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Cinco, Cidade Pequena, Grandes Problemas.
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𝕽ick Nóia. Rua Holland, 2121. Eddie Munson. Pesadelos. Zumbidos. Dores de cabeça. Cigarros. Sangramentos nasais. Líderes de torcida. Chrissy Cunningham. Morte. Luzes piscando. Números de telefone. Lago dos Amantes. Steve Harrington. Garoto carinhoso.
Fragmentos desconexos, todos urgentes, todos carregados de significado, e, ao mesmo tempo, desprovidos de forma, como peças de um quebra-cabeça molhado que escorregavam das mãos. Nada se encaixava. Nada parecia real. Nada parecia importar.
Lorelai estava ali, inteira por fora, vazia por dentro. Um eco. Um corpo repetindo funções básicas enquanto a alma se escondia em algum lugar atrás dos olhos. A apatia era tão densa que nem a dor encontrava caminho. Ela não sentia a ardência das cutículas, abertas e vermelhas pelo hábito automático de arrancar a própria pele sempre que o mundo começava a ficar insuportavelmente silencioso. Não sentia as pequenas crateras semicirculares nas palmas das mãos, as marcas ferozes de suas unhas de esmalte vermelho, insistindo em cavar um pouco mais fundo.
Era como se o corpo pertencesse a outra pessoa. Como se tudo que sobrasse dela fosse o nada.
Eddie Munson era o tipo de garoto que escutava metal no volume máximo e fazia piadas ácidas sobre loiras oxigenadas com egos tão grandes quanto o próprio pênis, mas nunca, em nenhum universo possível, um assassino. Disso Lorelai tinha absoluta convicção. Ela o conhecia de verdade.
Ele fora gentil com ela quando chegou ao parque de trailers, naquela fase em que tudo parecia desconfortável demais para existir. Foi com ele que fumou maconha pela primeira vez, sentada dentro daquele ônibus podre do ferro velho. Ele consertou a janela quebrada do quarto dela sem pedir nada em troca, ensinou-a a fazer ligação direta numa pick-up morrendo, mostrou-lhe... tantas pequenas coisas que não cabiam na imagem de um monstro.
Nada na essência dele combinava com sangue. Ou brutalidade. Ou morte.
Em resumo, ela estava começando a ficar preocupada, isso era visível agora. A lanterna pesava na mão dela como se fosse feita de chumbo, ou talvez fosse só assim que ela imaginava que um coração deveria pesar. Porque sentir mesmo, ela não sentia nada. Apenas o eco distante do que deveria ser inquietação. Seus olhos varriam a escuridão, acompanhando o balançar lento das árvores e o som insistente dos grilos, como se o mundo estivesse funcionando normalmente enquanto ela não.