Capitulo 1 Um começo e tanto

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Minha cabeça dói, assim como praticamente todos os membros superiores e inferiores do meu corpo. Abro os olhos devagar, a primeira coisa que vejo é o teto, ou quase isso. Já que estou tonta. Fecho meus olhos com força, querendo evitar que continue a sensação de tontura. Quando abro novamente, noto que o teto foi pintado com uma cor escura e é meio abobado. Uma luz fraca vindo da janela a minha lateral, chama a atenção. Viro-me, e vejo uma cômoda, uma mesa de cabeceira e em cima desta, um abajur. Juntamente da luminária, se encontra um copo com água e ao lado deste há um pequeno comprimido, acompanhados por um bilhete. Sento-me na cama, mesmo estando totalmente dolorida. E assim que o pequeno pedaço de papel se encontra nas minhas mãos, começo a lê-lo.

"Quando acordar, você vai encontrar o copo d'água e um comprimido para dor de cabeça e dor muscular, se sentir estas dores tome. Já em cima da cômoda você encontrará uma muda de roupa, troque-se e desça as escadas, estaremos te esperando na sala.

P.S.: A porta ao lado da cômoda é o banheiro.

Ass.: Família Fisher."

Olho de modo atento para o móvel ao meu lado, não tenho certeza se estou segura, pego o comprimido com o papel para evitar o contato e o coloco na água, o comprimido se dissolve um pouco, mas ainda está inteiro, melhor não arriscar. Levanto ainda sentindo dor pelo corpo, ando em direção à cômoda, passo a mão sobre o tecido leve e limpo - da blusa posta em cima da mesma - sentindo o cheirinho de amaciante, parece que faz séculos que não tomo um bom banho e visto uma roupa limpa, fico tentada a fazê-lo, mas um aperto no peito me faz recuar nesta decisão. Não posso fazer isso, algo me diz que é errado, deixo a roupa na cama, mal notei que havia pegado as peças, e ando até a janela, abro-a e olho, estou no 1º ou 2º andar da casa, não é muito alto, mas nunca fui fã de alturas, passo a perna pela janela, e ouço a porta do quarto se abrir, meus olhos me traem e olho diretamente para ela.

- Você acordou, que bom. - Uma mulher de cabelos ruivos ondulados, na altura dos seios, com pele clara, falou ao me ver. - Onde você pensa que vai? - disse cruzando os braços finos e delicados.

- Desculpa, mas... - Dou um pigarro. - Eu não deveria estar aqui. - Minha voz está estranha.

- Bobagem. - disse dando um gesto amistoso com as mãos. - Faz assim, você toma um banho e me encontra no fim do corredor, você precisa relaxar, criança. - Ela me pega pelos ombros e me guia até o banheiro. - Você deve ter passado por um bocado de coisas, por favor, fique e tome um banho, tenho certeza que isso vai ajudar, pelo menos um pouco. - Ela pega a roupa em cima da cama e me entrega. - Pode vestir esta roupa para não ter que vestir a mesma, se achar melhor. Tem toalha aqui e tem xampu e condicionador no box, pode ir. - Dá-me um último sorriso antes de fechar a porta do banheiro, escuto a janela ser fechada e trancada, logo depois ouço a porta do quarto bater.

Droga, isso está se estendendo demais. Eu preciso sair daqui. 

Pus a mão atrás do pescoço e sinto meus ombros tensos, acho que não tenho muitas escolhas, para cair fora daqui eu preciso sair pela porta da frente então. O melhor, por enquanto, é fazer do jeito dela, apesar da moça ser simpática, sinto que esse lugar não é seguro.

Apesar de tudo, devo admitir que o banheiro é impressionante, ao lado da porta tem uma pia com uma bancada de granito claro, com um armário embutido, defronte há o vaso sanitário e próximo um box preto, deixo a roupa sobre a pia e me olho no espelho. 

Levo um susto com o que vejo, faz muito tempo que não olho o meu reflexo, e eu estou horrível, meu cabelo... Está parecendo um ninho de pássaros, cheio de folhas e galhos, meu rosto... Sujo de lama seca, minha blusa... Aos trapos - literalmente - rasgada em diversos pontos, suja de lama e um pouco de sangue, meu jeans... Do mesmo modelo, meu All Star, então... nem nos meus pés estão mais, fico encarando perplexa meus pés descalços, nus e cheios de lama. Eu pareço um bicho do mato, uma selvagem... Realmente preciso de um banho, e rápido, como esta família teve coragem de me trazer - nestas condições - para a sua casa?

Diamante NegroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora