— Me ignore, por favor — riu, forçando leveza — eu tô meio emotivo hoje — Pegou o celular, tentando parecer ocupado — Eu vou ficar aqui contigo mais uma hora e meia, tudo bem? Meu turno acaba às sete.
Sentou-se no pequeno sofá perto da porta, mantendo uma distância respeitosa da cama. A luz fraca do amanhecer começava a entrar pelas frestas da cortina, e o som dos aparelhos de monitoramento era o único ruído constante no quarto. Mesmo sem olhar diretamente, ele sentia — Rin ainda o observava.
Depois de alguns minutos, o som suave da maçaneta girando quebrou o silêncio. A porta se abriu lentamente e uma enfermeira entrou, sorrindo ao vê-lo.
— Isagi, bom dia — ela cumprimentou com doçura — Achei que você já tinha ido. Ficou praticamente a noite inteira aqui.
— Foram só algumas horas a mais — respondeu com um sorriso cansado, levantando-se.
— Tudo bem, mas coma alguma coisa, sim? Não queremos você desmaiando de novo — brincou, antes de se voltar para Rin — Bom dia, Itoshi. Vim coletar uma amostra de sangue para alguns exames.
Mas Rin não disse nada. O silêncio dele parecia mais alto do que qualquer palavra, e o olhar continuava preso em Isagi, fixo, inquebrável. Quando a enfermeira se aproximou com o material esterilizado, estendendo a mão em direção ao braço dele, o garoto instintivamente recuou, pressionando as costas contra o colchão. O movimento foi rápido, mas suficiente para fazê-la hesitar.
— Ei, tá tudo bem… — ela tentou manter o tom calmo, sorrindo com delicadeza — Sei que é difícil, mas isso é pro seu bem, certo?
Tentou novamente. Rin voltou a recuar, o olhar duro e tenso, como um animal acuado.
— Deixa eu tentar — Isagi se aproximou devagar, com um sorriso tranquilo.
Calçou as luvas e se inclinou ligeiramente, observando o rosto do garoto como quem pede permissão sem precisar de palavras.
— Vou tirar da mão, tudo bem? — murmurou, a voz baixa, suave — Preferia tirar do braço, é menos doloroso… mas não quero forçar, ainda mais com os cortes.
Rin não respondeu, mas também não recuou. Para Isagi, aquilo era um “sim” silencioso.
Com cuidado, ele segurou a mão dele. O toque era firme o bastante para transmitir segurança, mas leve o suficiente para não parecer invasivo. Passou o algodão umedecido sobre a pele fria, procurando uma veia boa. Quando encontrou, retirou a tampa da agulha e respirou fundo antes de avisar:
— Vou tirar agora, tudo bem? Só… tente não se mexer.
Levantou o olhar por um breve segundo e encontrou os olhos verdes de Rin o observando. Por alguma razão, aquele olhar o desarmou. Ele sorriu. Depois, voltou a atenção à seringa e fez o procedimento com calma. O sangue escuro preencheu o tubo devagar, e, antes que Rin percebesse, tudo já tinha terminado.
— Pronto — disse, retirando a agulha e pressionando o algodão com cuidado — Espero que não tenha doído muito.
O olhar de Rin continuava nele, mas agora havia algo diferente, uma leve curiosidade, talvez confiança. Isagi sorriu outra vez, genuinamente.
— Você tem mesmo jeito com os pacientes, Isagi — comentou a enfermeira, sorrindo enquanto guardava o material.
Ele apenas deu um aceno tímido, desviando o olhar. Quando ela deixou o quarto, o silêncio voltou e Rin ainda o observava.
— Queria saber o que você pensa enquanto me encara desse jeito — Isagi comentou em tom leve, tentando esconder o rubor que subia discretamente em seu rosto.
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Quando A Chuva Cai | RinSagi
أدب الهواةA rotina de Isagi vira de cabeça para baixo assim que um novo paciente, em estado crítico, é internado no hospital onde ele trabalha. Ele não consegue explicar o que o atraia naquele jovem, se era a fragilidade de alguém tão novo, ou a solidão silen...
O2: Quarto 403
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