Capítulo 09

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Han ZhenYi 

Através da varanda consigo ver o homem que tem me causado tantas emoções, emoções essas que são totalmente novas e desconhecidas para mim.

Sentado no chão, Leonardo acariciava o dedo onde o seu anel ficava, através das lentes era possível enxergar a dor imersa nos seus lindos olhos.

O meu olhar permaneceu fixo em Leonardo, cada movimento seu era como uma resposta silenciosa a perguntas que eu não sabia como fazer. 

Ele parecia tão frágil, como um pássaro ferido, mas ao mesmo tempo havia uma força em sua postura, algo que resistia à dor que claramente o consumia.

Ele continuava acariciando o dedo vazio, onde um anel de compromisso já repousara.

Aquele pequeno gesto falava mais do que qualquer palavra que ele poderia dizer. Leonardo estava tentando apagar a memória de algo — ou de alguém.

Eu deveria ignorar isso. Minha posição, minha responsabilidade como imperador, exigiam desapego e foco em questões maiores. 

Mas desde o momento em que coloquei os olhos nele, algo mudou dentro de mim. Era como se ele fosse um quebra-cabeça que eu estava desesperado para resolver, mesmo sabendo que não deveria.


A minha mente voltava constantemente à noite anterior, aos momentos que compartilhei com ele. Leonardo poderia abominar a minha presença porém vê-lo machucado causava em mim um sentimento estranho.


Não era apenas o desejo que me ligava a ele — embora isso fosse inegável. Era algo mais profundo, uma conexão que eu ainda não compreendia.


— Leonardo — murmurei seu nome, quase como um teste para mim mesmo, para ver como soava em meus lábios. Ele não ouviu, claro. 

Estava perdido em seus próprios pensamentos, em sua própria dor.

Quase sem pensar, dei um passo em direção a ele, atravessando o limite da varanda e entrando no quarto.

Ele não percebeu minha presença imediatamente, tão absorto estava em seus pensamentos.

Quando finalmente levantou o olhar, notei o lampejo de surpresa em seus olhos antes de ser substituído por algo mais defensivo.

— Está me seguindo agora? — ele perguntou, tentando soar firme, mas sua voz carregava uma vulnerabilidade que ele não conseguia esconder completamente.

— Eu vi você daqui — respondi, minha voz calma, mas firme. 

— Parecia... perdido — digo após uma breve pausa. Eu tentava fazer o uso das minhas palavras sem que desse a entender a diferença social entre nós.

— Não estou perdido — ele retrucou rapidamente, erguendo o queixo como se desafiasse minha leitura. 

— Só estava pensando — continuou abraçando os joelhos.

— Sobre quem ou o que quebrou seu coração? — apergunta escapou antes que eu pudesse me conter, direta e implacável, como tudo o que faço. 

Ele piscou, surpreso, e por um momento pensei que ele iria se fechar completamente.

— Isso não é da sua conta, general — respondeu finalmente, seu tom cortante, mas seus olhos o traíam. Lá estava a dor novamente, tão crua que quase me fez desviar o olhar.

— Talvez não seja — concordei, aproximando-me um pouco mais. 

— Mas está claro que isso ainda o prende. E enquanto você se segurar a esse peso, será difícil enxergar qualquer outra coisa à sua frente — ele me encarou, e naquele momento percebi que Leonardo não era como os outros. 

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