Capítulo catorze, sobre a ficha de Jason Walbrick

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Era bem extensa e não exatamente limpa.

Na verdade, estava forrada de cima a baixo com advertências de todas as cores, formas e tamanhos que você puder imaginar.


Mas não perca seu tempo.

Não vale a pena.


Se querem saber minha opinião, ele já deveria ter sido mortalizado.

Fazer companhia a James.

Devia ter se tornado um humano frágil e inútil, confuso e despedaçado.

Como a maioria deles são.


E então, quando chegasse a hora, eu estaria lá.

Estaria sim, de braços abertos, e recolheria sua alma suja em minhas mãos sedentas.

Talvez eu o colocasse junto com os suicidas, só por diversão.


Ah, os suicidas.

Na maioria das vezes, humanos mais frágeis e despedaçados que o resto da espécie, que por algum conceito equivocado acreditam que um tiro nos miolos é o fim.

Deprimente.


Adivinhem, queridos?

Não é.


Você pode estourar sua cabeça, se atirar de uma ponte, ou se afogar na privada imunda do seu apartamento, se preferir.

Mas eu estarei lá, e te levarei em meus braços – ou não.

E você vai se arrepender.


Um conselho de amiga:

Não faça isso.


Quer saber por quê?

Experimente. Aposto que tem uma faca aí do lado.


Mas não diga que fui eu que sugeri.


No entanto, havia uma coisa que não estava na ficha de Jason Walbrick.

Não, não.

A única coisa que deveria estar, porque meu verme rastejante queria que estivesse.


Jason podia ser insuportável.

E era.


Jason podia ser indisciplinado.

E era.


Jason podia ser um filho da mãe asqueroso com mania de perseguição que tinha cometido vários erros.

E, definitivamente, era.


Mas Jason nunca havia deixado de levar uma alma.


Nunca.


E aquela não seria a primeira vez.



O homem que me chamava de anjo [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora