Capítulo 8

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Rose Hathaway

Por Vlad! Às vezes, eu verdadeiramente acreditava que alguém lá encima, estava conspirando fortemente contra mim, porque honestamente, a vida de ninguém pode naturalmente ser tão catastrófica, quanto a minha estava sendo desde que havia sido forçada a voltar para a St. Vladimir, dois anos atrás.
Mesmo diante de tudo que já havia enfrentado na minha vida para chegar onde estava, nunca pensei que viveria para ver o início do apocalipse, isso até presenciar a expressão furiosa de Dimitri naquele momento, após minhas palavras sobre Samuel, quer dizer, eu sabia que entre ele e o pai as coisas não terminaram muito bem, da última vez que dividiram o mesmo ambiente anos atrás na Rússia, mas não imaginei que ele fosse reagir daquele jeito, por que caso contrário, eu teria dado um jeito de manter a boca fechada.
Sabia que a vinda de Samuel Drosdov para a Corte, traria grandes problemas no segundo que o conheci no evento social da Lissa, afinal de contas ser Moroi da Realeza, claramente o protegia perante a sociedade em muitos sentidos, mas acho que ninguém contava com o fato de que provavelmente, Dimitri não iria engolir essas regras da mesma forma, afinal era filho dele e era aí que as coisas ficavam realmente complicadas.
- Anda logo Fogaréu Real, abre essa porta de uma vez, por favor. -Falei começando a entrar em desespero, ainda socando a porta com força. - Que droga, abre logo Christian!
- Jesus, vão mesmo arrebentar a porcaria da... Rose? Onde é o incêndio, garota? -Perguntou Christian, me encarando com a testa franzida de confusão e surpresa.
- Na cabeça do Dimitri infelizmente, corre para a ala de hospedagem para visitantes da Realeza imediatamente, Christian. -Gritei, recomeçando a correr para a ala de Hotéis da Realeza.
Christian rapidamente acompanhou minha corrida pelo corredor principal com facilidade, sem questionar meus motivos, quando nos aproximamos da ala de Hospedaria Real, imediatamente conseguimos ouvir claramente os gritos furiosos de Dimitri, misturados aos de Samuel Drozdov. Ops, isso definitivamente era um péssimo sinal e com isso, torci novamente para eles não terem partido para a agressividade, o que dúvido não ter acontecido. Não que eu fosse contra o uso da violência em alguns casos específicos, mas naquele em particular, as consequências poderiam ser altamente gravíssimas.
- Desgraçado! Com saudade dos velhos tempos em que eu te expulsava de casa com porrada, Samuel? Vai se arrepender por ter tocado num fio de cabelo da minha namorada! -Gritou Dimitri avançando sobre Samuel, que tinha uma expressão tranquila mesmo diante da situação.
Rebekah apareceu do nada, juntamente com uma Guardiã que eu não consegui ver ou mesmo reconhecer, pela escuridão da noite e corri para tentar segurar Dimitri, mesmo sabendo que não seria tafera fácil, ele já havia conseguido dar uns dois socos muito bons em Samuel, o que em outras circunstâncias eu teria até aplaudido, o que não era aquele caso obviamente.
- Que merda, parem já com isso vocês dois! -Gritou Rebekah parecendo irritada, tentando segurar Samuel e afastar Dimitri ao mesmo tempo.
Por fim, Christian e o Guardião Eddie Castille seguraram Dimitri sentado no chão de concreto, ainda com a fúria vertendo de cada célula de seu corpo, junto com um pouco de sangue que lhe escorria levemente pelo canto esquerdo do lábio, bem, na verdade ele basicamente permitiu que o segurassem daquela forma. Porque honestamente falando, se ele realmente quisesse de soltar e partir pra cima de Samuel novamente, o faria facilmente.
- Fala sério, alguém quer fazer a gentileza de explicar o que diabos está havendo aqui? -Perguntou Christian com a voz irritada devido a situação, pegando a todos de surpresa, afinal como ele sempre foi muito reservado, ninguém nunca o viu agindo como um verdadeiro membro Real. - Legal, Belikov explique-se, por favor. Agora!
- O meu pai machucou a minha namorada, agora vai pagar muito caro por isso, Majestade. Me solta ou eu mesmo farei isso de uma forma nada gentil! -Dimitri puxou os braços para frente até se libertar, mas mesmo assim não se moveu, o que já era algo bom.
- A Guardiã Rose sabe se defender perfeitamente muito bem sozinha Senhor Belikov, você devia saber disso melhor do que ninguém, já que foi o mentor chave para a formação dela em sua época de aluna na St. Vladimir. -Disse uma voz perturbadoramente familiar para mim, aquela era a voz da minha mãe.
Ah Merda, por favor Dimitri segura a maldita língua só dessa vez, só dessa vez...
- Não estando grávida! -Praguejou Dimitri, tão irritado que elevou sua voz mais que o necessário, ainda mais quando meus pais estavam a menos de meio metro de onde estávamos.
Todos os olhares imediatamente caíram sobre mim, encarei Dimitri com as sobrancelhas arqueadas, mas foi o Guardião Hans que eu nem havia visto chegar, que se pronunciou.
- Chega! A noite foi longa pra todo mundo aqui. Guardiã Rose, leve o Guardião Belikov para a minha sala imediatamente e o mantenha por lá, irei assim que possível para conversarmos. Guardiã Rebekah Belikova, tire o Senhor Drozdov daqui e o leve para algum lugar que seja oposto ao do seu irmão, e o restante voltem aos seus dormitórios, por favor. -Disse Hans com a voz firme e carrancuda, mantendo os olhos em Dimitri e em Samuel o tempo todo, provavelmente temendo que um dos dois arriscasse tentar voltar a brigar.
Não esperei para ver onde aquilo iria acabar, fui até Dimitri e literalmente saí o arrastando pelo braço, até a sala do Hans do outro lado da Corte - que no caso era tipo o meu chefe, já que era responsável pelo monitoramento da maioria dos Guardas da Rainha agora. Entrei na sala apontando o sofá de dois lugares com a expressão fechada.
- Senta. -Falei asperamente, rapidamente abrindo os armários de Hans em busca de um kit para primeiros socorros. Os ferimentos de Dimitri eram mínimos comparados aos de Samuel, mas ainda assim precisariam de cuidados.
Dimitri felizmente agindo como o bom Guardião Belikov que era, usou do bom senso e sem questionar fez o que pedi imediatamente, acomodou-se rapidamente no meio do sofá de couro preto no canto da sala sem dizer nada, enquanto eu vasculhava os armários de Hans, sem me preocupar se receberia uma advertência pela invasão de privacidade sem permissão, até finalmente encontrar o que queria. Puxei uma cadeira que estava no canto da sala, colocando-a na frente de Dimitri e sem olhá-lo comecei a cuidar dos ferimentos de suas mãos que eram os menores, quando fui limpar seu rosto angelical, tentei ao máximo me fixar em seus olhos que eram digamos o meu ponto fraco, eu tinha que ser firme com ele.
- Rose, poderíamos ao menos... -Dimitri começou a falar, mas coloquei a mão sobre os lábios dele.
- Não, nós não teremos essa conversa aqui ou mesmo agora, então nem abre a boca. Estou falando muito sério com você, Camarada Belikov. Entendo os seus motivos para ter feito o que fez com Samuel Drozdov, e além disso ele merecia mesmo uma boa surra, mas ainda agiu como idiota achando que isso não seria levado pelo lado burocrático da coisa, por ambos serem quem e o que são em nosso mundo. Francamente, já não havíamos dito que ser imprudente era coisa minha e não sua, desde que entrei para a St. Vladimir? Acho bom começar a rezar pela sua alma Dimitri, porque vai precisar de um milagre bem grande, para não ser suspenso da função de Guardião ou pior. -Falei ainda furiosa levantando, para começar a andar de um lado para outro pelo cômodo, tentando ordenar meus pensamentos. - Quando Hans finalmente entrar por aquela porta, não sei o que te espera como punição então, por favor, não me deixa ainda mais nervosa do que já estou! Porque aí quem vai te dar um soco serei eu, e garanto que vai doer bastante.
Fala sério, o que exatamente ele tinha na cabeça para fazer aquilo, justamente em território Real? Ou melhor dizendo, o que ele não tinha? Quer sair na porrada com o pai que não valia o título que tinha por ser Moroi? Legal, sempre acreditei que a melhor defesa era o ataque, mas novamente tinha que ser em território Real? Às vezes eu poderia dizer que trocavamos de personalidade, e então ele agia como eu, o que para alguém tão visado e certinho como ele, não era um comportamento lá muito recomendável.
Assim como temi a porta foi novamente aberta, e por ela entraram Christian, Lissa e Hans, todos com expressões de decepção diante da situação. Em sinal de respeito, rapidamente Dimitri e eu levamos um joelho ao chão e abaixamos a cabeça.
- Majestades. -Falamos ao mesmo tempo ainda abaixandos.
- Podem levantar agora, Guardiões. -Disse Lissa com a voz firme e dura, tal como uma verdadeira Rainha, pelo que eu conhecia da minha melhor amiga, isso era um péssimo sinal. - Olha só Guardião Belikov, não vou lhe pedir explicações sobre o ocorrido na ala de Hospedagem Real, mas deve saber que haverá consequências severas.
- Entendo perfeitamente, Majestade. - Disse Dimitri concordando com a cabeça, mantendo-se sério e com a postura rígida.
- Por hora, concordamos que devemos suspendê-lo temporariamente das atividades de Guarda até segunda ordem, ou seja, até que Samuel Drozdov viaje de volta para casa. -Disse Christian, com a decepção vertendo em cada uma de suas palavras. Dimitri era seu amigo acima de qualquer coisa e puni-lo era realmente desagradável para ele, mas ainda assim era algo necessário. - Até lá permanecerá com Hans e Alberta na administração da ala leste, prestando auxílio com os relatórios da Corte, não fará ronda de rotina como sempre, não acompanhará nenhum membro Real em suas atividades, mas vai permanecer nas imediações da Corte como tal. Podem se retirar agora, Guardiã Rose leve o Belikov pra casa e o mantenha por lá.
Pela segunda vez naquela noite saí pisando duro por conta da situação, com a expressão fechada, praticamente arrastando Dimitri pelo braço como uma criança de 5 anos, sem me importar se ele ficaria irritado com tal atitude ou não, pelo menos ele se manteve calado novamente, o caminho todo de volta para a ala de apartamentos particulares.
Entramos em casa, tranquei a porta e virei para Dimitri, esperando que pudéssemos conversar sobre o que havia acontecido, mas ele foi direto para o quarto sem me olhar ou dizer qualquer coisa, fui para a geladeira e ataquei o pote de sorvete de abacaxi ao vinho como uma boa grávida faria, afinal resolvi deixá-lo esfriar a cabeça enquanto a minha esquentava com mais um problema, os meus pais.
Haveria um momento adequado para contar a eles sobre a minha gravidez obviamente, mas claramente não era aquele e muito menos da forma que foi feita, e agora eu estava literalmente ferrada. Janine Hathaway iria me aplicar um sermão, de doer as orelhas pelo resto da minha vida e provavelmente Abe faria o mesmo, ou então, ambos se juntariam para acabar com a raça do Dimitri: honestamente, só a segunda opção realmente me preocupava de verdade.
Percebi que havia pego no sono pesado, quando senti que não estava mais no sofá da sala de visitas e sim na minha cama, virei o corpo devagar e vi Dimitri de costas para mim, em pé perto de uma das janelas falando ao celular, sua voz era baixa, mas sua testa franzida entregava que provavelmente se tratava de algo muito sério. Por fim ele desligou o celular, sentou na cama respirando fundo, então deitou de costas em contato com o colchão lentamente e naquela posição seus olhos encontraram os meus.
- Oi. -Falei com certa cautela, pois sua expressão não estava deixando transparecer como ele estava se sentindo.
- Bom dia, Roza. -Ele respondeu virando o corpo, subindo na cama e sentando com as pernas abertas, estendendo os braços. - Vem cá, eu preciso sentir você mais perto de mim. E pedir desculpas, por ter agido feito idiota quando chegamos ontem a noite, você provavelmente queria conversar e eu te ignorei.
Me acomodei nos braços dele com um pequeno sorriso, e como o rosto dele havia ficado quase da altura do meu, sem aviso simplesmente o beijei, as mãos dele foram para minha barriga no que pareceu um gesto inconsciente, durante o contato dos nossos lábios, porém foi algo que não tive como não perceber. Era um ato tão doce e carinhoso da parte dele.
- Posso perguntar com quem você estava no telefone? -Perguntei o encarando com cuidado, eu não queria que ele ficasse mal de novo.
- Rebekah. De algum jeito que eu nem quero saber, ela convenceu Samuel a não me processar por ter socado a cara dele. - Respondeu Dimitri dando de ombros sem se importar, o que na verdade significava que por enquanto, não falariamos mais sobre o ocorrido. - Seu pai também me ligou algumas horas atrás.
Isso era tudo o que eu temia ouvir. Cadê o bom e velho ataque Strigoi quando se precisa de um?
- Está bem, o que ele queria exatamente? - Perguntei da forma mais natural possível.
Ah fala sério, até parece que eu não sabia o que ele queria. A única filha dele estava grávida, era só juntar as peças e pronto. Tinha a fórmula para o Apocalipse ou pior que isso.
- Conversar de forma teoricamente civilizada provavelmente, porque gritar ele fez o bastante por telefone. -Disse ele dando uma risadinha curta, sem humor algum em suas palavras. - Marquei de almoçarmos com ele e sua mãe daqui duas horas e meia. Tudo bem pra você?
- É bom você torcer para eles não irem armados ou para ao menos você ser a prova de balas, você não têm ideia do que eles são capazes. -Falei o encarando com preocupação.
- Isso vai ser... Interessante, no mínimo. -Disse Dimitri, após parecer pensar um pouco sobre minhas palavras.
Por fim, levantamos da cama e começamos a nos arrumar para o que viria. E novamente, nunca pensei que sentia tanto a falta de um bom ataque Strigoi na minha vida, mas até que isso cairia bem, pelo menos era melhor do que ter que estar com os meus pais naquele momento.

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