Prologo

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É tão estranho voltar aqui depois de 10 anos longe dessa fazenda. Vivi pouco tempo aqui, pois sempre fui mais urbano do que rural. Por mas que minha família, seja toda de agropecuaristas, eu nunca tive esse desejo pela roça e o que ela tem a oferecer. E depois que aconteceu aquele incidente aqui, eu resolvi que nunca mais pisaria nessas terras. Mas a vida é cheia de altos e baixos, e ela te surpreende de diversas formas.

Lembro como se fosse ontem, eu tinha ouvido meu pai falar com meu avô que tinha me comprado uma égua de presente de aniversario. E eu como muito curioso eu sou, fui correndo para o pasto atrás do meu presente. Eu sempre gostei de animais, e ganhar uma égua, era um presentão.

Mas meu presente não estava no pasto, pra falar a verdade ainda nem tinha chegado. Porém para minha surpresa tinha uma vaca, recém-parida e como todos nós sabemos, essas são as piores. E eu estava lá no meio do pasto, não tinha pra onde correr. Provavelmente seria meu fim, podia não morrer, mas ficaria bem ferido. Ela e aqueles chifres enormes começaram a vir em minha direção. Eu não podia fazer nada, estava aterrorizado de medo e paralisado, olhando pra ela. Quando do nada ouço um grito.

- Segura minha mão.

Então eu vi esse garoto vindo em minha direção montado em um cavalo. Não tive muito tempo pra pensar, só agarrei sua mão e ele me puxou pra cima, para montar no cavalo com ele. Eu agradecia mentalmente a Deus por alguém tem me salvado dali.

- Você é muito estupido. - Falou o garoto, colocando fim ao silencio.

- Como? - Eu ainda não estava sintonizado com o mundo a minha volta.

- O que você estava fazendo no meio do pasto. Sem nenhum adulto por perto?

- E quem é você pra me perguntar isso, pelo que vejo tem a mesma idade que eu. - Respondi de forma grosseira.

- Bem, você pode começar me agradecendo por ter salvado sua vida. - Podia ter certeza que ele estava com um sorrisinho metido nos lábios.

- Então, obrigado seja você quem for. Pode me deixar ali na porteira. Não vou morrer daqui até ali na sede.

- Bem de nada. E eu tenho 15 anos garotinho. - Respondeu o menino arrogante que tinha salvado minha vida.

- E eu tenho 12, viu. Não sou um garotinho. - Mas a verdade que eu era sim, baixinho e magrelo, meio franzino e delicado para a vida na fazenda.

- Que seja já vou indo. - Disse dando a volta com o cavalo e indo na direção que estávamos.

É engraçado lembrar-se disso, faz 10 anos desde que tudo aconteceu. E eu ao menos nem sei o nome do meu salvador. Logo depois do incidente, mamãe e eu nos mudamos pra São Paulo e desde então eu não piso o pé na fazenda. E por ordem do meu querido papai aqui estou, de volta, em Guiratinga, Mato Grosso. Mas precisamente uma cidadezinha ao sudeste do estado com 15 mil habitantes. E onde se localiza a fazenda da família. Fazenda Dois Corações.

Laços do CoraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora