𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨

━ xi. ♕

— Mas é claro, senhora Monica — murmuro, forçando um sorriso.

Monica nos observa com uma expressão satisfeita, como se já tivesse imaginado tudo. Volta a nos abraçar, começando por mim, depois Aenys, que responde com a mesma gentileza de antes, e, por último, Maegor.

— Você precisa sorrir mais, garoto. Está ficando muito parecido com sua mãe.

O rosto de Maegor se fecha ainda mais, a mandíbula tensionada e os olhos estreitando. Tenho vontade de rir da feição dele, mas mantenho a compostura. Antes que ele consiga responder algo ríspido, Aenys se coloca entre os dois, sorrindo suavemente.

— Sabe que nosso irmão é mais... fechado — ele diz, tentando dissipar o assunto. — Nos vemos em breve, querida tia.

Ela assente com um sorriso e sai. Assim que ela se vai, suspiro profundamente, sentindo uma tensão estranha se dissipar e outra se instalar em seu lugar.

— Precisava ser tão sufocante? — comenta Maegor, ajeitando o colarinho como se ainda sentisse o aperto do abraço.

— Ela sempre foi intrometida... — digo, sorrindo de lado, enquanto observo o jeito rígido dele.

— Você precisa sorrir mais, Maegor — repete Aenys, imitando o tom que ela usou.

Maegor faz uma careta.

— Pare com isso! Não sou mais uma criança! — retruca ele, lançando um olhar irritado para Aenys.

— Não mesmo... Mas continua tão infantil quanto uma — digo, com um sorriso provocador.

As palavras saem antes que eu consiga pensar. Me sinto incrédula por ter entrado na brincadeira deles. Mas, estranhamente, não pude evitar. Aenys ri. Não consigo evitar e rio com eles. É estranho, uma sensação que quase me desarma. Acho que a última vez que isso aconteceu foi há anos... Por um momento, parece que somos apenas nós três novamente. Como costumava ser antes de tudo mudar.

Eu deveria ir embora, mas antes que consiga fazer algo, sinto um toque leve em meu ombro.

Viro-me para encontrar um lorde parado ali.

— Altezas! — diz ele, com uma reverência para nós três antes de se voltar diretamente para mim. — Princesa.

Ele se inclina com elegância e beija minha mão, seus olhos fixos nos meus por um breve momento.

— Milorde... — respondo, tentando lembrar onde já o vi antes. Algo em sua presença é muito familiar.

— Não se lembra de mim? — ele pergunta, inclinando levemente a cabeça, com uma expressão de falsa chateação.

Olho para suas características. Ele tem cabelos castanhos e olhos meio acinzentados. Alto, robusto e bem bonito. E é então que noto o colar em seu pescoço; um pingente em forma de lobo prateado.

— Alec? — murmuro, quase tropeçando em minhas palavras.

Antes que ele possa responder, dou um passo à frente e o abraço. Ele ri, um som profundo e muito familiar, e me gira no ar como fazíamos anos atrás, quando éramos apenas crianças brincando em Winterfell.

Alec Stark era um dos meus melhores amigos na infância. Visitamos o norte algumas vezes e, passei um bom tempo como hóspede deles. Nos tornamos muito amigos. Até que quando tínhamos doze anos, eu o beijei. Tinha curiosidade sobre como era um beijo, e ele... ele retribuiu. Foi o meu primeiro beijo e, confesso, a primeira paixão de infância que eu tive. Mas, quando ele se tornou o Senhor de Winterfell, passamos a não nos ver com tanta frequência e não o vejo há alguns anos.

— Faz tanto tempo! — exclamo quando ele me coloca de volta no chão, ainda segurando meus ombros.

— Achei que não fosse lembrar de mim.

— Eu não... Você está tão diferente — digo, observando-o com mais atenção e notando as mudanças marcantes em sua aparência. As recordações que eu tinha eram de um menino magro, mais baixo que eu, com cabelos curtos. Não desse homem que estava na minha frente.

Ouço Maegor pigarrear. Por um momento esqueci que eu estava com ele e Aenys.

— Esse é Alec... Alexander Stark. Senhor de Winterfell — digo, me virando para eles, depois para Alec. — Alec, esses são meus irmãos, Aenys e Maegor.

Alec se vira para os dois, observando-os com uma curiosidade tranquila.

— Um prazer, milorde — Aenys declara, estendendo a mão para Alec apertar. Seu tom é educado, como sempre, mas eu o conheço bem demais para não perceber o leve desconforto que ele esconde. — Shaena já me falou muito sobre você e sua família.

— A honra é minha, meu príncipe. Shaena sempre falou muito de você também.

Maegor, por outro lado, parece mais contido. Ele apenas faz um breve aceno de cabeça.

— Lorde Stark — Maegor diz, com uma leve distorção em seu tom.

— Príncipe Maegor.

O silêncio que se segue entre eles é quase palpável, mas Alec parece decidido a quebrá-lo. Ele se vira novamente para mim.

— Me concede a honra desta dança? — pergunta, estendendo a mão para mim. — Ou o Senhor de Winterfell precisará insistir?

— É claro que não precisa, vamos.

Seguro sua mão e deixo que ele me guie para o centro do salão. Ao passar por Aenys e Maegor, percebo o olhar rápido que eles trocam, mas não me deixo deter.

— Achei que fosse inventar uma desculpa para recusar — comenta Alec enquanto começamos a dançar.

— Eu teria, se fosse outro lorde — respondo com um sorriso. — Mas para você, acho que posso abrir uma exceção.

Alec sorri, e agora eu me lembro exatamente daquele sorriso.

— Muita coisa mudou desde nosso tempo no Norte, não é mesmo? — ele me gira.

— Sim, de fato. Você se tornou o Senhor de Winterfell, e eu a herdeira do Trono de Ferro — respondo.

— E você está realmente empenhada nisso, não é?

— Sim. Apesar de ser uma loucura... E você, o que o trouxe até aqui? — pergunto, curiosa sobre a presença dele.

Ele inclina a cabeça ligeiramente.

— Alguns problemas em Winterfell para resolver com o Rei — ele diz, descontraído.

— Entendi... Foi muito bom te ver. Quero um pouco do seu tempo, porque precisamos conversar — digo. Realmente tinha saudades das nossas conversas.

Enquanto ele responde com um sorriso, meu olhar se perde por um momento. Uma sensação estranha me invade, como se tudo ao meu redor estivesse se tornando mais distante. A vida que eu conhecia, com suas promessas e incertezas, está prestes a mudar de uma forma que eu não estava preparada para enfrentar. Eu já não posso mais voltar atrás. O futuro chegou, e com ele, o peso das escolhas que ainda nem sei como fazer.