos abertos e com a expressão de pânico, uma cena horrível de se ver; mas não tinham escolha e estavam ali junto àquela criatura cada vez mais sedenta por carne humana, se arrastando como podia para ir em direção ao seu banquete.

Então, Gabriel ao ver ele se aproximar pegou a coisa mais afiada que havia próximo de si, uma caneta, e partiu em um ato de sagacidade e rapidez dando estocadas na face do sedento, gritando:

- Morra, seu maldito! -

Jean, Henrique e João também se juntaram para dar golpes enquanto os outros atrás estavam imóveis e indecisos se queriam ou não ir para fora da sala, pois para isso teriam que passar por quatro insanos com olhares assassinos que encontraram sua real natureza.

Houve um grande despertar.

Um grupo fitou o outro por uns dez segundos até que na parte superior detrás da escola, onde ficava o refeitório um grito ressoou e cessou de forma brusca e estranha.

A chuva começou a engrossar e mesmo pouco depois das quatro e meia da tarde o céu branco tapado de nuvens fazia tudo ficar mais escuro e sombrio.

Os quatro foram saindo um à um pois já tinha uma ideia do que estava acontecendo e teriam que se armar melhor. Largaram os outros para trás com fedor e podridão deixando marcas de sangue pelo chão.

Não se enganem, eles também estavam com medo, mas como houve o despertar, eles apenas andavam juntos ao medo e trabalhavam em concordância.

- " O quê que nós faz agora? " - Perguntou Henrique.

- Armas cara. - Disse Jean

Teriam que subir até o refeitório; e já estavam nas escadas quando João disse para Gabriel:

- Vai precisar de algo melhor do que uma caneta "hóme". -

- Eu sei. - Ele disse.

Mas mesmo assim guardou-a no bolso e no mesmo instante percebeu que sua mão estava toda vermelha de sangue a secar e as mãos tremendo.

Subidas as escadas, na entrada de uma espécie de pátio entre a distância até as mesas do refeitório, estava um sedento, por sorte de costas e acocado. Devorando em uma poça de sangue possivelmente a menina que dera o grito de antes.

O sedento na verdade, também era uma menina; estava com um aspecto cinza e toda suja com marcas roxas que pareciam hematomas.

Sua espinha vertebral estava bem saliente nas costas. E quando os quatro chegaram sem serem percebidos a uma distância de três metros, Henrique sinalizou com a mão o número três e então começou: um, dois e...

SEDENTOSWhere stories live. Discover now