Ele assente com um sorriso, parecendo satisfeito. Nunca pensei que um simples gesto de cavalheirismo pudesse despertar algo em mim, mas, de algum modo, ele conseguiu. Sigo com o olhar fixo nele enquanto ele se afasta, sentindo uma mistura de curiosidade e incerteza. Pela primeira vez em muito tempo, alguém parece ter despertado o mínimo de interesse em mim.

E isso me deixa apavorada.

゚・✻・゚・✻・゚゚・✻・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚

Saí para respirar um pouco de ar fresco. O som distante da festa se infiltra em meu ouvido. Eu estava indo em direção a mesa real quando escuto vozes familiares ecoando do outro lado. Me aproximo devagar, sem ser notada.

— ... Achei que ficaria sem falar comigo por mais tempo, irmão — ouço Maegor dizer.

— Não vou te pedir desculpas, mas... — começa Aenys, com a voz mais baixa.

Antes que pudesse ouvir mais, um lorde distraído passa por mim e me para, puxando uma breve saudação forçada. Respondo automaticamente, minha mente ainda fixada no que os dois estavam dizendo. Assim que ele se afastou, volto minha atenção para os dois.

— ... Fui até Vila Velha, conheci a família Hightower. Me apresentei para Ceryse... — a voz dele está carregada de tédio, como se narrasse algo que preferia não ter feito.

— Presumo que algo deu errado — responde Aenys, com um toque de ironia.

— Ela é bonita, mas extremamente religiosa. Só falava nos Sete...

Sem pensar muito, saio de onde estava. Passo por eles, fingindo não ter ouvido nada, mas sinto o olhar de Maegor sobre mim. Ele observa meu vestido e faz uma careta teatral, como se tivesse acabado de ver algo deplorável.

Sorrio ironicamente para ele, inclinando levemente a cabeça em provocação. Não trocamos palavras desde o dia da Baixada, mas o sarcasmo dele não havia mudado.

— Os filhos do Conquistador juntos. Que visão rara! — declara uma voz familiar.

Ergo os olhos e vejo a senhora Monica Velaryon se aproximando. A avó de Alyssa - e nossa tia-avó - participou da criação dos meus pais e era uma mulher que conhecia cada um de nós desde a infância e fazia questão de nos lembrar disso sempre que podia.

Aenys sorriu educadamente para ela, enquanto Maegor ergueu sua taça com uma expressão de tédio contido.

— Venha cá, querida. Deixe-me olhar para você — ela abre os braços e me envolve em um abraço firme, me apertando como se eu fosse uma criança.

Depois, ela vira para Aenys, abraçando-o com igual intensidade, embora ele retribuísse com mais gentileza e menos hesitação. Por fim, senhora Monica se dirige a Maegor, que não teve escolha senão aceitar — à sua maneira, imóvel e com os braços mal se movendo — o abraço dela.

— Está tão bela quanto sua mãe — diz ela, voltando-se para mim e tocando levemente minha bochecha. — Assim será fácil de arranjar um marido.

Agradeço com um sorriso, mas não respondo nada.

— E então, quando vocês aparecerão em Derivamarca? — pergunta ela, olhando de um para o outro. — Tirando Aenys, já faz tanto tempo que não os vejo por lá.

— Eu adoraria, mas minhas responsabilidades na corte me mantêm ocupada — respondo, com um tom de leve desculpa.

— Pois bem, em breve seremos todos uma só família. Assim que Aenys se casar com Alyssa, seremos todos uma família.

Engulo em seco, o peso das palavras dela afundando em mim.

Então, essa será minha realidade a partir de agora. Preciso me acostumar com isso. Aenys se casará com Alyssa. Maegor com Ceryse. E eu com outro.

𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨Where stories live. Discover now