💌 ~ entre grades e promessas... 🌷

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“Olhei pra trás e percebi quanto tempo perdi…”

O barulho do ferro batendo ecoava como um relógio quebrado.
Cada passo no corredor da prisão soava como uma lembrança que não voltaria mais.
Feuripe caminhava em silêncio, os olhos baixos, as mãos cobertas por cicatrizes que o tempo não quis apagar.
Mas o que mais doía não era o frio do chão — era o vazio de não ver o rosto de Onerb há tanto tempo.

Às vezes, no silêncio da noite, ele ainda escutava a voz dele.
Aquele riso leve, despreocupado, que parecia acalmar qualquer inferno.
Mas bastava abrir os olhos pra lembrar que a única coisa que restava era o eco — e as grades.

Feuripe se sentava sempre no mesmo canto da cela, com uma caneta roubada e pedaços de papel amassados.
Ali, ele escrevia cartas que talvez nunca chegassem.
Cartas que começavam todas do mesmo jeito:

“Onerb, meu raio de sol, ainda me lembro de quando tudo era simples…”

As palavras fluíam devagar, como se cada uma fosse uma lágrima que ele precisava libertar.
Ele escrevia sobre o primeiro beijo, o primeiro olhar, o medo de perder, a promessa de voltar.
E terminava sempre igual:

“Com carinho, Feuripe.”

Quando o guarda passava, ele escondia o papel debaixo do colchão velho.
Mas, às vezes, lia baixinho pra si mesmo, só pra sentir que o Onerb ainda estava ali, de alguma forma.

— Um dia eu saio daqui… — murmurou, olhando o teto manchado. — Um dia eu te trago de volta pra mim.

Naquela noite, enquanto o resto da prisão dormia, ele sonhou com o passado.
Com o céu alaranjado, os risos misturados ao vento e o Onerb correndo na frente, com a camiseta azul e o símbolo do raio.

— Vamos, Feuripe! — ele gritava, sorrindo. — Você é lerdo demais!

Feuripe ria, fingindo irritação, mas só pra poder olhar aquele sorriso mais um pouco.
O vento batia no cabelo de Onerb, e naquele instante, ele teve certeza de que o amor podia ser eterno — mesmo que o tempo dissesse o contrário.

O sonho acabou com o som seco de uma porta batendo.
Ele acordou com o coração acelerado e os olhos marejados.
O guarda jogou uma carta dentro da cela.

Feuripe a pegou com mãos trêmulas.
Era a letra dele.
A letra de Onerb.

Abriu devagar.
O papel tinha manchas de tinta e um pequeno desenho de um raio no canto.
E no meio da carta, entre frases curtas e respingos de lágrimas secas, havia uma única frase que o fez perder o ar:

“Não importa o que o mundo diga, Feuripe… ainda te espero. — Com carinho, Onerb.”

O tempo pareceu parar.
Feuripe encostou a carta no peito, e o coração bateu mais forte do que em anos.
Ali, no meio da escuridão, ele sorriu — pela primeira vez desde que o mundo o arrancara dos braços de Onerb.

E naquela mesma noite, ao olhar pro luar que escapava pela janelinha da cela, ele sussurrou:

— Espera só mais um pouco, Onerb… eu vou te buscar.
Mesmo que o inferno inteiro se levante contra mim.

“Mesmo que o mundo me chame de criminoso… por você, eu serei herói.”

🦝⚡ ~ com carinho, Feuripe... Where stories live. Discover now