Lucy POV
O carro desacelerou diante dos portões altos da escola. Um letreiro metálico refletia a luz do sol entre as folhas das árvores: Centro de Desenvolvimento para Jovens com Talentos Especiais.
Descemos do carro quase ao mesmo tempo. Ava ajeitou a jaqueta, Bob esticou as pernas. Yelena ficou em silêncio, olhos varrendo o entorno como se procurasse rachaduras no concreto, sempre ao meu lado.
A entrada principal parecia recém-reformada. O vidro nas portas era novo, sem marcas, e as paredes claras exibiam pinturas coloridas de crianças voando, lançando raios ou com plantas brotando das mãos. Tinha um esforço visível em parecer um lugar leve, depois daquele ataque, eles mereciam um lugar tranquilo. Coitados, são só crianças, não deveriam estar passando por isso... É culpa minha no final das contas. Algo da minha vida que recaiu na vida de todo mundo como as coisas que a maré traz...
Gostaria de me desculpar pessoalmente com cada um deles... Os presentes do leilão, vou doar alguma parte do meu salário para a instituição, ajudar a pagar reforma, pelo menos...
Uma recepcionista nos esperava. Jovem, educada, com um sorriso meio nervoso, parecia ainda estar se acostumando a nos ver pessoalmente e não na televisão.
Nos guiou pelo saguão até um corredor longo com piso de borracha cinza e cheiro de tinta fresca misturado ao desinfetante industrial.
-Ainda estão reformando algumas alas, depois de tudo... A coordenação decidku trazer um ar mais alegre. -Ela explicou, apontando para o fim do corredor, onde andares superiores estavam em obras. -Mas a ala de convivência já está pronta. É onde Matvey está nos esperando.
As paredes ao longo do caminho eram decoradas com desenhos das crianças, alguns bem infantis, outros detalhados. Um mostrava um garoto com chamas no lugar dos braços. Outro, uma menina cercada por olhos flutuantes. Todos assinados. Todos com data. Todos reais. Me tirou um sorriso sincero.
-Quantos alunos têm aqui? -Perguntei, só para afastar a tensão dos meus ombros.
-Cerca de cinquenta matriculados, mas só vinte e sete internos. Os demais vêm só para as atividades. -Ela abriu uma porta dupla acolchoada, revelando um espaço amplo, com janelas grandes, tatames, e almofadas jogadas em cantos. -Ele está ali.
Matvey estava sentado perto da parede do fundo, abraçado aos próprios joelhos, mexendo no zíper da blusa de moletom repetidamente. Quando nos viu, se levantou rápido. Tentou esconder o alívio no rosto, mas eu vi. Todos vimos.
Ava foi a primeira a sorrir. Bob acenou. Yelena só observava.
Caminhei até ele com calma. A mesma calma que usei para não desmaiar durante o treino. A mesma calma que eu segurava para não demonstrar que tudo ainda doía.
-Oi. -Ele sorriu. Um sorriso pequeno, verdadeiro.
-Oi. -Sorri de volta. O garoto parecia nervoso. -Ta tudo bem?
-Ta sim... Bom... Hm, não, na verdare, não mesmo... Eu ando tendo uns pesadelos muito, muito estranhos ultimamente. -Sentou de novo, contra o canto acolchoado da parede.
-Estranho como? -Sentei ao lado dele.
-São vívidos... Eu estou dentro de um caixão de ferro, tudo no meu corpo dói. Acordo com uma sensação ruim, uma coceira no cérebro.
-É mesmo estranho, mas pode ser só sua imaginação. Você passou por um trauma enorme, é normal estar afetado com isso.
-Não é imaginação, Lucy. Também não acho que seja só um sonho... É real, como uma memória. -Eu sabia exatamente do que ele estava falando. Conhad deixava uma marca, mesmo que sem querer, as memórias dele se misturavam com aquelas na mente da pessoa que ele invadiu. Eu lembrava de algumas coisas da vida dele, um quarto branco, treinamentos. Ele havia me contado uma vez, quando estava fora de si, algo sobre um experimento do qual participou, será que era com isso que Matvey estava sonhando?
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Avengers: New Blood
FanfictionOs novos vingadores (Thunderbolts) são um grupo de heróis desajeitados, a mais nova adição ao time é Lucille, uma garota com habilidades psíquicas. Com a junção dos multi-versos, privatização da Shield e a volta de um antigo inimigo desconhecido, se...
