Capítulo dez

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— Mãe! To aqui! — Berrei assim que abri a porta da minha antiga casa.

Seis meses.

Já haviam se passado seis meses desde que eu tive a ideia revolucionária de inventar um namoro. Cinco desde que eu havia me mudado para o apartamento de Tay. Quatro desde que ela conheceu o noivo.

Quatro meses.

Quatro meses desde que eu tinha dado um beijo em Ash.

Tudo bem, não foi realmente um beijo. Foi um selinho. Apenas encostamos nossos lábios. Mas já foi alguma coisa! Afinal, eu era amiga dele há, sei lá, quinze anos, e mal nos tocávamos! Um selinho foi algo surpreendente. Pelo menos ele voltou a falar comigo normalmente.

E passamos a ter uma intimidade um pouco... Diferente, digamos.

Não estávamos nos agarrando pelos quatro cantos, mas Ashton parecia aceitar qualquer desculpa pra me tocar. Apoiava a mão nas minhas costas, ou o braço nos meus ombros, o tempo todo. selinhos e abraços demorados, então, nem se fala.

E estava na casa de mamãe e George para pedir um vestido emprestado de dona Agatha, já que eu não tinha um realmente adequado à situação. A situação, no caso, é a festa de noivado de Tay e Eric. Eu nunca me conformaria com o fato de que ela é mais nova que eu e já está casando. Forçadamente, ainda por cima! Tudo bem que eu muito provavelmente teria que fazer a mesma coisa, mas eu estava adiando o máximo possível. Tay não podia fazer isso. Ela não tomava decisão nenhuma ali. Estava fora de suas mãos.

Sua própria vida estava fora de suas mãos.

— Oh, querida, como você está linda! — Minha mãe apareceu, vindo da cozinha, limpando as mãos no avental que usava por cima das roupas. — Essa tal Taylor fez muito bem ao seu guarda-roupa, posso ver! - Ela brincou, e eu não deixei de rir junto enquanto a abraçava e lhe dava um beijo estalado na bochecha.

Minha velha estava certa, afinal. Tay me integrou à sociedade. Não vou mentir e dizer que agora era a garota mais popular do campus e minha agenda mal tinha espaço devido às diversas baladas que eu frequentava. Muito pelo contrário, eu ainda era a mesma freak de antes. Só usava roupas melhores.

Inclusive aprendi a andar de salto alto, olha que bonito. Estava virando mocinha.

— Eu não teria vindo aqui te encher o saco, normalmente Tay é quem me ajuda na arrumação. Mas hoje o dia é dela, e ela não passou nem meio minuto em casa. De manhã cedinho já estava saindo.

— Ah, mas eu não me importo nem um pouco! Fico muito feliz em te ajudar, querida. Só me dê um minuto que vou tirar o bolo do forno. Quer alguma coisa? - Perguntou, voltando para a cozinha.

— Não, obrigada! Já vou tomar um banho, tudo bem? — Perguntei e só ouvi seu "Ok!" gritado do cômodo ao lado.

Ri sozinha e subi as escadas em direção ao meu antigo quarto.

Que saudades eu sentia daquela perua.

💍

— Querida, você está absurdamente incrível! — Minha mãe soltou, animada. Sorri pra ela e me virei para o espelho, encarando meu reflexo.

O vestido que eu usava era longo, chegava ao chão, o tecido era preto e meio transparente. O busto era um pouco mais justo, e tinha um decote significativo, mas a saia era soltinha. Um tipo de cinto separava a parte de cima da parte de baixo. A sandália era de Tay, eu já queria usá-la fazia um tempo, e essa foi a oportunidade perfeita. Minha amiga tinha feito minhas unhas no dia anterior, era um dom dela como manicure. A bolsa eu já tinha há anos, e usava para ir a lugares como a padaria, e não uma festa de noivado. Aliás, eu sentia que estava usando preto demais e que isso me deixava um pouco fúnebre, mas minha mãe fez de tudo pra dispersar esse pensamento da minha mente. Os acessórios - colar, brincos e pulseira - eram todos prateados, e eu fiz a única maquiagem que conseguia fazer: olhos de gatinho e batom vermelho, só pra chamar atenção.

Namorado "Inventado" [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora