Mas ele não sabe se consegue.
— Você acha que seria fácil para mim? — pergunto, amarga.
Maegor solta um riso curto, debochado.
— Não estou dizendo que seria. Mas você está escolhendo essa vida. Está escolhendo ele.
— E o que mais eu deveria fazer? — minha voz se eleva, um nó se formando na minha garganta.
— Você não entende.
— Então me faça entender.
Ele passa a mão pelos cabelos.
— Se eu ficar perto de você, se eu visse você se casar com ele... eu enlouqueceria.
Engulo em seco.
— E acha que te ver partir não vai me enlouquecer também?
Maegor desvia o olhar, sua expressão se fechando.
Eu sinto minha respiração vacilar, e quando falo novamente, minha voz é apenas um sussurro.
— Fica. Por favor.
Ele fecha os olhos, e por um segundo acho que ele vai ceder. Que ele vai dizer sim.
— Você ama Aenys e ele é a pessoa certa para você.
Minha garganta aperta.
— Eu...
— Você não me ama. Por mim, tudo que sente é atração — ele continua, sem me deixar falar. — Uma conexão caótica, porque sua parte mais sombria é parecida demais com a minha. E isso te atrai, assim como atrai a mim.
Minha boca se abre, mas nenhuma palavra sai.
Isso não é verdade. Eu sei que não é verdade.
Mas eu não digo nada.
Porque se Maegor me amasse, ele diria, não diria?
Ele me olharia nos olhos e diria que eu estava errada, que não era apenas atração.
Mas ele não diz nada.
Ele apenas me olha. E nesse olhar, eu entendo tudo.
Seus olhos dizem que ele sente, que ele me deseja, que parte dele queria que fosse diferente.
Mas não dizem que ele me ama.
Então eu também não digo. Porque admitir seria me despir por completo, seria abrir um caminho para ele me ferir. E porque, no fundo, eu queria que ele lutasse.
Que ficasse.
Que dissesse que eu não precisava escolher entre ele e Aenys, que encontraria uma maneira de fazer tudo funcionar, que ficaria ao nosso lado e faria o mundo se dobrar à nossa vontade.
Mas Maegor não diz nada disso.
O silêncio entre nós se arrasta, pesado. Minha mente grita para que eu diga algo, qualquer coisa, mas as palavras morrem na minha garganta. Então, quando finalmente falo, minha voz sai como um sussurro.
— Espero que não demore para voltar. Aenys vai sentir muita falta de você.
Maegor me observa por um momento, como se avaliasse se vale a pena responder.
— Não vou.
Assinto devagar, sem desviar o olhar. A resposta deveria me confortar, mas tudo o que faz é aumentar essa sensação de que estamos nos despedindo.
Outro silêncio se instala. Mas desta vez, ele sorri. Um sorriso torto, provocativo.
— Então... a noite ainda não acabou.
Meu coração acelera.
Me ergo, aproximando dele, meu rosto a centímetros do seu.
— É... ainda não acabou.
Seus olhos brilham com algo sombrio e intenso antes de se desviarem por um instante para o lado.
— Que tal um banho de banheira? — ele sugere, enquanto lança um olhar para a banheira ao lado.
Mordo o lábio, avaliando sua proposta e sem mais hesitar, o puxo para um beijo.
Se é só isso que podemos ter, então que seja.
E se Maegor acredita que tudo o que há entre nós é apenas atração, então que seja só isso.
Vai ser só por uma noite.
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A cama está vazia.
Abro os olhos devagar, sentindo o espaço ao meu lado frio, como se ele tivesse partido há horas. Viro-me, tocando os lençóis onde Maegor estava, e suspiro.
Ele foi embora.
Sento-me lentamente, puxando um robe para cobrir meu corpo. O quarto ainda está mergulhado na penumbra da manhã nascente, e a lembrança da noite passada me atinge como uma onda quente.
Lembro do jeito que ele me segurou, do toque bruto e ao mesmo tempo reverente. Do modo como seu corpo se encaixava no meu, como se estivéssemos destinados a essa colisão inevitável. Lembro da forma como ele dormiu ao meu lado, seu braço pesado sobre minha cintura, sua respiração quente contra minha nuca.
E agora ele se foi.
Levanto-me, tentando afastar as lembranças enquanto caminho até a porta.
Digo a uma das aias que aguardam do lado de fora que preciso de um banho. Elas assentem, movendo-se rapidamente para preparar a banheira. Enquanto despejam a água quente, uma delas se aproxima com um pergaminho nas mãos.
— Princesa, chegou uma mensagem urgente.
Franzo o cenho, pegando o pergaminho. O selo de Aenys está ali, intacto. Meus dedos deslizam pelo lacre antes de abri-lo.
Meus olhos percorrem as palavras escritas com pressa.
❝ 𝒮𝒽𝒶𝑒, 𝓅𝑒ç𝑜 𝓅𝑒𝓇𝒹ã𝑜 𝓅𝑜𝓇 𝓃ã𝑜 𝒾𝓇 𝒶𝓉é 𝓋𝑜𝒸ê, 𝓂𝒶𝓈 𝓅𝓇𝑒𝒸𝒾𝓈𝑜 𝓆𝓊𝑒 𝓋𝑒𝓃𝒽𝒶 𝓅𝒶𝓇𝒶 𝒫𝑜𝓇𝓉𝑜 𝑅𝑒𝒶𝓁 𝒾𝓂𝑒𝒹𝒾𝒶𝓉𝒶𝓂𝑒𝓃𝓉𝑒. 𝒮𝑜𝓁𝒾𝒸𝒾𝓉𝑒𝒾 𝓊𝓂𝒶 𝓇𝑒𝓊𝓃𝒾ã𝑜 𝓊𝓇𝑔𝑒𝓃𝓉𝑒 𝒹𝑜 𝒞𝑜𝓃𝓈𝑒𝓁𝒽𝑜 𝑒 𝓅𝓇𝑒𝒸𝒾𝓈𝑜 𝓆𝓊𝑒 𝓋𝑒𝓃𝒽𝒶 𝓇á𝓅𝒾𝒹𝑜. ❞
Meu coração aperta.
Algo aconteceu. Fecho o pergaminho devagar, sentindo um frio estranho na espinha.
Maegor pode ter ido embora... mas o mundo continua girando.
E seja lá o que tenha acontecido, eu preciso estar pronta.
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𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨
Fanfiction━━━ ❝ Primogênita do grande Aegon, o Conquistador, Shaena Targaryen sempre acreditou que seu destino era governar os Sete Reinos, seguindo o legado de seu pai. Contudo, em um mundo onde homens não aceitam ordens de uma mulher, seu sonho de herdar o...
━ xix. ♕
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