CAPÍTULO 7

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- Cheguei! - gritei assim que abri a porta. Estava tentando evitar esbarrar em qualquer pessoa que fosse, por isso resolvi mostrar minha presença.
- Estou na cozinha, querida. - disse minha avó.
Me encaminhei até a cozinha e quando cheguei lá dei um beijo na minha avó.
- Boa Tarde! Está um lindo dia, não é vovó? - falei saltitante.
- Está sim, mas que tanto bom humor é esse? - perguntou ela sorrindo.
- Eu sempre estou de bom humor. - respondi sorrindo.
- Ah claro.- ela começou a rir. - Então não tem nada a ver com aquelas rosas vermelhas que você ganhou do seu admirador secreto? - insinuou ela apontando para o vaso que estava com as rosas que o Nicholas tinha me dado noite passada.

Eu sinceramente não sei o que deu nele para fazer isso, nem muito menos o que deu em mim de aceitar aquela coisa dele de "recomeçar". Mas, quando eu olhei nos olhos dele simplesmente não pude dizer não.
Ah, deve ser a poluição que está me deixando assim, deve ter entrado no meu cérebro e agora está me fazendo ter alucinações.

- Claro que não. - respondi na defensiva. - Aliás, a senhora sabe muito bem que foi o Nicholas que me deu essas flores. E ele não tem nada de secreto, e muito menos de admirador.
Comecei a atacar uma torta de chocolate que estava em cima da mesa enquanto minha avó começou a rir.
- Tudo bem então. - disse ela. - Sabe, eu sempre pensei que vocês dois ficariam juntos quando eram pequenos. Eram tão fofos.
- Vovó! Até aparece! Eu e o Nicholas? Nunca.
Minha avó riu e se virou pra mim.
- Ele vai vir aqui hoje. - disse ela.
- Ele quem? - perguntei.
- Seu admirador secreto. - disse ela sorrindo.
- O que? Pra que? - perguntei franzindo as sobrancelhas.
- Vou fazer um jantar de agradecimento. - disse ela lavando as mãos.
- Nossa vovó, é assim tão surreal eu ganhar flores que a senhora vai até dar um jantar? Se alguém me der uma caixa de chocolate é capaz da senhora entregar o Oscar pra pessoa. Sabe, eu até que não sou tão anti social assim não. - falei olhando pra ela.
- Não é por causa disso querida. - disse ela rindo. - Quero fazer uma reunião de amigos para relembrarmos os velhos tempos, a Anna vai vir também. Chamei a mãe dela.
Aí droga. Eu já até imagino esse jantar...
- Mas... Por que o Nicholas tem que vir mesmo? - falei tentando fazer ela mudar de idéia.
- Sofie, o Nicholas e a mãe dele são grandes amigos nossos. Ou pelo menos, eram só amigos. - falou me dando um olhar de insinuação.
Revirei os olhos.
- Vovó eu e o Nicholas não somos mais "grandes amigos" já faz cinco anos. - falei pra ela.
- Não é o que parece.- disse ela apontando para as flores.
Assim que ela virar de costas eu juro que jogo essas flores longe!
- Quer saber, pode chamar ele, não é como se isso fosse me afetar ou coisa do tipo. Eu e o Nicholas somos conhecidos mesmo. - falei tentando esquecer o que aconteceu cinco anos atrás.
Sem sucesso.

Mas eu disse pro Nicholas que iria tentar, e eu não sei porque, a parte chata do meu cérebro estava radiante em pensar em ver ele de novo.
Poluição, deve ser isso. Preciso de um médico urgente.
- Eles vão chegar às oito. - disse minha avó me tirando dos meus pensamentos. - Quer que seu avô vá te buscar do ensaio?
- Não. - respondi. - Vai ficar tudo bem.
Mas não sabia se estava me referindo ao ensaio ou ao fato de ter que ver o Nicholas no jantar.

***********************

- Vamos lá meninas. Retomem as posições... eu não tenho o dia todo! - repetiu a Sra. Susan.
O ensaio estava maravilhoso hoje, era como se eu estivesse flutuando a cada passo da dança.
Até mesmo a Sra. Susan tinha me elogiado, e acredite, isso vale mais que um prêmio Nobel.
Parecia que a dança tirava todos os problemas da minha cabeça, nada de mentiras, nada de discussões, e principalmente, nada de Nicholas.
Só eu e a dança numa sincronia perfeita.
A Sra Susan deu uma pausa de um minuto ( e é só um minuto mesmo) e enquanto eu me alongava mais ela veio falar comigo.

- Soube que vai fazer os testes para Dom Quixote. - falou ela com a voz estranhamente baixa.
- Sim, senhora. - respondi.
- Tenho uma amiga que trabalha na Royal Academy Of Dance, e vou indica- la a fazer um teste senhorita Mendes.- disse ela forçando a carranca, mas com um sorriso no rosto.
Aí. Meu. Deus.
- Desculpe senhora, mas está falando da "Royal Academy" umas das melhores escolas de dança de tipo, do mundo?.- eu devia mesmo estar tendo alucinações.
- Claro que sim.- disse ela.- Mas é melhor a senhorita se preparar, porque vou indica- la em meu nome e é melhor eu não passar vergonha com isso.
- Claro, claro! - Me levantei e abracei ela sem nem pensar. - Muito obrigado senhora. Pode ter certeza de que não vai se arrepender.
Ela se afastou do meu abraço e voltou ao normal, ou seja, voltou a gritar.
- É melhor mesmo. Agora ande! Essa dança não vai ficar perfeita sozinha! - gritou ela.

Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto, e indo contra toda a dor que eu estava sentindo no corpo, continuei dançando.
Dancei quando a Sra. Susan gritava ordens e falava sobre o que fazer.
Dancei quando o ensaio acabou e fiquei lembrando de como a minha vida melhoraria se eu entrasse na Royal.
Dancei até perder a hora e esquecer completamente do jantar.
Dancei até finalizar a dança que eu iria fazer no teste para Dom Quixote e comecei a ouvir palmas vindas do fundo da sala.
Virei assustada para a direção e encontrei um par de olhos verdes que me olhavam sorrindo.

- Isso foi incrível Hobbit. - disse Nicholas vindo na minha direção.
Olhei para ele chocada.
- A quanto tempo você está aqui? - perguntei irritada.
- Já faz um tempinho. - disse ele sorrindo.
- É ninguém te ensinou que é falta de educação ficar espionando os outros? - perguntei cruzando os braços.
- Não estou espionando. - disse ele. - Estou admirando.
Revirei os olhos e tentei me manter seria, apesar de saber que estava vermelha.
- Está me seguindo Nicholas?
- Eu não.- disse ele parado bem na minha frente, e tenho que admitir ele estava lindo com aquela camiseta cinza.
- Então por que está aqui? - perguntei tentando ignorar o perfume maravilhoso dele.
- Ah sabe como é, você demorou para aparecer, sua avó ficou preocupada e eu como sou uma ótima pessoa que merecia um prêmio de caridade, me ofereci para vir resgatar a donzela em perigo. - disse ele sorrindo.
- Você? Me salvar?.- comecei a rir. - Tá assistindo muito 007 Nicholas.
- Ei! - ele tentou fingir irritação. - O cara é um gênio!
- Mas eu não demorei tanto assim.- disse pegando meu celular para olhar a hora. Assim que vi a hora olhei para o Nicholas que estava tentando não sorrir. - Nicholas, são 19:50. A minha avó sabe que eu geralmente só chego as 20:10.- falei levando a sobrancelha.
Ele fingiu um drama.
- O que?! Eles nos enganaram Hobbit, não se pode confiar em mais ninguém nesse mundo né.- falou ele sem conseguir esconder o sorriso.
- Nicholas, desembucha. - falei sorrindo do teatrinho ruim dele.
- Tá, a Anna tava me irritando com a mãe dela falando de compras e vestidos e algo chamado corsetele! Aí eu só perguntei se ela sabia onde você estava, porque como eu lembrei, eu não tenho seu telefone. E ela me falou que você estava treinando, e como eu sou uma pessoa com um coração muito bom, decidi vir fazer a bondade de te levar pra casa. - falou ele sorrindo.
- Quer dizer que você fez esse discurso todo só pra falar que estava entediado e que eu fui a sua fuga? - perguntei tentando não rir.
- Olhando por esse lado, foi. Mas foi um bom discurso né? - comecei a rir e ele também.
- Um pouco metido demais, mas até que deu pro gasto. - falei sorrindo.
Os olhos dele não desgrudavam dos meus.
- Sério, eu queria vir te buscar.- falou ele serio de repente.
Engoli em seco.
- Ah, bem...- Ai droga eu estava corando? - Eu tava precisando de um motorista mesmo.
-Espera eu me trocar? - perguntei ainda olhando pra ele.
Ele sorriu.
- Claro que sim.

************************

- Olha se você querer dar uma de Vin Diesel e dirigir que nem um louco de novo é melhor eu nem entrar. - falei de frente da porta do carro com ele logo atrás de mim.
- Deixa de ser chata Hobbit.- falou ele abrindo a porta do carro pra mim.- Se eu for de patins a dez por hora é capaz de você reclamar que estamos muito rápido.
Dei um tapa no ombro dele antes de entrar no carro.
- Como você é engraçadinho hein Nicholas.- disse seria.
- Obrigado, é um dos meus talentos. - disse ele indo em direção a porta do motorista.
- E deixa eu adivinhar.- falei quando ele já estava sentado colocando o cinto.- O primeiro da sua lista de talentos é ser insuportável?
- Ah, não. O primeiro é ser seu motorista.
- Tá aí um talento útil.- fingi admiração.
Ele me olhou e sorriu.
- É sempre um prazer lhe ser útil Hobbit.

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-J&G

O Garoto de Cinco Anos AtrásOnde as histórias ganham vida. Descobre agora