𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨

━ xiv. ♕

Porque sei bem que, neste mundo, uma mulher não nasce para ter escolhas — apenas para suportar as consequências de não as ter.

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Uma grande tempestade ruge lá fora, os trovões tão altos que parecem fazer o castelo inteiro tremer. Eu estou deitada na cama, encarando o teto, enquanto pensamentos sombrios dançavam em minha mente.

Em noites como essa, eu sempre buscava Aenys. Ele me fazia rir, ou apenas ficava em silêncio, mas sua presença era o bastante para me confortar.

Agora, tudo parece diferente.

Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta secreta. Não esperava ninguém. Não ali. Sentei-me rapidamente, meu coração acelerando. Apenas três pessoas que sabem sobre esse lugar. E eu não esperava nenhuma delas hoje.

Abro a porta lentamente e hesitante. Aenys está parado do outro lado, encharcado, os cabelos grudados no rosto, as roupas marcadas pela água. Ele parece ao mesmo tempo bravo e perdido.

— Aenys? O que você...

— Então... vai se casar com Robert? — ele pergunta.

Franzo o cenho, confusa.

— O quê?

— Vai se casar com ele? — ele repete, com a voz mais baixa.

Sinto o cheiro de vinho e então percebo que isso é o motivo de ele estar aqui. Aenys raramente bebe.

— Se eu vou me casar ou não, não diz respeito a você — rebato, cruzando os braços.

Ele ri, mas uma risada amarga que me faz estremecer.

— Por que está aqui? — pergunto.

Ele não responde e minha inquietação cresce. Não consigo ficar parada. Ando até a varanda antes que eu perceba, buscando o consolo de um pouco de ar fresco. Mas sou atingida pelo frio cortante da tempestade.

O ar gelado não ajuda, mas também não volto para dentro. Preciso de um momento para respirar, para pensar.

— Você o ama?

Sua voz me alcança antes mesmo de sentir sua presença. Aenys para a poucos passos de mim.

Ele pergunta, e sei que ele já sabe a resposta. Mas é sério que ele precisa ouvir de mim? Precisa que eu diga em voz alta?

— Diga — Aenys fala. — Apenas diga que ele te faz feliz. Que Robert te faz feliz.

— Estou feliz, Aenys — minto. O que era mais uma mentira no meio de tantas outras? Nunca tinha mentido com facilidade, mas estava aprendendo. — e tenho certeza de que posso... de que posso amar ele um dia.

Minha garganta aperta ao dizer isso. Mas não vou dizer a verdade a Aenys. Não quando ele está parado na minha frente, com os olhos cheios de lágrimas, parecendo mais arrependido do que nunca.

E definitivamente não quando meu braço ainda está roxo e lateja de dor por causa de Robert. Aperto os dedos contra o tecido do vestido, escondendo o tremor na mão. Aenys nunca pode saber sobre isso. Nunca.

— Eu nunca deveria ter tocado em você — Aenys fala, se aproximando de mim. — Nunca achei que o que a gente tinha pudesse se quebrar com tanta facilidade.

— Não deveria está quebrado — sussurro. — Mas foi suas escolha, não foi? Você decidiu que não queria isso comigo. E agora... estamos aqui, sem saber como consertar.